Estamos assistindo nos últimos meses, o recrudescimento dos movimentos #NãoVaiTerCopa e #DaCopaEuAbroMao, ambos questionando, de maneira distinta, os valores bilionários que foram investidos para a realização da Copa do Mundo de Futebol.
Retirado do site Dom André On Line |
Os questionamentos, no nosso entendimento, seguem por duas vias. Uma, pretende impedir a realização do evento no Brasil. A outra, procura problematizar os gastos com o mesmo, observando que setores como saúde, educação, transporte, habitação, segurança entre outros, estão a exigir maiores e melhores investimentos.
Não lembro de movimentos similares em extensão e repercussão quando da candidatura e escolha do país para sediar o evento. Ao contrário. Houve celebração. Lembro-me dos meios de comunicação transmitindo a festa do povo brasileiro nos diferentes cantos do país.
Atenção. Existiram críticas. Muitas fundamentadas em solo fértil, com exemplos abundantes do que significava sediar um evento de tamanha magnitude. Serviam - e ainda servem - de fundamentos os próprios preparativos da Copa do Mundo que se realizaria na África do Sul e o Pan-Americano realizado no Rio de Janeiro em 2007.
Mas, sublinho, não tiveram eco. As caixas de ressonâncias globais tal como estamos observando desde junho do ano passado, estavam silenciadas. O que nos faz pensar sobre a natureza e a intencionalidade destes movimentos.
Retirado do Instituto Humanista Unisinos (IHU) |
Um, necessário, levanta bandeiras fundamentais para a existência humana. Coloca no centro a contradição do sistema capital, interessado na sua produção e reprodução e colocado em movimento, é importante frisar, desde quando o Brasil pleiteou sediar a Copa.
O outro, que não porta nenhuma bandeira, apenas spray de pimenta, coquetel molotov, difundindo a necessidade "pura" e "simples", sem mediações, de que não vai ter Copa, que impedem até setores organizados de levantarem suas bandeiras específicas, apresenta-se para confundir, desviar, obscurecer e esvaziar a luta.
No meu entendimento, vai ter Copa. E podemos ter mais do que isso e não me refiro ao Hexa. Podemos aproveitar o momento histórico para ampliar a consciência de classe. Nesse sentido, os gritos de #NaoVaiTerCopa e/ou DaCopaEuAbroMao, somados aos #VaiTerCopa e #CopaDasCopas, esses dois últimos oriundos dos simpatizantes do governo federal, não ajudam muito.
Estudos da Fundação Getúlio Vargas, por exemplo, demonstram que a Copa do Mundo trará lucros e divisas importantes para o país. Nesse sentido, interessa saber é #QuemFicaComOlucro.
6 comentários:
Grande Welington! Ótima postagem.
Sempre me coloquei a pensar no #NãovaiterCopa como uma estratégia daquelas que atuam na subejtividade mesmo. jamais imaginei que alguém em sã consciência acreditasse que do dia para a noite teríamos força para barrar este megaempreendimento. Isso poderia acontecer em momentos específicos de acensão ou numa grande tragédia. Ainda assim, nos dois casos, sabemos (e, se não me engano, isso aconteceu no México), a Fifa guarda sempre uma carta na manga: outra sede já pronta para absorver o evento em tão pouco tempo. Coisa que, lógico, deve golpear a corporação, mas nada que impeça o evento. De qualquer forma, vejo com bons olhos as mobilizações, mesmo as desorganizadas. Lembremos de um pilar básico de uma revolução: levante espontâneo das massas. É neste, e não contra este, que devemos "organizar". Vou, portanto, na contramão do que falou o Stédile quando ao defender que é bobagem lutar contra a Copa, comparou os gastos com o juros dos bancos e, de fato, sequer os gastos com Copa "relam" no que o país gasta com a Copa. Mas parece que o líder do MST foi mordido pelos mesmo "mosquito" que mordeu o PT em sua maioria: "o mosquito dos números absolutos". Se compararmos os gastos com Copa com aquilo que se gasta em esporte para a maioria, teremos uma nova visão. Ou, se compararmos com os gastos na infra estrutura das escolas, nova visão...e assim sucessivamente. Concluo concordando com você de que é o momento de trabalharmos para acirrar as contradições; fazer ranger o quanto contraditório é uma política que carrega nosso nome, mas é incapaz de se vestir com nossos sonhos. Grande abraço!
Onde disse: "sequer os gastos com Copa "relam" no que o país gasta com a Copa." entenda "sequer os gastos com Copa "relam" no que o país gasta com os juros dos bancos."
Elson. Obrigado pela participação e comentário. Tem uma coisa que tenho minhas dúvidas. Sobre o tal "levante espontâneo das massas". Sei não. Parece-me que não é tão espontâneo assim.
Abraços
Penso que a demora nas manifestações seja reflexo da própria cultura do povo brasileiro de sempre deixar tudo para última hora, sempre acreditar que as coisas podem melhorar sem que nós tenhamos que levantar do sofá.
Além disso, acredito em mais dois outros pontos que retardaram os movimentos, são eles:
1) A esperança que alguma coisa boa pudesse “sobrar” para a gente, e aí me refiro à mobilidade urbana, plano de segurança, entre outros. O que aconteceu é que chegamos na porta da copa e nada disso foi feito, ou seja, nem o mínimo daquilo que poderíamos usufruir não aconteceu.
2) Não adiantava manifestar sem ter “holofotes”. A copa das confederações foi o momento de usar a mídia mundial, ou as mídias, para dizer para o mundo que aquilo que havia sido prometido não estava sendo cumprido.
Aproveito para dizer que quando foi a “MAIOR DESSAS PROMESSAS” foi que essa seria a copa da iniciativa privada, mas já existem relatórios do tribunal de contas da união que constatam que os gastos com a copa do mundo terão 98,5% pagos pelos cofres públicos.
Outra grande mentira, foi a previsão com os gastos da copa. Ainda temos muito tempo para finalizar os gastos com a copa, mas podemos tomar como base a copa das confederações, orçada em R$ 414 milhões e que custou R$ 3,7 bilhões aos cofres público.
Enfim, muita coisa mudou desde o anúncio da copa do mundo no Brasil até agora. Muita coisa foi prometida, mas pouco coisa foi cumprida.
Não acredito que manifestar agora irá acabar com a copa do mundo, mas tenho certeza que manifestar agora é melhor do que não manifestar.
Referência: Revista Época
http://epocanegocios.globo.com/Revista/Common/0,,ERT220450-16418,00.html
Muito boa postagem, professor Welington. Aliás, como sempre.
fifa, politicos corruptos, especulação imobiliaria, empreiteiras, grandes empresarios, e se sobrar alguma migalha, os trabalhadores
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