terça-feira, 1 de abril de 2014

Ditadura, nunca mais!!!

No dia 31 de março de 1964, um golpe civil-militar derrubou o presidente João Goulart, instaurando então um regime ditatorial que iria durar 21 anos. Até hoje, passados mais de 30 anos da considerada redemocratização, os torturadores e financiadores desta repressão que matou centenas de brasileiros, encontram-se livres. Muitos, inclusive, justificam essa barbárie e criam denominações, no mínimo, perversas, como a tal “ditabranda” em oposição a ditadura.

A Educação Física, como conteúdo escolar que tinha no desenvolvimento da aptidão física e nos aspectos performáticos do gesto esportivo o seu modus operandis, servia ao regime, na medida em que educava o sujeito para o respeito incondicional às regras sociais, o desenvolvimento de posturas individualistas no contexto das competições esportivas, a “ordem unida”, entre outros elementos, pautando-se em uma base explicativa de relação causal, ou de causa e efeito, o positivismo.

Importante frisar que nem a educação física como disciplina e o esporte como conteúdo, isolados da realidade concreta da época, teriam condições de operar determinadas subjetividades. Existem as intenções que não, necessariamente, dado o caráter complexo e contraditório desta mesma realidade, se materializam.

Os sujeitos deste processo, professores e alunos, devem ser considerados como capazes de reflexão e ação contra-hegemônica, não são simples sujeitos atomizados frente ao real. Mas é importante frisar que hegemonicamente, a intenção era fazer das instâncias sociais, se quiserem, dos aparelhos ideológico do Estado (Althrusser), organismos de reprodução do ideário oficial do regime militar que estava calcado na ideologia da Segurança Nacional, do chamado Brasil Grande!!!

Em seu texto, escrito na coleção Pesquisa Histórica na Educação Física, volume dois, o professor Amarílio Ferreira Neto vai trabalhar com a hipótese “de que os militares elaboraram uma teoria pedagógica aplicada à Educação Física brasileira, tendo como referencial o estatuto da instituição militar, inclusive seu sistema de ensino e o debate teórico-metodológico realizado em torno do acesso à educação popular pela população civil. A instrução pré-militar é considerada componente curricular substantivo dessa proposta educacional, poteriormente à Educação Física”.

É apenas uma hipótese. Mas sabemos da influência da instituição militar desde a formação da Escola Nacional de Educação Física e Desporto (ENEFD), considerada a primeira escola brasileira de educação física ligada a uma Universidade, em 1939, que deu seus primeiros passos em pleno Estado Novo, “(...) sob os auspícios e égide dos militares”. Podemos, portanto, inferir sem exageros que durante muitos anos os militares influenciaram a educação física, não sendo diferente, portanto, no contexto do regime civil-militar instaurado, como já dissemos, em 1964.

Portanto, a data do dia 31 de março do referido ano não só deve ser lembrada por nós, professores e estudantes de educação física, cidadãos republicanos, como também, precisamos evidenciar as arbitrariedades de um regime que durante 21 anos matou, torturou, exilou e destruiu centenas de famílias.

Devemos, no mínimo, gritar em alto e bom som, em respeito a memória dos que lutaram por uma sociedade democrática que ainda não alcançamos: ditadura, nunca mais!!!

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