Os dirigentes do atletismo nacional encontram-se ansiosos. É que após 24 anos à frente da Confederação Brasileira de Atletismo, o senhor Roberto Gesta promete eleição para o cargo. Será que os ventos egípcios estão soprando no ouvido do dirigente mais longevo das confederações existentes no país e influenciando o seu espírito democrático?
Parece que não é bem assim. Leia o que foi publicado na Folha de São Paulo de hoje sobre o assunto.
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Eleição antecipada provoca polêmica
ATLETISMO
No comando da CBAt há 24 anos, Roberto Gesta quer mudar fórmula do pleito que o tira do poder
DANIEL BRITO
DE SÃO PAULO
O presidente da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo), Roberto Gesta de Melo, 65, tornou-se alvo de polêmica ao tentar mudar as regras das eleições da entidade que comanda há 24 anos.
Mais longevo dos presidentes de confederações esportivas do país (desde 1987), ele quer antecipar em um ano o pleito, mas o novo dirigente seria efetivado somente um ano após ser eleito.
A eleição seria no começo de 2013, início de um novo ciclo olímpico, e o vencedor assumiria em um mês. Gesta quer que o pleito seja em 2012 e que seu substituto ascenda ao cargo só em 2013.
Nesse intervalo, Gesta ficaria no poder e acompanharia os atletas da modalidade nos Jogos de Londres-12.
Há nove meses o dirigente costura com presidentes das federações a nova fórmula.
Essa será a primeira eleição da CBAt em 24 anos na qual que ele não se candidatará, conforme Gesta revelou em setembro passado.
Pelo menos sete Estados já se manifestaram contrários à medida, porém são 44 votantes, entre eles técnicos, árbitros e medalhistas olímpicos. A proposta será colocada na pauta da assembleia geral de quarta-feira, em Manaus, sede da confederação.
A Folha conversou com alguns dirigentes que criticaram a manobra política, mas pediram para que seus nomes não fossem publicados.
Único que aceitou falar publicamente, Carlos Alberto Lanceta, presidente da Federação de Atletismo do Rio de Janeiro, diz que os dirigentes estaduais temem sofrer represálias.
"Se Gesta quer sair, que saia logo e não fique procurando subterfúgios para largar o osso", atacou Lanceta.
O dirigente fluminense diz acreditar que, ao mudar a eleição, o presidente da CBAt criará um salvo conduto para o caso de um fracasso brasileiro em nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012.
"Se o Brasil for mal, ele vai dizer: "Estou de saída, o próximo presidente da CBAt que deve responder o que será do atletismo do país daqui para a frente".", citou Lanceta.
"Se formos bem em Londres, Gesta poderá dizer: "Está vendo o que eu fiz?"."
Por telefone, Gesta disse que o formato a ser debatido na assembleia de quarta já foi usado em ciclos olímpicos anteriores, mas não soube informar quando isso ocorreu. O dirigente não assumiu a autoria da nova fórmula.
"Se mudar a fórmula da eleição, vai ser como era antigamente. Não sei quem propôs. Mas a assembleia geral decidirá qual é a melhor opção", tergiversou o cartola.
"Em um ano, o presidente eleito e a nova diretoria teriam tempo suficiente para conhecer o funcionamento da confederação. Esse é o lado positivo", declarou.
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