sábado, 6 de setembro de 2014

Futebol e vitamina

Mais afeito ao copo do que à Copa do Mundo, tal como afirma no início do seu texto sobre “Futebol, a vitamina capitalista do povo”, publicado na revista Caros Amigos do mês passado, na página 08, Gilberto Felisberto Vasconcellos comenta sobre o esporte bretão afirmando que o “domínio do esporte da bola é internacional, assim como o do capital”.

Tese interessante e que tenho acordo. A partir dela, o jornalista, escritor e sociólogo de formação, se debruça sobre o tema, entendendo que o mesmo por ser “interclassista” e, além disso, tocar “o sentimento coletivo da Nação, unindo histericamente todas as classes sociais”, deve ser analisado seriamente. Gostar ou não gostar da Copa ou do futebol torna-se irrelevante diante dessa constatação, acrescida da “magnitude que o futebol assumiu nas sociedades contemporâneas, sejam as ricas avançadas, sejam as pobres periféricas”.

Imagem retirada da Revista Exame
Ele então parte para a análise, procurando dá a sua contribuição a este dispositivo que além de mercantil, também é bélico e geopolítico. O esporte então, no seu fenômeno mais geral e, como é o caso, específico, na sua forma futebolística, não pode ser exclusivo dos “fãs, devotos e beatos do esporte”.

Para ele, “O jogador de futebol com sua camisa descartável personifica a mercadoria, assim como esta coisifica o corpo do atleta”. Lembrando Hegel, nos informa que “na Grécia Antiga o atleta era mudo, quem falava eram os poetas e filósofos”. No entanto, destaca que “hoje, na polis do futebol, Ronaldo declara seu voto no Aécio”. Onde a ágora televisa, acrescento, responsabiliza-se em reverberar o dito.

A televisão também faz parte da sua reflexão nesse texto, onde o autor se valendo de Oswald de Andrade, nos lembra sobre o processo de videofinanceirização do capital, e anota que “A acumulação capitalista não se faz sem publicidade” nem tampouco o esporte moderno, sublinho junto com o professor Mauro Betti em seu livro “A janela de Vidro: esporte, televisão e educação física (Papirus editora)”, que nos alerta para a relação simbiôntica entre a mídia televisiva e o esporte.

Cita que “A vitamina capitalista do futebol sintoniza-se com a telenovela, a cocaína dos pobres (...)”, acrescentando que tanto a vitamina futebolística, quanto a cocaína midiática da telenovela “(...) reforçam a parada de sucesso da música popular com o medo coletivo do silêncio. Medo e horror do silêncio”. Algo que o meu cérebro rejeita, por não compreender nem o medo, tampouco o silêncio.


É a indústria cultural em ação, diria Adorno, alienando e desviando o foco da massa popular sobre a centralidade da sua luta. Essa massa, segundo Vasconcellos, deveria “(...) estudar o Manifesto do Partido Comunista de Marx e Engels, ao invés de cair na porrada lá na arquibancada do Itaquerão”.

Ele não termina o texto assim, mas bem que poderia gritar do alto da geral hoje inexistente nas ditas arenas: torcedores de todo o mundo, uni-vos!!!

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