Dia 02 de outubro, sexta-feira, conheceremos, finalmente, a cidade que abrigará os Jogos Olímpicos de 2016.
O Rio de Janeiro, como sabemos, é uma das cidades que pleitea a condição de sede dos Jogos. Supondo que seja a escolhida, a chamada Cidade Maravilhosa precisará, tomando como referência o orçamento atual, da bagatela de 38 bilhões de reais. Vou dizer de novo, por extenso: trinta e oito bilhões de reais.
Este é o valor que se encontra no Caderno de Encargos. O dinheiro servirá para os gastos com atividades fins (administração, competição, premiação entre outros e também, de infraestrutura como a de mobilidade urbana, aeroporto, etc.
Bem, como sabemos pela experiência de 2007, com o Pan-americano, este valor pode dobrar, mesmo quando observamos que ele já é um valor atualizado, ou seja, projetado para 2016 tomando como referência o ano de 2008.
Por hipótese, os Jogos nesse ano (2008) custaria vinte e oito bilhões e oitocentos milhões.
Daqui para 2016, teremos muita água rolando pelas baías poluídas do Rio. Algumas eleições municipais, estaduais e federais e os ventos sempre incertos da economia capitalista.
Em maio deste ano pautamos vários argumentos sobre este assunto (Rio 2016: vale mesmo apena?; Rio 2016: II parte e Rio 2016: III parte ), sempre argumentando contra o evento e favorável a aplicação dos recursos a questões estruturais e estruturantes do desenvolvimento humano.
O esporte, sabemos, transformou-se em uma grande mercadoria, potencializada pela quantidade de valor que podemos agregar a ela que vai desde o campo do lazer e entretenimento, passando pela área da responsabilidade e inclusão social, entrando nos aspectos do treinamento e rendimento físico entre outros.
Algum país vive em guerra? Esporte nele. Crianças vivem no mundo das drogas. Resolva o problema com doses homeopáticas de esporte. Problema de baixa autoestima? O menino e a menina não vão bem na escola? Tempo ocioso? Esporte, esporte e esporte.
Estamos (re)vivendo o que a Carmen Lúcia Soares chama de "receita e remédio para todos os males da sociedade" no seu livro Educação Física: raízes européias e Brasil.
No dia 02 de outubro, aproveitemos que é uma sexta-feira, vistamos branco e convidemos os orixás a bater um baba. Quem sabe o esporte não convence aos mesmos que o melhor para o Rio e para o Brasil é um outro direcionamento das verbas públicas?
9 comentários:
seus artigos/comentarios, excelentes e com explicacoes que nao deixam duvidas sobre a sua veracidade. Parabens!
Não tenho dúvidas que a vinda dos Olímpiadas para o Rio em 2016, trará benefícios econômicos imediatos para a cidade e o país, os resultados estimados para geração de emprego e de negócios afirmam isto, o que preocupa é as custas de quem isto irá acontecer? Quais serão e como serão os projetos antes e pós olimpíadas que irão beneficiar a população brasileira no sentido de políticas públicas para o esporte e lazer? Quais intervenções gorvenamentais serão feitas para melhorar o ensino do nosso país? Isso inclui é claro a Educação Física na Escolas. Caso seja confirmada a presença do Rio não percarmos a oportunidade de ocupar criticamente os espaços de intervenção, debates, ações e apresentar propostas para que possamos amenizar os efeitos do Rio 2016 na carente população brasileira.
Tenho minhas dúvidas, Jaderson, e gostaria muito de está errado. Mas as evidências históricas apontam para um outro aspecto: benefício econômico e social para poucos no plano de médio e longo prazo. Há uma contradição na sua própria "fala", na medida em que você confia nos benefícios mas tem dúvida sobre quem pagará a conta. Uma outra coisa, amigo. Como acreditar tão fortemente como você acredita em "resultados" baseado em prognósticos feitos por quem quer que aconteça a competição? Não caberia aí ao menos uma dúvida? E a experiência do Pan-americano, não serve para fazermos uma avaliação radical (no sentido de ir à raiz do problema) do que dizem que vai acontecer?
Pensemos nisso.
Wellingtn você consegue fazer comentarios e explanações bastante proveitosas a cerca do esporte, porém quando falamos em entidades religiosas sejam elas quais forem, é bom não direcionar muito, pois um material comunicativo como blog, é frequentado por pessoas de diversas religiões e ações, quem podem ser bem extremistas quando provocadas, refiro-me a colocação que fez ao "convidar os Orixás à bater um baba", posso ter não interpretado da forma correta, mas não vejo esta colocação com bom olhos, até porque esta religião já é bastante recriminada pela sociedade católica e evangélica que são hegemônicas no "ESTADO LAÍCO" chamado Brasil.
Rafa, muito obrigado pela consideração e observação. No entanto, como já explicitei a minha posição sobre religião, crença e fé em outras postagens, sinto-me a vontade em fazer alusões como a que fiz. Observe que o fato de ser na sexta-feira o anúncio do objeto da minha reflexão é que me faz reportar aos Orixás pois este é o dia tradicional de homenagem à aquele que criou o mundo e a espécie humana (Oxalá) e o que está em jogo quando colocamos o dinheiro público em benefícios de setores privados é a espécie humana e, no limite, o próprio mundo, pois esta relação do modo privado de produzir a nossa existência, faz parte, cada vez mais, da chamada crise estrutural do capital, que coloca na pauta a urgência do debate socialismo ou barbárie!!!
Mais uma vez obrigado pela atenção e continue nos visitando, sempre atento aos nossos eventuais deslizes. Abraços.
Ao contrário de Rafa, fiquei maravilhado exatamente pela ousadia , inteligência e sensibilidade do Prof Welington perceber que existem pessoas no Brasil que não fazem parte da sociedade católica e nem da sociedade evangélica e que essas pessoas estão cansadas da primazia das religiões
"brancas" na mídia.
As pessoas têm que procurar saber mais sobre os orixás, pois os mesmos têm muito que ensinar.
Pela primeira vez tive a coragem de participar de um blog porque me senti comtemplado nas imagens e no comentário do Professor. Diga-se de passagem que moro na cidade mais negra do Brasil e foi a primeira vez que me vi reconhecido em um blog de forma respeitosa, sem desrespeito as crenças de ninguém.
Professor, eu sou desrespeitado pela cor da noite que tenho;pelo cabelo crespo que tenho; por frequentar o terreiro e não a igreja , nem o templo, nem a mesquita; por ter como herói Zumbi e não a Princesa. Que sabe na pele o que é ficar sempre na reserva. Eu aceito bater bola com os orixás, mas não aceito um evento esportivo que gastará tanto dinheiro, enquanto tantos brasileiros continuam sendo tratados como cidadãos de segunda classe. Preciso falar qual a cor predominante de tais cidadãos?
Kuat
Kuat
Suas palavras tem a força dos orixás e de todos aqueles, que independente de religião, crença em seres metafísicos e fé, lutam por um Brasil verdadeiramente democrático e solidário, por um país em que as riquezas produzidas pelo conjunto da humanidade nos seus diferentes momentos históricos, sejam socializadas em sua totalidade.
Continue visitando o nosso blog, participando e criticando o mesmo. Abraços fraternos.
Muito bem, Kuat. Eu também acho um absurdo gastar-se tanto em um evento esportivo, enquanto tantas crianças jogam descalças nas poucas quadras que têm nos bairros ou nos campinhos improvisados. Jogam com bola de meia, pois até mesmo a bola é um "luxo" para essas pessoas.
Muito bem, Kuat, por se posicionar de forma tão verdadeira, expondo o racismo cordial que é típico da sociedade brasileira. Eu concordo com o Professor que independente de ter crenças ou de não tê-las, o que realmente importa é a luta para que as pessoas, sejam elas, verdes, roxas, brancas, pretas, cor-de-rosa, vivam dignamente, pois, antes de tudo, somos seres humanos e, é isso que não se pode destruir: nossa humana humanidade.
Larissa
Li o blog, esse fantástico espaço crítico esportivo do Wellington... Apesar de ter quase certeza de que o Rio levaria essa, queria primeiro ver o resultado.
Como dizíamos em Recife (dizíamos, porque agora digo em Belém...), era uma tuia de considerações que (quase) inevitavelmente daria a vitória (???) ao Rio... Tenho certeza que esse espaço continuará a dar contribuições sobre o tema, terá, agora, 7 anos garantidos de debate (ou mais). Mas, dois elementos para esse espaço: égua (agora é mais paraense) da sensibilidade da mídia nativa ao Presidente Lula. Nunca li e escutei tantos "nosso presidente" em um espaço tão curto de tempo!!! E viva o direito aos orixás de jogar bola, empinar pipa, rodar peão, carrinho de mão, pula corda, elástico, barra bandeira, pega-pegou...
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