quinta-feira, 4 de maio de 2023

La Liga Santander: a geopolítica em campo

Tenho assistido alguns jogos da primeira divisão do campeonato de futebol profissional da Espanha, conhecido como LaLiga e tenho observado, com curiosidade, a bandeira da Ucrânia nas transmissões das contendas entre os times participantes.

Na verdade, isto vem ocorrendo desde o início de 2022, também nos jogos da segunda divisão e procura levar a mensagem de oposição à guerra que ocorre entre a Ucrânia e a Rússia. É uma ação potente, pois os jogos da Liga são transmitidos para mais de 185 países.

A LaLiga, não nos esqueçamos, é patrocinado pelo Banco europeu, o Santander. A denominação do torneio também leva o seu nome: La Liga Santander. E toda a Europa, principalmente a do lado Ocidental (a Espanha situa-se do lado Meridional, mas estou utilizando a divisão clássica pós segunda guerra mundial e também da "Guerra Fria"), vem se posicionando contrariamente ao que eles consideram que seja uma violação dos acordos internacionais e um atentado à soberania dos povos por parte do governo de Vladimir Putin.

Argumentos controversos e que não vamos desenvolver aqui, pois demandaria muita "tinta". Mas queremos situar o problema deste debate no contexto da geopolítica mundial, pois é disso que realmente se trata. Não é uma simples "invasão" territorial. É uma luta pela hegemonia política, econômica, social e cultural entre concepções de mundo que são antagônicas e que têm, historicamente, EUA e URSS (hoje Rússia) como protagonistas (na conjuntura atual podemos acrescentar a China nesta operação). Mas aqui, já temos uma questão óbvia: o que os Estados Unidos das Américas têm a ver com isto? Que se desdobra em outra: a questão não é europeia?


Se não colocarmos essas interrogações em perspectiva, não entenderemos com profundidade o sentido e o significado da tomada de decisão, de uma Liga de futebol, por uma ação contrária a uma guerra que, por óbvio, todos nós deveríamos ser contra.

Como disse, debate controverso. Mas vale o alerta que tomo emprestado do Losurdo, modificando um pouco a questão colocada por ele: será que o inimigo principal está visível nesta tomada de decisão?

E é de Losurdo, também, a leitura que indico para vocês aprofundarem esta reflexão. Trata-se do livro Imperialismo e questão europeia, lançado recentemente pela editora Boitempo.

Boa leitura.

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