segunda-feira, 4 de maio de 2009

Rio 2016: vale mesmo apena? (I Parte)




ESTE SORRIDENTE SOL, SÍMBOLO DO PAN 2007 NO RIO, NÃO BRILHOU PARA TODOS. QUEREM NOS FAZER CRER QUE NAS OLIMPÍADAS SERÁ DIFERENTE

Tudo vale apena quando a alma não é pequena, nos ensina as estrofes do poeta português. Talvez Fernando Pessoa ao desenvolver tão formosas linhas não conhecesse o espírito mesquinho que habita os corpos das elites oligárquicas do nosso Brasil que tem hoje, no mundo do esporte, oportunidades sempre renovadas de reprodução do seu capital, financeiro e simbólico, através de grandes eventos esportivos como, por exemplo, os Jogos Olímpicos.
Candidata a possível sede das Olimpíadas de 2016, a cidade do Rio de Janeiro se empenha em realizar esse sonho, que seria muito bem-vindo, caso a história nos fosse favorável. No entanto, a deusa Clio já nos mostrou o outro lado da moeda. Se tomarmos como referência os Jogos Pan-americano, realizado na própria cidade do Rio de Janeiro em 2007, veremos que o melhor para o Rio e para o Brasil, seria a alocação do recurso inicial projetado para o evento de R$ 30.000.000.000 (trinta bilhões de reais), tivesse outro destino como educação, saúde, habitação, segurança, alimentação entre tantas outras questões mais básicas e necessárias em um país de miseráveis.
Segundo dados da Fundação Getúlio Vargas de 2004, um em cada quatro brasileiros vive na miséria e tenta sobreviver com parcos R$ 115,00 (Cento e quinze reais) por mês. Com a crise que atinge o Brasil e o mundo e com a tendência de crises cíclicas do capital no contexto da financeirização das relações monetárias, existe uma grande possibilidade de essa realidade ser ainda pior.
É sabido que eventos desse porte podem gerar vários fatores para a cidade que o sedia. Alguns deles permanentes e outros esporádicos, tais como empregos, incremento do turismo, melhoria da infra-estrutura das cidades, desenvolvimento e melhorias das políticas de esportes entre outros. Aliás, esses elementos são alguns dos tópicos utilizados nos argumentos sofismáticos dos que querem a qualquer preço e custo, fazer prevalecerem os seus interesses comparados aos interesses nacionais. Pois até me provarem o contrário, o Rio de Janeiro é apenas uma unidade da federação. Não a única e se benefício trouxer será para os aquinhoados cariocas, se muito.
Mas a nossa deusa Clio demonstra muito bem as falácias presentes nesses argumentos dos benefícios proporcionados pelos eventos esportivos grandiosos.
Tomemos como exemplo concreto o que se argumentava para justificar a construção de um Parque Aquático para o Pan. Se dizia, entre outras coisas, que o mesmo era fundamental para o Brasil e o engrandecimento dos esportes aquáticos. Dizia-se também e principalmente que o mesmo já poderia ser aproveitado para os eventuais Jogos Olímpicos, caso o Rio de Janeiro fosse escolhida como a cidade sede.
Pois bem. Se já não bastasse o absurdo de um argumento usar como base de sustentação do mesmo um eventual evento, ou seja, algo que pode não acontecer, o mesmo torna-se uma mentira criminosa na medida em que, mesmo em confirmando o evento, ou seja, mesmo que o Rio de Janeiro sedie as Olimpíadas de 2016, esse mesmo Parque Aquático, construído sobre o argumento da sua possibilidade de uso nos Jogos Olímpicos, não poderá ser utilizado. Para que ocorram provas de natação nas Olimpíadas do Rio, será necessária a construção de um novo Parque, agora com o nome de Estádio Olímpico Aquático, aos custos de US$ 37,9 milhões de dólares.
Os mais otimistas e que conseguem ver positividade em tudo, dirão: “ao menos já teremos espaço para o Pólo Aquático”. Ledo engano. Para que o mesmo seja realizado no “moderno” Maria Lenk, que se tornou obsoleto em pouco mais de um ano, terá que passar por reformas.Se já não bastasse isso, das 13 sedes esportivas consideradas prontas se tomarmos como referência as obras do Pan, ao menos duas (Sambódromo e o Centro de Tiro), estão obsoletas e necessitam de reformas.
Esses são apenas alguns argumentos iniciais que procuram fazer com que pensemos um pouco mais sobre a viabilidade de uma Olimpíada no Brasil. Muita coisa ainda precisa e será dita aqui nesse espaço. Aguardem.

6 comentários:

Elson disse...

Grande Welington!!
Para contribuir com a postagem, trago alguns dados. Isto por que sei que teram muitos que super-valorizarão os aspectos positivos de uma competição como esta (que de fato, nossa posição dialética nos permite enxergar). Por exemplo ainda hoje li uma reportagem do Orlando Silva ressaltando os resultados positivos do PAN.
Pois bem, alguem terá que me convecer que o Joãozinho (lá do Acre) foi beneficiado com o Pan do Rio. Lembramos que ser telespectador é uma das possibilidades de se viver esporte; mas só isso? E se Joãozinho quiser experimentar um salto sobre o cavalo? Estou exagerando? Penso que não! A propaganda do PAN (e a gora das Olimpíadas) era que o evento beneficiaria todo Brasil.
Meus amigos, estmaos vendo o direcionamento de verbas públicas para finaciar esporte privado, esporte para poucos.
Para finalizar, trago um dado do Presidente da CBN (Confederação Brasileira de Natação) Coaraci Nunes. Este, ao defender a necessidade de construção de uma piscina na Vila Olimpica da Mangueira, disse que uma pesquisa Norte-Americana provava que a cada 1000 crianças praticando esporte, 1 virar atleta de alto rendimento.
Pois bem, finalizo fazendo duas perguntas. QUAIS NOSSAS PRIORIDADES: MEDALHA NO PEITO OU COMIDA NO PRATO? ESPORTE PARA POUCOS OU ESPORTE PARA TODOS?

Leonardo Palmeira disse...

Isso é reflexo de uma sociedade extremamente egoísta, ou seja, cada um só pensa no seu interesse. Mas o que me deixa, mas chateado em ser fazer parte dessa sociedade é quando chega este tipo de evento, todos vestem a camisa e esquece todos os problemas.

Pessoal no dia 04 de maio de 2009 no programa CQC, um dos repórteres que fazem parte do programa, estava em Brasília no congresso nacional e foi entrevistar um deputado desses (sobre as passagens aéreas), e o deputado disse "vcs adoram isso, vcs não pagam para está aqui!”, o reporte respondeu "pago sim por meio dos meus impostos”.

Então pessoa esse país apesar de ter governantes, antes de qualquer coisa, somos nós brasileiros que sustentamos tudo, então temos o dever e obrigação de não permitir que essas coisas aconteçam assim na nossa cara, como se nós fossemos verdadeiros otários. Com isso devemos nos unir não só nesses eventos (copa do mundo, olimpíadas), mas sim controlar e exigir a forma de como os governantes administra nosso dinheiro. Vamos para de viver no mundo de ALICE, e vamos mostrar para deputados, senadores, etc. que nosso dinheiro tem outras prioridades.

Jana disse...

Uma coisa que seria importante levantar é: quem faz uso dessas estruturas HOJE, depois do PAN? aposto que crianças e adolescentes das favelas é que não são...

Welington disse...

Obrigado pela sugestão Janaina. Pensaremos nisso na nossa próxima postagem.

Anônimo disse...

Qual a posição dos atletas brasileiros em relação a realização das Olimpíadas no Brasil? Pensam só em ganhar medalhas ou eles têm consciência que é o dinheiro do contribuinte, ou melhor, é o nosso dinheiro que financiará esse "circo"??????

Larissa

Anônimo disse...

Olá Larissa!!
Tenho um documentário da ESPN que desvenda as falcatruas do PAN.
Nele, aparecem alguns atletas (Ana Mozer, Juliana Velozo, Hortência, Luiz Lima, o rapaz do Tae Kwondo etc).
Olha...de uma forma geral,a posição dos atletas é de quem se indgna com o mau uso das verbas para finaciar o esporte na perspectiva do rendimento. Nenhum fala sobre esporte para toda população.
Ou seja, estão preocupadois com seus umbigos. Os que falam algo (Juliana Velozo e o rapaz do Tae Kwondo) foram, de certa forma, punidos pelos dirigentes.
O Juca Kfouri e o Sócrates fazem uma fala sobre a apatia dos atletas atuais.
O juca ainda comenta que enquanto o esporte está nas mãos de maus dirigentes, Kaká manda dinheiro para a Igreja e só fala em Deus!!!
Repito a pegunta: QUAIS NOSSAS PRIORIDADES: MEDALHA NO PEITO OU COMIDA NO PRATO? ESPORTE PARA TODOS OU ESPORTE PARA ALGUNS?
Abraços
Elson Moura