Durante muitos anos, o paradigma que envolvia o campo da educação física era o conhecido modelo da "aptidão física", que tinha a ausência de doença como critério de indivíduo saudável e propunha a atividade física como elementos potencializador da saúde, sem levar em consideração outros fenômenos sócio-históricos como componentes importantes de uma vida saudável, como lazer, trabalho, educação, habitação, transporte entre outros. Este paradigma ainda tem força no chamado "princípio de vida ativa", que procura vincular as atitudes individuais, no âmbito da atividade física, como potencializador da saúde ou da doença.
O caduco paradigma da aptidão física junto ao "moderno" princípio da vida ativa, vincula(va) o esporte como elemento fundamental nesse processo, já que era uma prática que a maioria das pessoas gosta(va)m de fazer. O mote "Esporte é saúde: pratique", que ficou durante muitos anos sendo vinculados em diferentes redes de TV do país é uma prova da relação mecânica que se estabelecia entre estes dois complexos temáticos e que atualmente ainda se vincula ao pão requentado do "vida ativa".
No entanto, novos ventos sopraram sobre o campo da agora educação física/ciências do esporte e estes nos obrigam a pensar a relação atividade física/esporte/saúde/doença em outras perspectivas teóricas e práticas. Para tanto, precisamos buscar na contradição presente nesses fenômenos o ponto central do debate. As categorias da "realidade" e da "possibilidade" nos ajudam a pensar dialeticamente estes complexos.
E no meu entendimento, a contradição aparece justamente na intenção do governo federal de contingenciar (eufemismo para não dizer cortar) mais de 5 bilhões da pasta da saúde do orçamento para 2012, muito embora, no discurso, o governo apresente um aumento do orçamento em 17% em relação a 2011.
Esses e outros elementos é que nos permitem aprofundar o debate sobre os complexos temáticos apresentados no contexto imediato sem idealizá-los, colocando-os no emaranhado de fatores presentes no movimento do real, na tentativa de se aproximar de uma solução mediada no limite das relações sociometabólicas do capital, que procura solucionar o embate via planos privados de saúde.