"O futebol é uma coisa, a política é outra. O futebol, devo lembrá-lo, é coisa séria", disse Silvio Berlusconi em uma entrevista.
À frente do Milan, que elevou ao patamar de supertime, ele ganhou um palanque político e mudou a história da Itália.
O Milan vivia crise nos anos 80, rebaixado duas vezes. Ele, que fez fortuna no mercado da TV privada, resolveu comprar o clube para promover ainda mais sua figura.
Numa época em que o futebol italiano se abria para estrangeiros, Berlusconi apostou em três neerlandeses: Van Basten, Gullit e Rijkaard.
Acostumada às retrancas, a Itália se encantou com o time treinado por Arrigo Sacchi, inspirado no futebol total.
O Milan conquistou a Europa e o mundo em 89 e 90, e os italianos acompanhavam aquela linda camisa brilhando nos maiores palcos do futebol, ao vivo e a cores pela TV.
Berlusconi queria mais e chegou a sonhar com uma superliga europeia como a que quase saiu do papel em 2021.
Ele via potencial numa competição que colocava frente à frente os melhores da Europa, mas a Copa dos Campeões Europeus, disputada em mata-mata, era um obstáculo.
Sob pressão de Berlusconi e com medo de perder o controle, a UEFA transformou o torneio na Champions League em 92.
No início dos anos 90, o Milan era "a Itália que deu certo".
Na política, o país vivia um caos, resultado dos inquéritos da Operação Mãos Limpas, que levou até 5000 figuras públicas a serem investigadas.
A imprensa, incluindo os jornais e TVs de Berlusconi, se esbaldava.
Em 90, ao receber a Copa do Mundo, os italianos apoiaram a seleção com a expressão "Forza Italia".
Na onda antipolítica que acabou com os principais partidos políticos do país, Berlusconi fundou seu próprio partido com esse nome em 1993. Virou primeiro-ministro no ano seguinte.
No poder, em meio a escândalos de corrupção, manejou o Milan de forma a se favorecer, com contratações às vésperas das eleições.
Em 2009, negou que venderia Kaká a todo custo. Veio a eleição, num domingo, e sua coalizão venceu.
Na segunda, Kaká foi anunciado pelo Real Madrid.
Nos estádios italianos, a frase "Forza Italia" foi trocada por "Forza Azzurri".
Berlusconi reclamou: "Estão politizando o futebol.
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