O governo da República Federativa do Brasil criou mais um programa direcionado aos megaeventos que ocorrerão no país. Trata-se do Programa Atleta na Escola.
O projeto tem como objetivos principais 1) a democratização e 2) o incentivo a prática esportiva no interior da escola.
Partindo do princípio de que o Brasil é um país de talentos e para que os mesmos apareçam é necessário incentivar sua prática, raciocínio explícito em uma das suas peças de propaganda, fica fácil deduzir que os inocentes objetivos enumerados acima estão, na verdade, atrelados à procura dos tão sonhados e necessários (para os propósitos de transformar o Brasil em uma potência olímpica), atletas olímpicos em potencial.
Não por acaso, a peça publicitária trás a figura da conhecida medalhista olímpica no salto em distância, Maurren Maggi. Ela, apoia a iniciativa. Nenhuma surpresa.
No entendimento deste humilde blogueiro, o presente programa, que, insisto, visa a formação de atletas de alto rendimento nos locais de estudo, leia-se ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS, desenvolvido pelo Ministério do Esporte e da Educação, é a continuação da desestruturação do papel da escola, principalmente a pública, naquilo que deveria ser a sua função precípua: o desenvolvimento das funções psicológicas superiores dos seus educandos.
Se situarmos o programa, no contexto específico da disciplina educação física, é a negação, pura, simples e intencional, do acúmulo teórico e prático desta, que vem sendo desenvolvido desde a década de oitenta do século passado.
A escola, agora oficialmente, "volta" a ser um centro de treinamento, tal como nos idos da década de 60/70, para desenvolver o cidadão atleta e o professor de educação física, retoma o seu lugar de técnico esportivo. Resta indagar sobre qual a escola pública que potencializará esse intento, já que as mesmas encontram-se sucateadas, para dizer o mínimo.
Mas isso é o Brasil. A ferro e fogo, muda-se uma coisa aqui, outra ali sem pensar no acúmulo desta ou daquela área, deste ou daquele setor. As proposições pedagógicas da educação física e da educação, que tem uma outra concepção de escola e formação humana, são desconsideradas. Nada importa. O que vale são os programas em si e a demonstração de que o governo está trabalhando. Mas para quem e sobre que interesses?
É a república, com letra minúscula mesmo, não mais federativa, mas de um feudo representativo dos interesses do capital, de um brasil que insiste em não exercitar a democracia.
O programa Atleta na Escola, tal como concebido, é o retorno, especificamente para a educação física, ao passado mais atrasado. É a materialização da concepção dos nossos ministros da educação e do esporte sobre a escola: um espaço onde cabe tudo. Menos o necessário.