A ação subversiva das mulheres impulsionou a inclusão
das modalidades femininas nos jogos olímpicos e claro, seu potencial lucrativo.
Como
já falamos no texto anterior, o pensamento dominante no período em que marca o inicio dos jogos olímpicos modernos era totalmente patriarcal. O próprio Pierre
de Colbertin possuía esta visão política, e
baseou sua “manifestação periódica solene de esporte masculino” nos moldes gregos antigos. Ele possuía apoio do Papa
Pio XI e já teria afirmado que: “Olimpíada
feminina seria impraticável, desinteressante, antiestética e incorreta”.
Para as mulheres, cabia tarefas domésticas e a procriação. Foi fundamental a atitude de mulheres como Alice Melliat, subvertendo a ordem, criando competições
femininas, como também foi fundamental o enfrentamento de Stamata Revithi no questionamento do papel social das mulheres.
Aos
30 anos de idade, Stamata saiu de Pireu para tentar ventos melhores em Atenas, na Grécia.
Sem marido, com um filho pequeno e com o sofrimento pela perda de outro filho.
Ao chegar em Atenas, logo se juntou ao grupo de maratonistas por conta da
observação que um jovem lhe fez a respeito de sua resistência física. Presa a
esta ideia, prometeu que, mesmo com a proibição imposta sobre a participação de
mulheres, estava em pé de igualdade com os competidores masculinos e com ou sem
a autorização da comissão, seguiria em frente.
Stamata fez, um dia após a realização da maratona de
1896, o mesmo percurso do evento olímpico de Colbertin, sendo que, concluiu os
42 quilômetros dando a última volta por fora do estádio, pois não possuía autorização
para entrar. O esforço de proibir a participação feminina não foi o suficiente.
A grega ainda concluiu o percurso com a diferença de 2 horas do vencedor,
ficando assim na frente de vários competidores homens.
Não se tem registros de sua vida pós o ocorrido. Há de se
compreender que, diante da conjuntura, não seria interessante ao patriarcado
dar relevância ao fato ou que uma mulher com tal comportamento ganhasse um
lugar de destaque nos jornais. Basta ver na história do nosso país como foi o
tratamento dado
a mulheres subversivas à ditadura civil/militar: Quando não torturadas, mortas
ou desaparecidas, silenciadas. Assim como toda história da participação das
mulheres na nossa sociedade. A
maratona foi aberta às mulheres apenas nos jogos Olímpicos de 1984.