O meu amigo Houaiss me ensina que o termo aposentadoria é um sufixo feminino que pode significar duas coisas: i) afastamento de uma pessoa do trabalho por invalidez ou por já ter completado o tempo de serviço estabelecido por lei e ii) remuneração mensal recebida pelo aposentado.
Aos 34 anos de idade e após dezenove anos de carreira, o ex-atacante do Corinthians Paulista parou. Muitos já apostavam que isso ia acontecer no final deste ano. Nós mesmos aqui no blog postamos um texto em que mencionávamos este fato (Veja aqui). Mas o mesmo antecipou-se à todas as previsões.
É fundamental ressaltar a importância deste jogador para um país considerado por um dos seus maiores cronistas esportivos como "a pátria de chuteira". Talvez isso explique a forma como diversos torcedores e torcedoras, do Corinthians ou não, vinham se referindo àquele, que em um tempo não muito distante, era ovacionado pelos mesmos que atualmente o repudiam. Uma verdadeira cena de casamento infeliz, onde o amor se metamorfoseou em ódio e os aplausos se transformaram em vaias. Uma injustiça, penso eu, para com aquele que nos trouxe muitas alegrias e junto com os seus companheiros de profissão, o pentacampeonato mundial, quando fez os dois gols frente à Alemanha em 2006.
Diante da pressão dos torcedores e, fundamentalmente, de um legado colocado em risco pelas suas poucas e pífias participações em campo nos útlimos meses (em 2010 Ronaldo jogou apenas 19 partidas), o inevitável aconteceu: a separação ou, como querem alguns, a aposentadoria.
Na minha humilde opinião, esta se consumou não em função do problema de hipertireoidismo que o obrigaria a tomar drogas que poderia levá-lo à punição por doping. Esta versão já foi desconstruída. Nem tampouco foram as várias lesões e cirurgias já alegadas por ele mesmo em outros momentos difíceis da sua carreira de atleta. O que o fez parar, na minha hipótese, foi o seu negócio, a sua empresa de marketing esportivo 9INE, lançada no mês de setembro de 2010.
Ronaldo transcendeu a ele mesmo e virou um mito, uma lenda, uma marca. Ressurgiu das cinzas tal como Fênix por várias vezes para se transformar no rei Mida, e como tal, obrigado a parar antes das mais otimistas previsões. Para quem vai cuidar da imagem de outros atletas profssionais, a primeira que tem que ser preservado é a sua mesma.
7 comentários:
Caro professor
Excelente a sua reflexão acerca do atleta Ronaldo. É muito difícil, penso eu, para quem vive das glórias das quadras ou campo, parar, sair de cena e cair no esquecimento, como já aconteceu com vários tantos. Acredito que o negócio tenha pesado bastante, já que a marca Ronaldo deve estar associado a algo positivo (o que você já destacou em sua postagem). Os atlteas começam cedo e cedo precisam se retirar, pois o corpo é muito exigido, diria, penosamente, violentamente exigido quando são garotos ainda. É que só vemos quando chegam nos grandes clubes.
Ola,apenas uma retificacao, Nelson Rodrigues nao chamou o Brasil de 'patria de chuteiras' (ate porque somos e jogamos mais descalcos do que de chuteiras...),mas sim criou esta denominacao para se referir a selecao brasileira masculina de futebol. Um abracao, Jorge
Ronaldo consegue seu um FENÔMENO até mesmo na aposentadoria: aposentou-se aos 34 anos de idade e não morrerá de fome, ao contrário, aposentou-se para continuar ganhando cada vez mais dinheiro. Parabéns, Ronaldo!!!!!!!!!!!!!!!!!
Glória
Como empresário e um pouco conhecedor de marketing aplicado em negócios, discordo que tenha sido o negócio o fator mais forte da decisão do Ronaldo de se afastar agora. Caso fosse isto ele teria se afastado (e poderia)antes de ter o desgaste de internalizar comentários desagradáveis sobre a queda de sua performance. Principalmente daqueles que, impossibilitados de encantar o povo com boas jogadas, prestam-se a comentar a fragilidade dos atletas esquecendo do que já receberam dos mesmos. Acredito realmente que ele se afastou agora foi porque observou que não teria mais a força fisica necessária para obter sucesso em uma nova superação.
O Brasil tornou-se referencia mundial no assunto futebol (esporte criado pelos ingleses), pela genialidade de seus atletas e não pelos negócios feitos em torno dele. Se Ronaldo tornar-se (ou não) o homem mais rico do pais será um fato menos importante do que o legado que ele deixa para a história do futebol. Um legado que beneficia todos que atuam (mesmo apenas como comentaristas) nesta área.
Axé.
Olá meu nobre Welington!
Estou sentindo falta das suas aulas, dos debates em sala..
Como vc está? Manda notícias.
Abraço foorte'
fik com Deus
Fiama
Alguém aí acredita em Papai Noel, Coelhinho da Páscoa, Cegonha com bebê no bico, Saci, Boitatá, Curupira, Caipora...
O que Ronaldo deu a futebol, o futebol deu em dobro ao Ronaldo. O Fenômeno não é um coitadinho que viverá de um salário mínimo ao se aposentar. O Brasil não deve nadica de nada ao Ronaldo. Ao contrário, ele foi e será muito bem recompensado por tudo. O mesmo não acontece com os milhões de aposentados do Brasil. São com esses que o Brasil tem uma dívida social. São com esses que o Brsail tem que se preocupar. São esses que o Brasil tem que colocar também no noticiário. São esses que são verdadeiros heróis. Realmente, concordo com Glória: ele conseguiu ser um Fenômeno até mesmo na aposentadoria. Muitos jogadores brasileiros que fizeram história na Seleção Brasileira ( e foram GENIAIS )não tiveram o privilégio de se aposentarem tão bem como Ronaldo. Ronaldo tem seu mérito, tem seu valor. Injustiça não reconhecer isso. Injustiça também é colocá-lo como um coitadinho que foi obrigado a parar de jogar e agora não sebe como vai ver. A aposentdoria de Ronaldo não foi uma coisa impensada, um ato de loucura. Ele soube sair do campo na hora certa.
Kuat
Imagino que quando alguém faz um comentário no anonimato seja porque não queira assumir responsabilidades sobre o que fala. E também não se interessar por receber um retorno de quem por acaso o leia. Porem entendo que se participo de algum debate não devo ignorar os equivocos que dele emergem. Não vi nenhum comentário aqui afirmando ser o Ronaldo um coitadinho que foi obrigado a se aposentar. Mas entendo que esteja em oauta aqui o que ele FEZ (não deu) pelo esporte. E o que mereceu receber de retorno das grandes comunidades amantes do esporte futebol no mundo. O prestigio que ele obteve (e o que o tornou milionário) foi construido por simpatias e admirações geradas pelos diversos atores (atletas, dirigentes e torcedores) destas comunidades. As entidades ou instituições envolvidas e com poder de influência sobre o sistema de aposentadoria nacional não tem nada a ver com isto. Quem se incomoda com o dinheiro com isto, não pode esquecer a diferença abismal entre a genialidade dele e a mediocridade de milhares outros, na forma de emocionar e de atender os que alimentam e mantem em evidência este esporte.
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