Diante das últimas e recorrentes ofensivas do sistema CONFEF/CREF, esse primeiro de setembro reveste-se de importância ímpar para todos os que defendem uma formação unificada em Educação Física.
Não podemos ter receio de politizar o debate nem, tampouco, baixar a bandeira desta formação unificada, contra a fragmentação do conhecimento historicamente desenvolvido na área.
Então, os professores que já estão há mais de dez anos no mundo do trabalho, não estão aptos ao exercício da profissão simplesmente porque um agente externo à Universidade diz que não? E a prática concreta desse profissional durante todos esses anos, não diz nada? Não informa nada? Que história é essa?. Iremos ficar a reboque do CONFEF/CREF? Até quando? É ele que vai pautar o conhecimento necessário de ser conhecido pelos professores da Educação Física? É sério isso?
Nós, professores e estudantes, precisamos de organização, estudos sistemáticos, recuperar o debate que foi silenciado por uma conjuntura imposta pelo fenômeno do "recuo da teoria" e dos "jogos de linguagens" próprios ao contexto de "esvaziamento e desvalorização do professor".
Precisamos, inclusive, incluir no debate a precarização da formação atual. "(...) nem os estudantes da Licenciatura e nem os do Bacharelado possuem uma formação que realmente traga elementos que contribuam para sua prática pedagógica". E pedagógico aqui não se resume ao âmbito da escola. Que fique bem entendido."Antes de sermos técnicos, instrutoras, treinadores, somos fundamentalmente professoras e professores. Reconhecer esse fato significa entender que onde estivermos atuando, estaremos (...) trabalhando com a formação humana, através e com as especificidades de nossa área, tratando pedagogicamente os temas da cultura corporal, seja no clube, nas escola, na academia, no hospital, no hotel, na praça, etc".
Lutar pela unificação da formação não significa negar conhecimento de nenhum campo de atuação. Queremos unificar não para privilegiarmos o conhecimento do campo "a", "b", ou "c". Mas para proporcionar uma compreensão ampla sobre os conhecimentos da fisiologia, pedagogia, biologia, filosofia, anatomia, sociologia, história, saúde coletiva, primeiro socorros, biomecânica, etc, etc, etc.
E não quero nem falar sobre o fato deste debate dividirem, também, os próprios professores e estudantes. Na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), por exemplo, esse fenômeno da divisão da formação já criou até adjetivações do tipo "pedagogentos" e "fisiologentos". O feudo dos que defendem a escola e dos que defendem a academia. Nada podia expressar maior reducionismo e esvaziamento do debate científico do que essas expressões, o que é preocupante no contexto da universidade que se baseia, entre outros, no desenvolvimento da ciência.
Imbuído de argumentos científicos, devemos enfrentar o debate da formação do professor de educação física, contra as ingerências do sistema CONFEF/CREF. A luta é diversa. A prática social tem demonstrado isso e não podemos fechar os olhos para os fatos.
Portanto, as frentes de luta são mediadas pelo contexto do imediato (estratégia de filiação ao sistema para garantir a atuação e o direito ao trabalho - o que é um absurdo, pagar para trabalhar. Tem lógica isso?); mediato (o debate acadêmico, pautado pelo conhecimento científico, papel da universidade) e o histórico (expressão de um projeto de sociedade em que a fragmentação do conhecimento seja uma lembrança distante).
Esses momentos não devem ser compreendidos como etapismo. Elas se relacionam. O imediato, mediato e histórico têm determinações específicas mas, também, características que se interpenetram. Elas dialogam entre si.
Em um mundo do trabalho cada vez mais complexo, a fragmentação da formação é uma temeridade, além de significar o caminho mais curto para o desemprego ou o emprego precarizado.
Em síntese: a divisão é uma armadilha que nós não podemos aceitar. É um equívoco.
Por isso que, reiterando, esse primeiro de setembro que se aproxima é uma data ímpar para todos os que defendem a formação unificada. Lutemos, então!!!
(As citações presentes no texto fazem parte da cartilha de subsídios aos debates da Campanha Nacional pela revogação das atuais Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação em Educação Física (páginas 09 e 10), produzido pela Executiva Nacional de Estudantes de Educação Física - Gestão 2009-2010)