Começamos o ano de 2014 com alguns ecos de 2013. Não poderia ser diferente. Essa ideia de cortar o tempo em fatias, já nos ensinou Drummond na sua poesia O Tempo, é uma coisa genial. Serve também para organizarmos nossa tarefas. Mas tudo não passa de uma invenção humana, como a maioria das coisas que nos cercam.
O mercado esportivo continua fervendo. Especulações sobre esta ou aquela contratação, dispensas, renovações, empréstimos, entre outras, enchem os editoriais esportivos, principalmente os relacionados sobre o futebol, que continua tendo a preferência da mídia de uma forma geral ano após ano.
Mas foi no handebol feminino que veio a maior e melhor novidade de 2013. Campeãs mundiais. Título inédito para o país. Os holofotes se voltaram para elas. De repente, se tornaram heroínas na "pátria de chuteiras". De promessas, passaram a ser certeza de medalha nas próximas olimpíadas. Mas só em 2016 para confirmarmos.
A recuperação do atleta Anderson Silva, do MMA, repercute. Desde o fatídico dia 28 do mês passado em que se lesionou em uma luta contra Chris Weidman pelo UFC 168, que o questionamento sobre a (im)possibilidade do seu retorno ao esporte foi levantada. O mesmo afirma que voltará. O tempo dirá.
Um outro atleta que também sofreu grave lesão e continua em estado crítico, mas estável, é o piloto de fórmula 1, Michael Schumacher. O seu acidente ainda ecoa e um suposto vídeo pode trazer maiores informações do ocorrido. Mas o fato é que o heptacampeão de fórmula 1 corre risco de ficar totalmente paralisado, segundo últimas informações.
Esses e outros acontecimentos, originários em 2013 e que continuam na mídia em 2014, uns mais e outros menos, pela sua capacidade de mobilizar a opinião pública, não tem a mesma envergadura quando comparados com as manifestações de junho de 2013, na ocasião da realização da Copa das Confederações.
Apesar de temporalmente muito distante em relação aos acontecimentos citados acima, os exemplos que delas emergiram começam a alimentar reflexões que ultrapassam os editorias esportivos, atingindo os que se ocupam da política e da economia. Não nos esqueçamos que este é um ano de eleições. Está em jogo, mais do que cinturões, troféus, medalhas ou o simples gosto pelos esportes radicais, a direção do poder do maior país da América Latina.
Para a direita, que vê nas mobilizações uma estratégia de diminuir a aprovação do governo Dilma que bateu em dezembro a casa dos 43%, a retomada das manifestações é fundamental. Além da judicialização da política, capitaneada pelo Supremo Tribunal Federal via processo do "mensalão", a juventude nas ruas questionando a política pró-copa em detrimento dos aspectos ligados às questões menos efêmeras, fundamentais para a vida dos cidadãos independente de megaeventos, como saúde, educação, segurança entre outras, é praticamente vital.
E para a esquerda, que não caiu ainda no canto da sereia da política desenvolvimentista do governo Dilma, que vem beneficiando de forma mais vultosa o capital (em 2012, segundo auditoria cidadã da dívida, o orçamento federal reservou R$ 752 bilhões para os serviços da dívida que favorece cerca de 10 mil credores. No mesmo ano, menos da metade, R$ 348 bilhões, foram direcionados para a Previdência, que beneficia aproximadamente 28 milhões de brasileiros), também é um momento de reconhecendo os avanços que vem ocorrendo no país, principalmente se comparados aos governos anteriores, de reivindicar uma direção contra-hegemônica da forma como a riqueza vem sendo distribuída.
Infelizmente, no tocante ao orçamento, a previsão para 2014, publicado neste mesmo blog recentemente, reverbera o mesmo eco de 2013.
Ano novo. Velhas práticas.
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