domingo, 22 de março de 2015

Futebol


Obra do artista César Cerqueira (2005). Pertence ao colega e professor da Universidade Estadual de Feira de Santana, Fábio Nunes e se encontra na secretaria do Pavilhão de Educação Física da mesma universidade.

Modernização do futebol

Brizola tinha uma maneira muito peculiar de tomar uma posição sobre determinados fatos. Dizia ele, ironicamente, que se a rede globo era a favor de um determinado tema, ele se posicionava de maneira contrária. Se era contra, ele então imediatamente era favorável.

Lembrei disso quase que imediatamente quando ouvi o presidente do Clube de Regatas do Flamengo se posicionar favoravelmente a Medida Provisória (MP) de modernização do futebol, apresentada pelo governo federal na última quinta-feira, 19 de março.

Desculpem-me os flamenguistas. Mas esse clube de futebol, entre muitos, foi o que mais se beneficiou, historicamente, da lógica cartorial, feudal, e monopólica que o futebol assumiu ao longo do tempo no Brasil.

Nada mais natural que duvidar da proposta e dos objetivos presentes na MP. Se o presidente do flamengo é a favor, eu sou contra, pensei, lembrando-me do Brizola.

Óbvio que esse raciocínio não é nada científico. Chega a ser maniqueísta. Mas considero um bom ponto de partida para pensar "a la contra" as emanações do governo federal. Ainda mais no contexto atual em que o mesmo se encontra.

Na proposta, que ainda carece de análise mais ampla de minha parte, de imediato aparece a ideia, otimista e ingênua de que o problema do futebol deve-se a gestão.

Aliás esse é o mantra do momento. Todos os problemas, da educação e da saúde, da cultura e da economia, entre outros, devem-se a um problema de gestão.

A solução então é obrigar os clubes a fazerem tudo o que eles nunca fizeram e passarão a fazer agora simplesmente porque uma MP foi enviada para análise do Congresso Nacional, o mesmo que recentemente aprovou o reajuste da verba de gabinete para compra de passagens aéreas dos cônjuges dos deputados e auxílio moradia. Tudo isso em meio ao chamado "ajuste fiscal" que vem promovendo o governo federal.

Talvez ao analisar o fato utilizando-se de categorias que nos ajudam a pensar a formação do estado brasileiro, o seu trânsito para a modernidade, tal como o conceito de "modernização conservadora", "via prussiana" ou "revolução passiva", tenhamos mais elementos concretos para nossas inferências sobre a MP.

Por ora, fiquemos com o alerta brizolista, atualizado para o futebol: Se o presidente do flamengo é a favor, eu sou contra.

quinta-feira, 5 de março de 2015

Sobre mudança do nome do estádio

Há exato um mês não compareço nesse espaço para escrever minhas reflexões. A pausa se justifica pela quantidade de afazeres e não, como poderiam pensar alguns, por falta de temática. No esporte, nesse nosso país, temática relacionado a diversos temas é o que não falta. Sobre esporte, então...


Considero uma muito importante e que não fiz nenhuma menção, mesmo quando ainda comparecia com certa regularidade nesse espaço. Trata-se da mudança do nome do Estádio João Havelange, nome de um réu, acusado entre outras coisas de receber 45 milhões de reais da antiga empresa de marketing esportivo, a ISL, para favorecê-la em contratos televisivos, para o honroso nome de Nilton Santos, exímio lateral-esquerdo do botafogo, bi-campeão mundial pela seleção canarinho (1958/1962), falecido em fevereiro de 2013, aos 88 anos de idade.

Homenagem mais do que merecida e advinda do reconhecimento dos seus admiradores, que através de uma petição on-line, enfrentando a resistência de alguns que se opunham a mudança, conseguiram o intento e marcaram um gol de placa, o estádio agora se chama Estádio Olímpico Nilton Santos.

Celebremos. Pero no mucho. Só para variar, mantendo a tradição de modernizar, conservando elementos da velha ordem, mudou-se a nomenclatura e assim será chamado. Mas, oficialmente, o nome do Estádio continua sendo João Havelange.