sábado, 28 de agosto de 2010

Implosão da Fonte Nova

Em menos de 20 segundos, o estádio Otávio Mangabeira, mais conhecido como FONTE NOVA, será demolido em definitivo neste domingo (29) e um novo estádio surgirá dos escombros do velho, a Arena Fonte Nova. Esta preservará, da anterior, o seu formato ferradura abrindo-se para o belo Dique do Tororó.

A "Arena", que também sediará shows, congressos e encontros, pois a mesma terá a função multiuso, terá capacidade para mais de 50.000 (cinquenta mil pessoas), assentos cobertos, 70 camarotes com possibilidade de ampliação para 100, restaurante panorâmico e exatos 1.978 vagas para estacionamento. Teremos também sala de imprensa, quiosques (39), elevadores (12), sanitários (81), além do museu do futebol, lojas e um centro de negócios.

Após a construção da nova "Arena", não esperem encontrar por lá nenhuma piscina pública, ginásio com quadra poliesportiva nem, tampouco, uma escola pública. É importante frisar que a agora Velha FONTE NOVA, que também era multiuso, pois tinha funções que transcendiam o futebol, não existe mais. Aliás, desde a última tragédia ocorrida no dia 25 de novembro do ano de 2007, onde parte da arquibancada caiu, derrubando vários torcedores e como consequencia deixando vários feridos e sete mortes.

Antes desse acidente, a Fonte Nova não estava nos planos do governo baiano que concorria, já naquele ano, para o estado da Bahia ser uma das sedes da Copa. O que se tinha como ideia era a construção da chamada Arena da Bahia, que teria capacidade para 40.000(quarenta mil) torcedores. Com o incidente, ou com a chamada tragédia anunciada, pois vários órgãos já apontavam o sucateamento do Otávio Mangabeira, fato inclusive determinante para não se pensar nele como sede da Copa do Mundo de 2014, os planos governamentais modificaram-se e a Fonte Nova passou a ser objeto de peleja: demolir ou reformar?

Nas postagens aqui no nosso blog, reinteradas vezes defendemos a reforma como a melhor ação por parte do governo. Posteriormente, diversas entidades (ABENC – Associação Brasileira ; ANEAC; IAB/BA; CREA-BA, CEB; Fórum A Cidade Também é Nossa; IBAPE; Movimento Vozes de Salvador, SENGE; SINARQ; GAMBÁ; UMP/BA; FABS -Federação das Associações de Bairros de Salvador; FAMEB – Federação das Associações deMoradores do Estado da Bahia; CONAM – Confederação Nacional das Associações deMoradores. GERMEM – Grupo de Defesa e Promoção Socioambiental; Faculdade de Arquitetura da UFBA; Escola Politécnica da UFBA) se uniram e propuseram, dia 11 de maio, alternativas à demolição. Colocamos as mesmas na parte esquerda, abaixo da logomarca da Copa 2014 já naquele momento, com a intenção de publicizar.

Mas os interesses corporativos falaram mais alto. A demolição, apesar dos pesares, ocorrerá. Dos escombros, entre memórias tristes e alegres, entre mortos e feridos, se erguerá uma modernosa Arena. Resta esperar que a mesma seja tudo o que se espera dela, não para os poucos abastardos da sociedade, os turistas daqui e alhures, mas para todo nós que compomos esta pólis, cada vez e sempre mais complexa e contraditória, sociedade do capital.

domingo, 22 de agosto de 2010

Que culpa tenho eu?

O jornal Folha de São Paulo nos brinda, neste domingo, com uma elucidativa entrevista com o senhor Carlos Artur Nuzman, feita pela jornalista Mariana Bastos e publicada no caderno de esporte da folha. A entrevista foi realizada em Cingapura, onde Nuzman acompanha os Jogos Olímpicos da Juventude. Neste evento, uma boa parte da geração que disputará os Jogos Olímpicos de 2016 na cidade do Rio de Janeiro, está presente.

O senhor Nuzman é o mesmo homem que deixou o senado federal a ver navios quando da tentativa de sabatina sobre o Pan-americano do Rio-2007 por parte dos senadores da república. Após falar sobre o evento e deitar louros sobre o mesmo, se vangloriando na companhia do seu eterno sorriso no rosto, retirou-se alegando ter coisas mais importantes para fazer naquele momento do que responder, dá satisfação à República brasileira sobre o evento.

Na entrevista, embora acumule os dois principais cargos do esporte olímpico nacional, Nuzman diz que "O COB não tem atletas e nem forma atletas", frase repetida inúmeras vezes durante o tempo que durou a entrevista, como quisesse transformar em verdade esta frase retórica, pois se é factível que o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) não tem atletas e nem tampouco forma os mesmos, pela sua razão intrínseca, o mesmo é responsável em repassar os recursos oriundos das loterias federais para as entidades responsáveis em desenvolver projetos de detecção, formação e aperfeiçoamento de atletas das diferentes modalidades representadas pelas diversas confederações existentes. O que o torna, no mínimo, co-responsável pelo sucesso ou fracasso do desenpenho brasileiro nas competições Olímpicas e Para-olímpicas.

Se isso já não bastasse para impedir que o Nuzman retire o seu braço da seringa esportiva, é importante lembrar que a entidade que o mesmo preside há nada mais que 10 anos, gere as verbas do desporto escolar e universitário, grandes centros de captação de recursos humanos, desde 2001.

Falando em gerenciamento, tudo indica que o Nuzman não acredita na capacidade de gestão dos chefes das confederações brasileiras, os mesmos que o apoia desde sempre. Questionado pela jornalista sobre a responsabilidade do COB em ter projeto olímpico para buscar ajudar o esporte que distribuem mais medalhas, ele saiu-se com essa: "Sim. É o que estamos procurando fazer. (...). Eu topo o seguinte desafio: acaba com as confederações e eu dirijo tudo, mas não acho justo me cobrarem por um trabalho que não é meu".

Vejam só. Parece que Nuzman está mandando um recado muito claro para todos nós. Mesmo com toda essa dinheirama pública sendo gerenciada pelo COB e pelos presidentes das confederações esportivas nacionais, que recebem patrocínios polpudos do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal, Petrobrás entre outros, seremos um fiasco em 2016. E aí...bem, neste caso, a culpa não é minha, entende? São dos maus gestores que sempre me apoiaram, sempre estiveram à frente das entidades com o meu aval, sempre votaram em mim, confiaram em mim, me perpetuaram no poder, mas daí a ter culpa pelo fracassso, repito, "não acho justo me cobrarem por um trabalho que não é o meu".

sábado, 14 de agosto de 2010

Imagem esporte clube

Quando o ex-técnico da seleção brasileira, Carlos Caetano Bledorn Verri, mais conhecido como Dunga, assumiu a seleção brasileira no ano de 2006, o objetivo maior era promover um retorno da imagem de uma seleção aguerrida, briosa, cheia de garra e de vontade de vencer, elementos que pareciam ter faltado à seleção de Carlos Alberto Parreira, que mais parecia está em um parque de diversão nos dias de treinamento. A missão do então novo técnico Dunga era mexer com os brios de uma seleção que parecia ter estado sem comando, dispersa e desatenta durante todo o torneio da Copa do Mundo de 2006, na Alemanha. Era preciso montar um time competitivo e vencedor. E o jogador Dunga, que levantou a taça do tetra em 1994, era a encarnação desta imagem.

Com o fracasso da seleção brasileira na última Copa, na África do Sul, todos os elementos que antes eram imprescindíveis para a seleção canarinho sagrar-se campeã, se voltaram contra ela. O parque de diversão da seleção de Parreira transformou-se em quartel general. A imagem austera, comandada pelo "general" Dunga estava presente. Nem mesmo os jornalistas brasileiros tinham acessos privilegiados. Até mesmo os profissionais da Rede Globo, que sempre tinham ligação direta com os selecionados, foram barrados no baile.

A imagem da seleção estava sendo desgastada pelo excesso de rigor e disciplina e isso vinha se expressando em campo e fora dele. Nos gramados, uma seleção sem surpresas, sem genialidade, extremamente previsível. Fora, um técnico desprovido de qualquer senso de responsabilidade, ao ponto de pouco se importar com o que falava nas entrevistas coletivas oficiais que era obrigado a dar. Só mesmo um título mundial faria a imprensa nacional engolir, à moda zagalo, tanto destempero. Mas ele não veio e a imagem que ficou foi de uma seleção truculenta, à moda Felipe Melo.

Eis que esta semana jogou a seleção brasileira. Técnico novo. Novo time e novas estratégias para cuidar da imagem da seleção brasileira. E parece que está dando certo. Ouvir alguns comentários de algumas pessoas do tipo "recuperei o gosto de ver a seleção jogar". E realmente a seleção jogou muito bem fora e dentro de campo, extremamente de acordo ao script montado pelos marketeiros de plantão para recuperação da sua imagem.

O primeiro ato para aproximar o selecionado do povo brasileiro foi a convocação dos meninos da vila. Distribuição de autógrafos, sorrisos para todos os lados, conversas com os fãs e entrevistas para os jornalistas foram outras ações necessárias. O próprio Ricardo Teixeira foi quem aconselhou o grupo para tal atitudes que somadas ao presente recebido por Alex Escobar, jornalista destratado ao vivo e a cores pelo ex-técnico Dunga em entrevista coletiva após o jogo contra a Costa do Marfim, pretende colocar uma pá de cal na imagem deixada pela chamada Era Dunga, seja lá o que isso signifique.

Mas essa questão da imagem não fica restrita aos gramados e nem tampouco, circunscrita a aparição na mídia. Muitas vezes para preservar uma imagem, é preciso ocultá-la. É o que parece está fazendo o nosso Felipe Massa. Depois da corrida de fórmula 1 da Alemanha, onde o mesmo protagonizou uma desacelerada exigida por sua equipe Ferrari em benefício do seu colega de escuderia Fernando Alonso, ele tem evitado aparições públicas e as diferentes mídias. Há quem diga que a estratégia foi imposta pela própria Ferrari, tudo em nome da imagem da equipe.

Um outro que parece está com sua imagem de vencedor abalada é o técnico Luiz Felipe scolari. São seis partidas sem vencer à frente do Palmeiras. Segundo o sítio Máquina do Esporte, "O patrocínio a qualquer personalidade ligada ao futebol, concordam especialistas, está condicionado aos valores e à imagem do patrocinado".

Ainda no próprio sítio, o especialista em indústria do futebol, Oliver Seitz, opina que "Se ele ficar dez ou 15 partidas sem ganhar, não dá para manter a imagem de vencedor que angariou nos últimos anos". E se isso acontecer, enfatizamos, os patrocinadores irão buscar outros lugares para investirem seu capital.

sábado, 7 de agosto de 2010

O futebol e os presidenciáveis

Durante os jogos da última Copa do Mundo, principalmente nos dias que antecederam e os posteriores dos jogos da seleção brasileira, muito foi sendo comentado sobre qual seria a escalação ideal do time nacional. Antes mesmo dos jogos do torneio começarem, já na própria escalação do selecionado que iria para a África do Sul, inúmeros brasileiros e brasileiras refletiam, discutiam, debatiam de forma apaixonada os jogadores que iriam participar do maior torneio de futebol do planeta sobre o comando do técnico Dunga.

Aliás, a própria escolha do nome do homem que iria dirigir a seleção mais vencedora das Copas, após o fiasco contra a seleção francesa em 2006, a única que tem o privilégio de ter participado de todos os torneios, foi questionado, assim como também, questionável foi o desempenho dos jogadores sobre o seu comando durante a fase classificatória, tendo sido chamado até de burro em pleno maracanã em uma das participações da seleção canarinho.

Todo esse entusiasmo em torno da seleção brasileira, todo o debate que a mesma sucita em vários momentos por diversos setores da sociedade, da pessoa comum ao próprio presidente da república, sempre inspira comentários do tipo: se o povo brasileiro se preocupasse com o desenvolvimento da política do seu país, como se preocupa com a performance do seu selecionado, o Brasil seria outro.

Logo após a eliminação da seleção brasileira nas oitavas de finais do torneio na África do Sul, uma frase atribuída ao senador Cristóvam Buarque invadiu as caixas de mensagens na rede mundial de computadores. Ela dizia o seguinte>:"No futebol, o Brasil ficou entre os 8 melhores do mundo e todos estão tristes. Na educação é o 85º e ninguém reclama."



E quando todos achavam que os brasileiros se voltariam para a política neste ano eleitoral, logo após o término da Copa do Mundo, onde não só o presidente, mas deputados, senadores e governadores serão eleitos, eis que o grande debate nacional se volta para quem vai ser o próximo técnico da seleção para a Copa de 2014, que será realizada aqui no Brasil?

Mas já que o técnico foi escolhido, agora a eleição entra na agenda dos brasileiros de forma definitiva e toma de vez o lugar do futebol. Sei não. Se tomarmos como referência a última quarta-feira (04/08), parece que este negócio de eleição não tá empolgando muito não. O futebol entre São Paulo e Internacional pelas Libertadores das Américas que passou na Globo deu de goleada nos presidenciáveis que se apresentavam no mesmo horário em um debate transmitido pela Rede Bandeirantes.

O placar? 36,9 pontos de audiência contra 5,5 respectivamente, segundo o Ibope em divulgação dos dados preliminares da aferição. Entre futebol e eleição especificamente, ou esporte e política mais amplamente, os brasileiros preferem o primeiro, respectivamente. Talvez por isso, tanto um, quanto o outro, carecem de melhores desempenhos e performance.