domingo, 2 de janeiro de 2011

A pobreza, a miséria e o esporte

Ontem, 01 de janeiro de 2011, início do fim da primeira década do século XXI, tomou posse no Congresso Nacional a senhora Dilma Vana Rousseff, de sessenta e três anos. A primeira mulher presidente da República do Brasil.

No discursos fez menções ao gênero, enalteceu o governo do seu agora antecessor e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e fez, é claro, promessas. Dentre elas a erradicação da miséria e a transformação do Brasil em um país de” classe média sólida e empreendedora”. Seja lá o que isso signifique (Leia o discurso na íntegra clicando aqui).

O ex-presidente, por sua vez, ao descer a rampa do Planalto foi para os braços do povo que o consagrou como o presidente mais popular do país, deixando-o com um patamar de quase 90% de aceitação do seu governo. Na Base Aérea de Brasília mais abraços no povo e a audição, antes de embarcar para São Paulo no Aerolula, do “Tema da Vitória” e do hino do Corinthians.

Aqui na Bahia, tomou posso na manhã de sábado no plenário da Assembléia Legislativa, para o seu segundo mandato frente ao governo do Estado, o senhor Jaques Wagner (PT). A cerimônia foi mais cedo do que o costume, já que o governador, eleito com 63,8% dos votos válidos , iria participar da cerimônia de transmissão de cargo do presidente Lula para sua sucessora, Dilma.


Entre o discurso de Dilma e o de Wagner nas suas respectivas cerimônias duas coisas em comum: a questão social e esportiva. Se Dilma quer a erradicação da miséria, Wagner quer continuar diminuindo a pobreza. E se este evidenciou a construção da nova arena da Fonte Nova e outras obras visando à preparação da Bahia para a Copa do Mundo de 2014, àquela, na presença de Jacques Rogge, presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), declarou apoio à realização dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro.

Podemos inferir, com base nesses episódios, que o esporte será um elemento substantivo nos governos, principalmente os dos Estados que terão a oportunidade de sediar megaeventos. Aliás, esses elementos deveriam se imbricar. O discurso sobre a diminuição da pobreza e/ou erradicação da miséria deveria ter na política esportiva nacional uma ancoragem, pois levantamento feito pelo Núcleo de Estudos da Saúde, da Previdência e da assistência Social da Embrape e Fundação Getúlio Vargas demonstra que para cada um real investido em esporte existe um retorno de oito reais e cinqüenta e nove centavos em alavancagem social (saúde, educação, luta anticrime, inclusão social e outras atividades fins – BERTINI, Alfredo. Economia da Cultura: a indústria do entretenimento e o audiovisual no Brasil. Editora Saraiva, 2008, p. 54).

Agora, observem. A citação do estudo diz respeito a investimentos em esporte, no genérico, e não e tão somente naquele adjetivado de rendimento ou de competição, como parece ser costume o Ministério dos Esporte privilegiar e que, tudo indica, o faz muito mal, pois apenas 32,62% do orçamento disponível para o Ministério do Esporte foi gasto. Ou seja, dos R$ 2.229.479.471,00, disponível para a pasta em 2010, apenas R$ 727.344.828,18 foram gastos, isso até o dia 19 de dezembro. E destes, pasmem, o montante de R$ 423 milhões foram gastos em pagamento de contas passadas. Ou seja, do 1/3 do orçamento executado, mais de 50% deste foram gastos para pagar contas de 2009.

Erradicar a miséria, diminuir a pobreza, devem ser partes de objetivos mais amplos, pois esses indicadores sociais são produtos de uma política concentradora de poder e de ampliação dos privilégios que há muitos anos vem sustentando o parlamento nacional, as assembléias estaduais, bem como as câmaras municipais. E essa mesma política, marcada pela concentração e ampliação dos privilégios é a tônica das ações voltadas para o desenvolvimento das políticas de esporte e lazer do país.

14 comentários:

Anônimo disse...

Wellington é Rivelino. mandei para voce um material referente a copa do mundo de 2014. depois eu mando mais.
Em relação a sua postagem, eu concordo plenamente com você, basta agente olhar para nossa cidade ITABUNA, como eu já falei anteriormente para você estão querendo acabar com a secretaria de esporte, e tudo indica que o prefeito vai unir a secretaria de esporte com outra secretaria. agora imagine quando a pasta era somente do esporte eles não fizeram nada, imagine juntando tudo em um balaio só.
Nossas quadras estão abandonadas, o esporte amador está sem motivação alguma, a construção do campo para disputa do interbairros não sai do papel, o time do itabuna está na segunda divisão.
O esporte em nossa cidade está abandonado.
E em relação ao país não é diferente, só existe patrocinio para os atletas de alto rendimento, e muitas vezes até para eles faltam.
Exemplo da ginastica, que sobrevive com enormes dificuldades.
Um abraço do su amigo.
LEIAM MEU BLOG http://rivelinosantos.wordpress.com/

Estudantes de Educação Física disse...

É meus nobres!
É com um olhar triste e ao mesmo tempo de esperança que penso hoje no esporte nacional, digo isso pelo esporte amador que pouco tem estimulo das instâncias governamentais, e este esporte ainda sem muito incentivo sobrevive, mas o que falar do esporte adaptado temos grandes recordistas mundiais que nem são reconhecidos pelos seus próprios compatriotas, conhecemos mais a rotina do norte-americano Michael Felps que a do Daniel Dias que acumulou medalhas e mais medalhas na última Paraolimpíada.
E na Bahia alguém ouviu falar do II° Campeonato Baiano de Basquete Sobre Cadeira de Rodas? Ficaram sabendo que só participaram 4 equipe? É muito fácil discutir estes problemas, complicado solucioná-los!!! Mas nós estamos levando mesmo que aos trancos e barrancos.

Welington disse...

Rivelino. Tenho ficado cada vez mais triste ao visitar Itabuna. Esta situação que relata sobre o esporte na cidade é mais uma expressão do descaso do poder público para com a cidade como um todo.

Welington disse...

Rafa, não fiquei sabendo deste fiasco relatado por vc. Se tiver maiores informações e quiseres escrever sobre o tema o espaço do blog está aberto. Sinta-se a vontade em escrever, em relatar o acontecido que terei o maior prazer em disponibilizar aqui no nosso blog.

Elson Moura disse...

Grande Welington e demais!!
Um 2011 de luta!
Em relação às propostas de Dilma, Wagner etc., a minha descrença em que tudo isso possa ser realizado sob o solo Capitalista, na verdade, não reflete um descrédito na possibilidade de mudança. Pelo contrário, aponta para a necessidade de uma mudança radical, do tipo que põe fim às relações sociais atuais. 8 anos de Lula não apontaram concretamente para este objetivo histórico.
Eu pergunto: como socializar a comida, o esporte, etc. tendo estas produções humanas o caráter de mercadoria?
Este é o nosso “mau”; não estaremos nunca satisfeitos enquanto não tiver fim a sociedade das mercadorias e da propriedade privada. Por mais que se tenha um “Bolsa família” aqui, um “aumento de salário” ali, um “2º Tempo” acolá.
Lógico que isso não quer dizer que não tenhamos pautas específicas ainda dentro dos limites da ordem. Temos algo a conquistar.
Mas precisamos superar (que não quer dizer romper)as mudanças de ordem específicas/imediatas/limitadas.
Sendo assim (como você me ensinou) aponto: 1- do ponto de vista imediato: o maior financiamento para o esporte lazer/participação (específicas/imediatas/limitadas); 2- do ponto de vista mediato: ampliação do padrão esportivo da população; e 3- instauração do socialismo para que as produções humanas (entre elas, o esporte)percam seu caráter de mercadoria e mantenham apenas seu caráter de valor de uso (produções humanas para satisfazer necessidades do estômago e da imaginação).
Aí sim comemoraremos o NOVO TEMPO!!!
Abraços a todas e todos

Fábio Santana Nunes disse...

Parabéns pelo texto, neste inicio de ano farei com os estudantes lá em Jacobina algum trabalho envolvendo seu site. ahhh está virando um marqueteiro e tanto, até slogan: " O esporte para além das fronteiras táticas e técnicas".
Está estimulando-me a escrever sobre o assunto.
Ótimo ano para você e para todos que aqui debatem.

Anônimo disse...

O novo layout (é isso mesmo?) do blog ficou a sua cara, professor. Só resta saber se esta é a sua famosa estante...rsrsrs. Parabéns pela postagem e um 2011 repleto de novas matérias esclarecedoras.

Deraldo

Professor Antonio Costa disse...

Estimado Professor,

Parabéns pelo novo visual do Blog.Gostei do conceito.Os livros na estante já nos convidam à novas leituras. É como se estivéssemos numa biblioteca. Perfeito!
Boa sorte ao "novo" Governo e que Dilma contribua significativamente para o desenvolvimento do nosso País.
Abraços.
Antonio Costa (ex-aluno Unijorge, turma de 2006).

Welington disse...

Caro Antônio. Prazer em "vê-lo" por aqui. Eu não diria nada melhor sobre o CONCEITO, como vc chamou, do blog. Os livros na estante nos convidam à novas leituras. Espero que estejas sempre por aqui nos ajudando nestas leituras. Abraços fraternos e um 2011 de plenitude.

Anônimo disse...

Amei o novo "visual" do blog. Lembrei imediatamente de seu pai, Wel. Tenho certeza que em sua estante tem lugar para Assis, Amado,Queiróz, Meireles, Assaré, Alves, Ramos, Veríssimo, Cunha... Pessoas que - assim como o Prof. Cardoso - amavam os livros e a leitura. Sei que o e-book é uma realidade, mas nada substituíra o prazer de ler um livro impresso. Preciso dizer que o Lula não fez do livro um custo, mas um investimento. Recebemos muitos livros em seu governo. Os escritores africanos já estão se tornando nossos conhecidos e os brasileiros estão cada vez mais nossos "íntimos". Torço para que a presidenta Dilma prossiga com a política de mandar tesouros (é assim que chamamos as caixas de livros do MEC) para nossas escolas. Ó pai ó, sai completamente do assunto, mas não resisti... vai desculpando aí. Muitas leituras em 2011, é o que desejo para todo mundo, mesmo tendo o computador como "companheiro".


Glória

Welington disse...

Valeu, Goi. Obrigado pela lembrança de Cardosão e pela sua presença constante.

Itajaí Santiagfo disse...

Relacionei o seu texto welington com a minha cidade,Riachão do Jacuípe, onde encontra-se, atualmente, comoum ginásio de grande porte, lacrado pelo CREA, um estádio totalmente depredado, e querem colocar o time na segunda divisão do baiano( onde vai jogar eu não sei). A atual administração conseguiu a proeza da não renovação do contrato do Programa Segundo Tempo. Então o que vemos é isso aí, total descaso com as instalações esportivas assim como o esporte, acima de tudo quando o estado repassa ao municipio a obrigação de gerenciar os patrimônios públicos.
Acontece é que o prefeito administra o dinheiro como ele bem entender, é ai que se faz o diagnóstico do problema.

Itajaí Santiago, 5° semestre, Edu. Físisca - UEFS.

Jornal Podium disse...

Welington, boa tarde. Estamos lançando um jornal sobre esportes.
Gostaria de sua autorização para usar alguns trechos de suas matérias (com crédito a você).
Caso afirmativo, me informe seu e-mail que passarei mais informações.
Obrigada,
Renata Lemos

Welington disse...

Olá, Renata. Obrigado pelo contato e gentileza. Meu email é:
welingtonaraujo@gmail.com
Abraços e aguardo o contato.