quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

O SURPREENDENTE PROJETO EL@ LUTA




Num final de aula, a então estudante do curso de Educação Física da UEFS, Liamara Martfeld, me procurou com todas as dúvidas de quem quer se aproximar e apresentar para os seus alunos, algo que está distante dos estudantes em várias esferas do ensino: - Como vou trabalhar o conteúdo lutas na escola, David? Este episódio me foi recordado com emoção e algumas lágrimas de felicidade pela própria “Lia” justamente na realização da segunda edição do seu El@ Luta. Projeto que busca apresentar o percurso histórico e social das lutas, desenvolvendo conceitos e habilidades relacionados a este conteúdo da cultura corporal.

            Já seria um grande avanço planejar, coordenar e executar numa escola pública, da rede municipal de ensino e todas suas limitações, um conteúdo que passeia pelo consciente de uma grande parcela de nossa sociedade relacionado à violência. E claro, compreendendo como é corrida a vida de uma professora que precisa estudar, planejar e cumprir sua carga horária de ensino, desempenhando suas outras jornadas de trabalho, pois é mulher, numa sociedade contaminada com ideais que naturalizam sua exploração.

A colega foi além. Um de seus maiores objetivos é desconstruir a ideia de que meninas/mulheres não podem participar das lutas.



Sua metodologia, além de abordar o processo histórico de produção desse objeto da cultura corporal, questões de gênero e diversos preconceitos, se baseia também na apresentação dos traços essenciais de cada manifestação das lutas, que são as particularidades contidas em cada uma. A professora que não domina todas estas produções humanas, apresenta durante as aulas, através de jogos de oposição, os traços técnicos que constituem o boxe, Judô, caratê, Jiu-jitsu, Muay Thay, Kickboxing, MMA, Capoeira e este ano, acrescentou a defesa pessoal feminina. Por fim, convida os profissionais de cada luta para apresentar as técnicas mais avançadas em cada produção.

O projeto é surpreendente pelo conjunto de ações educativas, diretas e indiretas, que a colega propõe. Desmistifica a lógica de que, para apresentar um conteúdo na escola o professor precisa dominar totalmente o objeto, inclui toda a comunidade escolar (pais, estudantes, gestores, funcionários e professores) dentro do debate de superação de algumas “crenças” a respeito das lutas, se articula com a universidade, desde professores a estudantes de projetos como o Programa Institucional de Bolsas de iniciação à Docência. Participando do planejamento e execução do projeto.  Como também resgata e divulga importantes personagens no cenário das lutas em Feira de Santana. Como o mestre Gago, que já participa de duas edições do projeto, e Virna Jandiroba, uma de nossas promessas no MMA internacional.   



O meu desafio e do camarada e professor Elson Moura, nesta edição, ficou em apresentar o que tínhamos trabalhado no primeiro minicurso de defesa pessoal para mulheres e LGBTs da UEFS. Entretanto, havia algo de diferente do nosso projeto, a participação de meninos na oficina. Como professor de artes marciais para crianças, percebo o quanto é fundamental a desconstrução de preconceitos já nas idades iniciais, intervindo na fala, nas atitudes e ações, em prol da superação das relações submissas entre os seres humanos.

A violência contra as mulheres é fomentada desde a infância, pois a criança tem acesso a diversos tipos de meios que propagam a visão da mulher passiva, omissa e à disposição dos homens. Naturalizando à violência. Isso foi constatado em perguntas feitas durante a oficina, sobre propagandas de cerveja, entre outras. Esta naturalização também foi constatada numa pesquisa realizada pelas organizações Visão e Instituto Igarapé, com crianças e adolescentes entre 8 e 17 anos. Foi verificado que crianças em situação de vulnerabilidade socioeconômica percebem a violência (de uma forma geral) nos ambientes que estão inseridos (escola, casa e comunidade), mas, ao mesmo tempo, a sensação de segurança delas é elevada.

Incluímos no nosso plano de ensino, além das técnicas de defesa, ações de identificação de violência contra a mulher, atitudes que os meninos devem tomar diante de episódios de violência física ou sexual com suas colegas, como também, inclui-los na responsabilidade de não cometer, perceber e intervir nestas agressões quando seus colegas praticarem.    
É muito esperançoso observar eventos dessa natureza, que surgem do esforço e da preocupação de uma mulher com a comunidade estudantil que ela está envolvida, como também é esperançoso ver todo esforço coletivo durante a realização do evento. Não poderia esquecer da participação e do empenho dos professores da escola, dos alunos da UEFS, envolvidos no projeto, dos “oficineiros” e claro, dos estudantes da escola que leva o nome do grande ativista político e líder sindical Chico Mendes, assassinado em 1988 por lutar pelos seringueiros e pela reforma agrária, na região amazônica.

Liamara Martfeld me deu a resposta para a pergunta feita por ela, que descrevi no início do texto. Aliás, me deu uma aula. Parabéns, camarada!   

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Por que o Vitória não caiu?

Por que o Vitória não caiu?

Você pensa que foi por causa da chapecoense? Não.

Eu não cai porque fiz mais pontos que Ponte Preta e Atlético de Goiás.

Eu não cai porque tive mais vitórias que o Avaí.

Eu não cai porque fiz mais gols que o Coritiba.

Eu não cai porque quando tinha 12 pontos e estava na lanterna soube me recuperar e terminei com 43 pontos e soube superar as adversidades e para isso venci o líder e campeão Corinthians em São Paulo, ganhei do Flamengo no Rio de Janeiro, venci a batalha com a Ponte em Campinas, virei um jogo improvável contra o Botafogo.

Eu não cai porque joguei, lutei e acreditei até o fim.

Eu sou Vitória e não jogo a toalha jamais.

(Texto Anônimo)

Economia do Esporte

Com as classificações dos times já consolidadas, em função do término do Campeonato Brasileiro da Série A deste ano, veja quanto o clube do seu coração vai ganhar de prêmio em dinheiro da Confederação Brasileira de Futebol.