Para o Superior
Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), naquele momento, Carol Solberg infringiu
dois Artigos: o 191 que implica, entre outras coisas, questões relativas ao
regulamento geral da competição, e o Artigo 258 que menciona questões que contrariam
a disciplina ou a ética esportiva que não esteja tipificada no Código
Brasileiro de Justiça Desportiva.
Por conta de sua
atitude, a atleta poderia ser multada em 100 mil reais e pegar suspensão de
seis jogos em competições oficiais. Nada disso aconteceu, tendo o STJD
convertido a multa e a suspensão em advertência, proibindo Solberg de repetir
qualquer ato político na condição de atleta.
Em depoimento, antes do
julgamento, assim se pronunciou a jogadora que enfatizou não está nem um pouco
arrependida por ter criticado o governo de Jair Bolsonaro.
“Estava muito feliz de ter ganhado o bronze e, na hora
de dar minha entrevista, apesar de toda alegria ali, não consegui não pensar em
tudo o que está acontecendo no Brasil, todas as queimadas, a Amazônia, o
Pantanal, as mortes pelo Covid e tudo mais. Me veio um grito totalmente
espontâneo de tristeza e de indignação por tudo que está acontecendo
(...)".
Vale
recordar que na época da campanha, teve foto no pódio com clara manifestação
política dos atletas da seleção masculina de voleibol, e acertadamente, a
Confederação Brasileira de Voleibol não se posicionou. O que coloca a
necessária pergunta: Por que a CBV se posicionou tão veementemente contra a
atitude de Carol Solberg? O problema é se posicionar politicamente ou é o tipo
de posicionamento que incomoda?
Mundo afora
os atletas de diferentes modalidades vêm se posicionando politicamente e a
favor de causas universais, contra o racismo, violência nos estádios, homofobia
entre outras pautas relevantes. Existem inúmeros exemplos de utilização
política do fenômeno esportivo no mundo inteiro, principalmente por quem detém
o poder. Por que o atleta não pode ter o mesmo direito? Por que ele não pode se
posicionar, seja a favor ou contra determinadas direções da política
desenvolvida no seu país ou da falta dela?
Ao advertir
a atleta Carol Solberg pelo seu posicionamento como brasileira, acima de tudo,
o STJD está mandando um recado claro para todos os atletas de todas as
modalidades do esporte nacional: calem-se!!! Se é para criticar o governo,
melhor ficar calado e se deixar alienar da sua condição de humano e do seu
direito constitucional de se expressar livremente.