Depois de trinta dias só vendo, ouvindo, analisando e curtindo o futebol, chega ao fim a décima nona edição do maior espetáculo monoesportivo do planeta, a Copa do Mundo de Futebol, que nesta edição foi promovida pela primeira vez em um país do continente africano, a África do Sul.
As bandeiras brasileiras começam a sair das paredes, sacadas dos prédios e das janelas dos carros. Um tom discreto de uma indisfarçável inveja invade as barbearias, os bares e todos os espaços onde existam mais de um aficcionado pela "modalidade esportiva" de nome BOLÃO, pelos acertos de um certo polvo, o Paul. Há quem afirme que a voz do polvo é a voz de deus e o mesmo estará anunciando em breve os números da mega-sena.
Brincadeiras à parte, o fato é que se a Copa "acabou" para os sul-africanos, ela começa para todos nós, brasileiros e brasileiras, ufanistas ou não, pois o próximo mega-evento será em 2014 em nosso solo já não tão verde devido ao desmatamento e nem tão amarelo, pela cupidez e corrupção das nossas elites nacionais.
Para quem ainda não se deu conta e ainda está em processo de cura da ressaca futebolística, lembramos que este ano é ano de eleição. Cargos importantíssimos estarão em disputas. Candidatos e candidatas à Presidente da República, Congresso Nacional, Assembléias Legislativas e Governos Estaduais aparecerão. Uns serão, tal como a Espanha, campeões pelo voto e outros, tal como o selecionado nacional, não alcançarão o intento pretendido.
Paul, o polvo, poderá ajudar alguns candidatos com os seus prognósticos, mas o povo brasileiro deve compreender, que, apesar de alguns erros de arbitragem, sinalizaremos com o nosso voto a direção que queremos para o nosso país. Nós, de torcedores passamos a eleitores por um Brasil sempre campeão na educação, saúde, habitação, segurança entre outros, todos os dias da nossa existência, e não apenas de quatro em quatro anos, pois a vida não é feita de Copa do Mundo.
Devemos exigir dos eleitos o empenho e as ações que faltaram em Dunga e precisamos ser tão críticos e participativos enquanto cidadãos quanto fomos no papel de torcedores. Da nossa escalação para os espaços institucionais da política nacional dependerá o sucesso do nosso país. Ou o seu fracasso.
Outras mediações também aparecem, pois se as eleições são importantes, elas não são determinantes. Para tanto, precisamos deixar de ser espectadores do plim-plim platinado e nos tornarmos protagonistas da trama dentro e fora das quatro linhas que circunscrevem o gramado da vida, entrando no campo da conscientização política, da organização e lutas populares.
Torcedores de todo o país, uni-vos.
Um comentário:
E se todos se preocupassem com a política como se preocupam com o futebol, professor, com certeza as coisas seriam diferentes, muito diferentes.
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