Uma imagem que sempre me coloca para refletir sobre a situação do esporte no país é a de um certo ginásio que fica na rodovia que liga a linha verde da Bahia a linha verde de Sergipe, logo após a entrada da cidade de Indiaroba.
Foto tirada no mês de junho do ano passado |
Em junho do ano passado o ginásio continuava ali me instigando, afirmando que a política esportiva do país era para pouquíssimos, voltada única e exclusivamente para os chamados atletas de ponta, embora nesse aspecto também tenhamos sérios problemas de estruturas e equipamentos, diga-se de passagem.
Na verdade não há preocupação efetiva com o que chamamos e defendemos de democratização do esporte. Este se torna um valor exclusivo para os que podem acessar no plano privado ou, quando muito, nas instituições particulares de ensino.
E nas escolas públicas? Perguntarão. É possível, mas em sua grande maioria, existe o monopólio do futebol. A vivência do esporte fica prejudicada por isso e, sobretudo, pela falta de estrutura pedagógica e física do espaço. O esporte precisa ser compreendido não apenas como uma determinada modalidade, mas, sobretudo, como um fenômeno sócio-histórico.
E nas escolas públicas? Perguntarão. É possível, mas em sua grande maioria, existe o monopólio do futebol. A vivência do esporte fica prejudicada por isso e, sobretudo, pela falta de estrutura pedagógica e física do espaço. O esporte precisa ser compreendido não apenas como uma determinada modalidade, mas, sobretudo, como um fenômeno sócio-histórico.
Mas voltando ao ginásio. Ele ainda me leva a refletir, pois o mesmo ainda está lá como um "elefante branco" feito de concreto, ocupando a paisagem sergipana. Com uma diferença. No início deste mês, estacas foram colocadas ao seu redor e faixas de agradecimentos foram fixadas nas paredes pinchadas e já bastante maltratadas pelo tempo e desuso do equipamento esportivo.
Quando deparei com esta simples modificação da paisagem, fiquei animado. Parei o carro no acostamento e perguntei a um morador da localidade, residente de uma casa defronte ao ginásio, senhor Nhô, se havia algo ocorrendo por ali. Ele disse que sim. Afirmou que existem algumas intervenções sendo feitas e assegurou que as obras começarão para valer no próximo mês de fevereiro.
Foto tirada em 14 de janeiro deste ano |
Passei pela localidade segunda-feira, dia 27, retornando de Aracaju onde fui buscar meus filhos que passavam férias com a avó e pude constatar que mais do que estacas e faixas existiam homens trabalhando. Alguns juntavam entulho e outros carregavam pedras para o interior do ginásio. Isso me deixou animado, otimista que ao menos o espaço iria realmente ser reformado. Fevereiro tinha, então, se antecipado.
Mas, meu otimismo não é alimentado pela ingenuidade. Essa dinâmica não significa que mudou a forma do Estado compreender a política esportiva. Podemos melhorar a estrutura, é um passo importante, mas é preciso haver projetos de utilização, políticas efetivas de formação humana via esporte e lazer nas cidades.
O equipamento é parte desse processo. Nada mais. O Estado precisa perguntar o que fazer com os mesmos, como utilizá-lo, quais os objetivos, as estratégias de ocupação, etc, etc, envolvendo toda a comunidade nesse debate.
Do contrário, teremos mais um "elefante branco". Reformado, "novinho em folha" mas...um "elefante branco".
3 comentários:
A arquitetura se comunica com a cidade, sua comunidade e reflete de certa forma a maneira como os governantes conduzem a apropriação dos espaços publicos. Antes mesmo da sua construção, precisamos pensar a funcionalidade desses espaços. Existir é importante, porém utiliza-lo em prol da socialização dos espaços publicos e do bem estar socio cultural da sua comunidade é mais importante ainda. Adorei o texto Wel. Parabéns! Tatiana Sobral. Arquiteta e Urbanista
Na entrada de Jucurutu/RN, foi construindo um bom estádio, sem ter clube de futebol, lá o esporte é vaquejada.
Mais uma na conta do governo de Sergipe.
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