Em menos de 20 segundos, o estádio Otávio Mangabeira, mais conhecido como FONTE NOVA, será demolido em definitivo neste domingo (29) e um novo estádio surgirá dos escombros do velho, a Arena Fonte Nova. Esta preservará, da anterior, o seu formato ferradura abrindo-se para o belo Dique do Tororó.
A "Arena", que também sediará shows, congressos e encontros, pois a mesma terá a função multiuso, terá capacidade para mais de 50.000 (cinquenta mil pessoas), assentos cobertos, 70 camarotes com possibilidade de ampliação para 100, restaurante panorâmico e exatos 1.978 vagas para estacionamento. Teremos também sala de imprensa, quiosques (39), elevadores (12), sanitários (81), além do museu do futebol, lojas e um centro de negócios.
Após a construção da nova "Arena", não esperem encontrar por lá nenhuma piscina pública, ginásio com quadra poliesportiva nem, tampouco, uma escola pública. É importante frisar que a agora Velha FONTE NOVA, que também era multiuso, pois tinha funções que transcendiam o futebol, não existe mais. Aliás, desde a última tragédia ocorrida no dia 25 de novembro do ano de 2007, onde parte da arquibancada caiu, derrubando vários torcedores e como consequencia deixando vários feridos e sete mortes.
Antes desse acidente, a Fonte Nova não estava nos planos do governo baiano que concorria, já naquele ano, para o estado da Bahia ser uma das sedes da Copa. O que se tinha como ideia era a construção da chamada Arena da Bahia, que teria capacidade para 40.000(quarenta mil) torcedores. Com o incidente, ou com a chamada tragédia anunciada, pois vários órgãos já apontavam o sucateamento do Otávio Mangabeira, fato inclusive determinante para não se pensar nele como sede da Copa do Mundo de 2014, os planos governamentais modificaram-se e a Fonte Nova passou a ser objeto de peleja: demolir ou reformar?
Nas postagens aqui no nosso blog, reinteradas vezes defendemos a reforma como a melhor ação por parte do governo. Posteriormente, diversas entidades (ABENC – Associação Brasileira ; ANEAC; IAB/BA; CREA-BA, CEB; Fórum A Cidade Também é Nossa; IBAPE; Movimento Vozes de Salvador, SENGE; SINARQ; GAMBÁ; UMP/BA; FABS -Federação das Associações de Bairros de Salvador; FAMEB – Federação das Associações deMoradores do Estado da Bahia; CONAM – Confederação Nacional das Associações deMoradores. GERMEM – Grupo de Defesa e Promoção Socioambiental; Faculdade de Arquitetura da UFBA; Escola Politécnica da UFBA) se uniram e propuseram, dia 11 de maio, alternativas à demolição. Colocamos as mesmas na parte esquerda, abaixo da logomarca da Copa 2014 já naquele momento, com a intenção de publicizar.
Mas os interesses corporativos falaram mais alto. A demolição, apesar dos pesares, ocorrerá. Dos escombros, entre memórias tristes e alegres, entre mortos e feridos, se erguerá uma modernosa Arena. Resta esperar que a mesma seja tudo o que se espera dela, não para os poucos abastardos da sociedade, os turistas daqui e alhures, mas para todo nós que compomos esta pólis, cada vez e sempre mais complexa e contraditória, sociedade do capital.