terça-feira, 18 de abril de 2023

O controle do futebol pelo capital financeiro

No dia 04 de abril fizemos uma postagem sobre o livro “O valor da informação: de como o capital se apropria do trabalho social na era da internet” (Leia o texto AQUI).

Daremos continuidade ao assunto abordando a parte inicial do capítulo que fundamenta a reflexão sobre o controle do futebol pelo capital financeiro. Aos poucos, continuaremos com a reflexão, abordando os outros itens que compõem o capítulo (1- a sociedade espetacular; 2- novos regimes de apropriação capitalista; 3- relações sinérgicas entre futebol e mídia; 4- o lugar da TV “murada”; 5- economia política do futebol espetáculo; e 6- considerações finais), de forma que, ao final, tenhamos apresentado a ideia geral do raciocínio da autora sobre o tema.




O capítulo inicia com um importante dado que demonstra a força do futebol: “de acordo com a pesquisa realizada pela empresa GlobalWebIndex, 3,4 bilhões de pessoas assistiram a pelo menos um jogo durante a Copa do Mundo de futebol realizada na Rússia em 2018”. Ou seja, “(...) quase metade da população mundial deixou de lado sua rotina diária e dedicou no mínimo 90 minutos de seu tempo à contemplação do maior espetáculo mediático global. (...) Não apenas duas grandes equipes de futebol estavam se enfrentando como importantes marcas disputavam a atenção de torcedores (...). O espetáculo de 2018 rendeu à FIFA cerca de 4,5 bilhões de libras, mais de 20 bilhões de reais na cotação de 2018. Quatro anos antes, no Brasil, (...) acontecera a final mais vista na história da Copa do Mundo entre Alemanha e Argentina, (...) 1,1 bilhão de telespectadores”. (p. 213).

A autora segue fazendo uma rápida abordagem histórica sobre o futebol e observa que “(...) a mercantilização e a transformação do futebol em espetáculo e motor capitalista ocorreriam na segunda metade do século XX, especialmente guiadas pela FIFA. Jules Rimet, (...) presidente da instituição, foi o responsável pela criação da Copa do Mundo, ao negociar com as equipes nacionais a criação de um novo campeonato mundial para além dos Jogos Olímpicos. (...) Sob a presidência do brasileiro João Havelange (1916-2016), a partir da década de 1970, há um novo patamar social, para além de uma competição desportiva. Havelange seria responsável pela reorganização da FIFA, que assumiria posteriormente sua faceta empresarial, tendo por principal ativo o futebol espetáculo”. (p. 214).

Continua então a autora “(...) O futebol passou a ocupar lugar de destaque nas indústrias culturais, tornando-se vedete da indústria do entretenimento. E não demoraria a atrair o interesse de grandes grupos empresariais e do capital financeiro que controla as maiores corporações mediáticas globais”. (p. 214)

E segue afirmando que “produzir escassez artificial do produto cultural por meio da propriedade sobre os direitos de transmissão e construir “jardins murados” serão as principais estratégias utilizadas pelas corporações mediáticas para se apropriar do valor adicionado ao espetáculo” gerando “polpudas rendas para o mercado financeiro por meio dos altos preços cobrados pela transmissão dos campeonatos e veiculação publicitária e, por outro, para dar suporte à economia real com os produtos e os serviços que ajuda a promover e vender” (p. 214). Portanto “(...). De um lado, as organizações esportivas realizam a valorização do capital pela venda de direitos de transmissão e patrocínios. De outro, as empresas mediáticas capitaliza em cima da publicidade e das assinaturas dos canais. O processo de reprodução do capital evidenciado por Marx na fórmula D-M-P-(delta)M- (delta)D Adquiriu uma nova roupagem baseada no trabalho vivo de artistas e na distribuição imagética espetacular”. (p. 215).

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