Licenciado em Educação Física pela Universidade Estadual de Feira de Santana em 2006, onde também leciona, o professor Elson Moura Dias Júnior (foto) é especialista em Metodologia do Ensino pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e Mestre em Educação pela Universidade Federal da Bahia (UFBa).
O referido professor é um estudioso da educação/educação física, principalmente do conteúdo Lutas e suas possibilidades didáticas no processo de ensino e aprendizagem, defendendo a abordagem crítico-superadora, a pedagogia histórico-crítica e a psicologia sócio-histórica como fundamentos essenciais para a organização do trabalho pedagógico no interior da escola.
Já tendo ministrado palestras, seminários e cursos em diversos evento locais e nacionais, o professor Elson socializa para os leitores deste blog um texto síntese de mais uma das suas atividades, desta feita, no Centro de Educação Física e Esportes da Universidade Federal da Bahia.
Vamos ao texto que está transcrito logo abaixo. Aproveito para mais uma vez agradecer ao professor a gentileza e o esforço de síntese que precisou empreender, já que no original o material tinha 24 páginas.
Este
é um texto síntese de uma produção maior que teve o objetivo de
instrumentalizar a intervenção na atividade “UFBA na Copa”, tendo como tema
“Das lutas populares às lutas nas Olimpíadas” (Atividade organizada pela
LEPEL-UFBA, 21 de janeiro
de 2014, no CEFE da UFBA).
Intervenção que também cumpriu o papel de se inserir nos projetos “Reformulação
curricular. Eixo Práxis. Conteúdo específico Lutas.” e “Pratica do Ensino IV.”
Para
tal, optamos politicamente e teoricamente por sistematizar o trato pedagógico
com as lutas, a partir das premissas da abordagem critico-superadora (COLETIVO
DE AUTORES, 1992).
Dividimos
a intervenção em quatro momentos (interligados): 1- Gênese das lutas; 2- Histórico:
as lutas nos diferentes modos de produção; 3- As atividades principais da
aprendizagem e o ensino das lutas; 4- A organização do conhecimento lutas nos
ciclos ou graus, ou séries de ensino.
Sobre
a gênese, divergimos de algumas produções – e do senso comum - que afirma que a
luta sempre existiu. Nossos estudos apontam que a luta sistematizada - embrião
das lutas atuais - tem origem no momento em que a sociedade é cindida em classes
e aquilo que antes era uma ação dos seres humanos em direção à natureza, passa
a ser dirigida a outros seres humanos, ou seja, proprietário contra não
proprietários dos meios de produção.
Sobre
a relação entre o modo de produção e as lutas, pegamos como exemplo singular
uma época importante do Japão: a era feudal/xogunato
(1100 - 1868) e a transição para a era capitalista/meiji. As características da era feudal/xogunato foram determinantes para a criação e desenvolvimento das
artes de guerra (o budo), tendo como
destaque os Samurais. Também, a transição para a era capitalista/meiji influenciou na transformação de
algumas lutas. O exemplo do Judô nos é bastante representativo. O seu criador
(Jigoro Kano), além de lutador, um cientista político, observou as mudanças de
ordem econômica, reproduzindo-as na nova luta.
Imagem retirada do redes.moderna.com.br |
A
“transposição” para a organização pedagógica nos coloca a responsabilidade de
um posicionamento em relação à contradição novo/velho nas lutas e a
sistematização das atividades. Seria impertinente defender que os homens e
mulheres atuais devam percorrer todo o caminho de produções para chegar a uma
síntese atual. Embora isto não seja totalmente descartado – para questões
especiais- defendemos o ensino/aprendizado dos “traços essenciais” das
produções humanas como forma de apropriação da produção histórica do conjunto
da humanidade.
Como a
quantidade de modalidades pode se tornar quase que infinita, podemos agrupá-las
a partir da distância entre os oponentes. Nisso temos lutas de longa, média e
curta distância. No primeiro caso, temos a distância impondo a necessidade de
um prolongamento do corpo, de armas. No segundo caso, as lutas em que a
distância, de um lado, não exige armas, de outro, não permite inicialmente o
agarramento (karate, capoeira, tae kwon do, boxe, kung fu, etc.). Por fim, nas
lutas de curta distância, os oponentes estão em contato pleno (judô, jiu jitsu,
sumo, Greco romana, aikido, etc.). Tais traços se desdobram em técnicas
particulares de cada grupo.
Por
fim, na sistematização a partir dos ciclos propostos pelo Coletivo de Autores,
apontamos: no primeiro ciclo, “organização
da identidade dos dados da realidade”, cabe ao professor, ao passo que
identifica o entendimento – sincrético - dos alunos sobre o que é luta,
organizar atividades que permitam uma primeira aproximação ao conteúdo. É o
ciclo onde os traços essenciais são propostos a partir dos “jogos de combate”.
Aqui ele começa a entender a oposição como elemento que vai acompanhar sua
relação com as lutas.
No
segundo e terceiro ciclo, “iniciação à
sistematização do conhecimento” e “ampliação
da sistematização do conhecimento”, ainda que possamos manter os “jogos de
combate” em um patamar superior, esta é a fase de ampliar o conhecimento. Aqui
é o momento de tratar das lutas a partir dos três grupos que apresentamos:
longa, média e curta distância.
Por fim, no quarto ciclo, que se caracteriza pelo aprofundamento da sistematização do conhecimento, "(...) o aluno adquire uma relação especial com o objeto que lhe permite refletir sobre ele". Aqui, mesmo que mantenhamos as atividades advindas do primeiro ciclo, garantindo as diferenças de desenvolvimento, realizamos um duplo movimento: aprofundamos o entendimento das lutas no sentido restrito, bem como garantimos
a discussão de temas transversos.
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