O ano de 2013 foi muito rico em
manifestações que tomaram às ruas do Brasil. Muitos também foram os fatores que
impulsionaram essas manifestações: transporte público sucateado, defesa do “passe
livre”, democratização da mídia, melhoria do espaço urbano, a questão da
moradia entre outros.
“O gigante acordou” foi uma
palavra de ordem que se ouvia. Há muito não se assistia a essas expressões de
contestação no país que não tardaria a ser chamada de “jornada de junho” por
àqueles que tentavam explicar o que realmente estava acontecendo.
Sem dúvida alguma, a oportunidade
para tanto foi dada pela proximidade de um dos mais importantes megaeventos
mundial: a Copa do Mundo. Ela não só foi a “chave heurística” que abriu a porta
das contestações como foi, também, alvo da mesma.
O esporte assumia na época, mesmo
a contragosto de muitos cronistas e comentaristas esportivos, uma dimensão
ideológica como nunca antes se viu desde o processo de redemocratização do
país. Ele ajudou a canalizar interesses diversos das classes e frações de
classes que disputavam idéias, valores, opiniões e representações no interior
do bloco histórico capitalista.
Isso não é novo no Esporte.
Exemplos do seu envolvimento em questões políticas são vastos na história da
humanidade. É emblemático o uso dos Jogos Olímpicos de 1936, em Berlim, para
consolidar o pensamento germânico de supremacia da raça ariana. O que não
ocorreu graças ao Jesse Owens. Os diversos boicotes aos também Jogos Olímpicos
entre os países dos então blocos capitalistas e socialistas reforçam o nosso
argumento.
E se consideramos esses exemplos
supracitados sufocados pela poeira do tempo, podemos oferecer ocorrências mais
próximas: a Gaviões da Fiel, torcida organizada do Corinthians, recentemente, saiu
às ruas para contestar o monopólio de uma grande rede de televisão nacional.
A torcida do Santa Cruz, no final
do mês passado, estendeu uma grande faixa chamando a Rede Globo de Televisão de
“Golpista” e, mais recentemente, “Os Imbatíveis”, torcida organizada do
Vitória, aproveitando da audiência do maior clássico do estado da Bahia,
mostrou uma enorme faixa onde se lia “Não vai ter golpe”.
(O presente texto foi publicado, originalmente, no site do jornal Bw News no dia 06 de maio)