Por Rafael Bastos
As cenas de violência que antecederam o clássico carioca Flamengo x Vasco, no domingo 05 de março do presente ano, trouxeram, mais uma vez, as torcidas organizadas (TOs) de times de futebol, para as capas dos nossos jornais.
O senso comum tende a rotular tais organizações como marginais. Este processo, por um lado, vem sendo alimentado pela própria ação das respectivas torcidas, mas muito fortemente pela imprensa e pelo poder público, como o judiciário, o Ministério Público e a Polícia Militar. Trato, neste texto, sobre um pouco da complexidade das TOs, a insuficiência deste tipo de olhar hegemônico e sobre o fracasso persistente das ações estatais.
Na posição de admirador do futebol e curioso sobre o assunto, também integro movimentos de torcedores. Uma coincidência inusitada me levou a vivenciar, de perto, um pouco dos bastidores da confusão fluminense, que agora compartilho de um modo reflexivo.
No dia 01 de março, ocorreu, em Nova Iguaçu, o confronto entre a equipe de mesmo nome da respectiva cidade da baixada contra o colossal Esporte Clube Vitória. A partida válida pela primeira fase da Copa do Brasil acabou, infelizmente, com uma emboscada de torcedores do Vasco contra integrantes da torcida do Vitória e membros de uma TO do Flamengo e aliada do Vitória.
Por conta da participação no jogo, nossa representação de torcedores, fez contato prévio com o policiamento local. No dia da partida, notamos uma baixa presença deste órgão de segurança pública. Algo até razoável, a priori, uma vez que não há histórico de atrito entre as torcidas do Nova Iguaçu e do Vitória. Todavia, após o trágico episódio, concluímos que houve falha no policiamento, à medida que foi compreendida a dinâmica do ataque e percebendo a quantidade de pessoas mobilizadas, no final da partida, de fora do Estádio se deslocando ao nosso encontro.
Posteriormente, as notícias sobre o episódio foram
categóricas, na sua maioria, ao apontar que torcidas protagonizaram uma
confusão. Porém, vivenciando o processo de perto, ficou evidente que as
manchetes foram insuficientes para relatar a dinâmica do confronto.
Voltando ao clássico carioca, do dia 05 de
março, muitos grupos de torcedores foram alertados, via redes sociais, sobre a
possibilidade de embates entre vascaínos e flamenguistas. No próprio dia da
partida, a movimentação na cidade, em múltiplos pontos, evidenciou que a
organização dos torcedores para àquele jogo estava vários tons mais acirrados
do que o de costume. A tragédia anunciada se confirmou com uma morte, brigas
intensas perto do Maracanã, nos sistemas de transporte e em alguns bairros mais
distantes, como Madureira.
Rapidamente, as principais TOs do Vasco (Força
Jovem) e do Flamengo (Raça Rubro-Negra e Jovem Fla) publicaram, nas redes
sociais, notas explicando os procedimentos adotados por eles junto ao Batalhão
Especializado em Policiamento de Estádios (BEPE). Houve uma convergência no
entendimento de que nos locais onde o BEPE estava próximo, não ocorreram
confrontos, mas que os participantes estranharam algumas mudanças na linha de
ação do BEPE, como o reposicionamento dos locais de acesso para cada torcida.
Também alegaram falta de policiamento, em alguns pontos estratégicos, próximos
ao Maracanã. Diante da minha experiência prévia e lendo a situação, tendo a
concordar com os discernimentos das torcidas mencionadas.
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