Por Riva / 03 de março de 2023
Sergipe e Botafogo-RJ ficaram frente a frente na noite desta quinta-feira, 02 de março, na Arena Batistão, para disputar uma vaga para a próxima fase da Copa do Brasil. A Partida terminou empatada ( 1 a 1) e o Botafogo-RJ conquistou a classificação.
Não quero abordar os detalhes técnicos e táticos da partida. Prefiro sair do campo e bola e fazer alguns questionamentos sobre o sistema predatório que comanda o futebol brasileiro.
O Sergipe estava vencendo a partida e, o árbitro Bráulio da Silva Machado, deu oito minutos de acréscimos no segundo tempo. Essa questão dos acréscimos é muito discutida e depende de algumas situações que ocorrem durante uma partida de futebol. Exemplos: número de substituições, retardamento para colocar a bola em jogo (conhecido como cera) por alguns jogadores da equipe que está em vantagem no placar, etc… Pois bem. O árbitro Bráulio da Silva Machado decidiu que daria mais um minuto de acréscimo e, foi justamente aos cinquenta e quatro minutos do segundo tempo, que o Botafogo-RJ empatou a partida e conquistou a classificação.
O que aconteceu na Arena Batistão podemos dizer que é normal em todas as competições do futebol brasileiro. Serve para as estaduais e nacionais.
Voltando um pouco ao passado - início da década de 80 -, o Esporte Clube Propriá enfrentou o Club Sportivo Sergipe e estava vencendo por 1 a 0 com gol de César de Guina. O árbitro (infelizmente não lembro o nome) esqueceu que tinha relógio / cronometro e deixou a partida seguir. Já estava escurecendo e o Estádio Constantino Tavares (conhecido como campo do Propriá) não tinha refletores. Surgiu uma falta próximo a área do Propriá e o lateral esquerdo Cabral cobrou com um chute forte e colocado para empatar a partida. O Propriá só teve tempo de dar a saída e o árbitro encerrou a partida. Poderia citar o exemplo do América Futebol Clube que, para vencer a Associação Desportiva Confiança e conquistar o campeonato sergipano de 1966 Bobô – atacante do América – marcou dois gols sendo que o primeiro foi anulado de forma completamente equivocada.
As Federações Estaduais e a CBF sempre tiveram mais “carinho” com os clubes de maior expressão. Essa cultura vem se arrastando desde que o futebol foi inventado e já poderia ter sido mudada pelos próprios mandatários do futebol brasileiro.
No dia 23 de março de 2022, Ednaldo Rodrigues foi eleito Presidente da CBF com ampla maioria dos votos dos Presidentes das Federações Estaduais e dos Presidentes dos Clubes das Séries A e B. Das 27 (vinte e sete) Federações Estaduais, somente a Federação Alagoana, comandada por Felipe Omena Feijó desde 2015, não compareceu. As 26 (vinte e seis) Federações Estaduais votaram na permanência de Ednaldo Rodrigues no comando da CBF. Apesar da chapa “PACIFICAÇÃO E PURIFICAÇÃO DO FUTEBOL BRASILEIRO’’ encabeçada por Ednaldo Rodrigues ter sido praticamente eleita por unanimidade, a eleição foi realizada com algumas questões judiciais e acusações feitas, principalmente, por Gustavo Feijó, presidente da Federação Alagoana de Futebol.
O discurso de Ednaldo Rodrigues na posse foi muito bonito e esperançoso. Mas, um dos principais assuntos referentes as eleições não foi abordado com mais ênfase e, se não fosse o brilhante trabalho de alguns jornalistas de grandes veículos de comunicação, nós estaríamos sem informações importantíssimas.
Durante o período em que Ednaldo Rodrigues esteve na presidência da CBF de forma interina, presidentes das Federações Estaduais receberam sucessivos aumentos salarias nos pagamentos feitos pela CBF mensalmente. Pelo menos dez presidentes de Federações Estaduais tiveram seus salários aumentados de R$ 20 mil (vinte mil reais) mensais para R$ 50 mil (cinquenta mil reais) e depois para R$70 mil (setenta mil reais) mensais. No final de 2021, o mesmo grupo que recebeu esse robusto aumento salarial teve direito ao bônus que a CBF paga para seus funcionários e diretores. Dessa forma, os privilegiados faturaram R$ 160 mil (cento e sessenta mil reais) em outubro, R$ 195 mil (cento e noventa e cinco mil reais) em novembro e R$ 215 mil (duzentos e quinze mil reais) em dezembro. Ao longo do ano, cada um dos participantes desse grupo de “colaboradores do futebol brasileiro” receberam R$ 860 mil (oitocentos e sessenta mil reais).
Havia outro grupo de presidentes das Federações que começou o ano ganhando R$ 40 mil (quarenta mil reais) mensais cada presidente. Eles também tiveram seus salários aumentados para R$ 70 mil (setenta mil reais) mensais e, ao fim do ano, também receberam o bônus. Pelo menos um integrante deste grupo faturou R$ 952,5 mil (novecentos e cinquenta e dois mil e quinhentos reais) brutos em 2021.
Como é do conhecimento de todos, a CBF é uma entidade privada e os valores que são pagos para os Presidentes das Federações e funcionários não cabem qualquer tipo de julgamento. O que eu quis dizer com esse texto é que não adianta notas, representações, reclamações e indignações. O que acontece com o futebol brasileiro – principalmente com os clubes de menor expressão – é culpa de um sistema predatório em que o mais forte sempre leva uma enorme vantagem sobre o mais fraco.
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