quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Esporte e política


Pela enésima vez, elevada a centésima potência, ouvir a seguinte frase: “meu negócio não é política. Gosto mesmo é de futebol!” Foi ontem, na casa de um amigo. Estávamos festejando o aniversário da sua esposa e entre copos de cervejas, guaranás e salgadinhos, não necessariamente nesta ordem, a inevitável conversa sobre o segundo turno das eleições presidenciais apareceu.

Entre dilmistas, serristas, marinistas e outros, o libelo da frase, acima aspeada, reverberou e entrou rasgando nos meus sensíveis labirintos auriculares, ativando os meus neurônios poéticos e me fazendo lembrar de uma poesia do Bertold Brecht, o analfabeto político. Evidente que a frase aludida acima não tem a mesma força do “odeio política”, tão comumente ouvida e do qual o Brecht faz a crítica, mas não deixa de ser uma posição analfabeta sobre o aspecto da política.

Exemplos da relação entre esporte e política abundam na história. O mais famoso data de 1936, nos Jogos Olímpicos de Berlim. Adolfo Hitler queria demonstrar a superioridade da raça ariana através do esporte. Antes mesmo disso a humanidade já tinha presenciado a político do “pão e circo” da Roma antiga.

Maurício Murad, no seu livro Sociologia e Educação Física, da Fundação Getúlio Vargas nos lembra na página 166 que “Exemplos explícitos de dominação política e de aproveitamento ideológico dos esportes são os campeonatos mundiais de futebol de 1934, na Itália, e de 1938, na França” e o já citado Jogos Olímpicos de Berlim. “Todos esses eventos, ocorridos em plena era do totalitarismo nazifascista e às vésperas da II Guerra, foram entendidos como questões nacionais pelos governos da Itália e da Alemanha”.



O próprio movimento da chamada guerra fria, iniciada pós a II Guerra Mundial, teve no esporte um elemento riquíssimo de simbologia. Os números de medalhas e troféus ganhos por um país buscavam representar o sucesso de suas políticas econômicas e sociais. Países do bloco capitalista e do então bloco socialista procuravam, pelo esporte, dizer ao mundo o quanto seu modo de vida era melhor do que o do outro.

Existem casos de atletas que também utilizaram o esporte para manifestar suas preferências políticas. Quem não se lembra de Ronaldo, jogador do atlético mineiro e seu punho erguido em cada comemoração do gol, em clara alusão ao movimento Black Power norte-americano? Leônidas da Silva, atleta e militante do Partido Comunista. Nosso Afonsinho, jogador que conseguiu na justiça o direito ao passe livre. Dieguito, mais conhecido como Maradona, hoje técnico da seleção da Argentina, proponente de uma Associação Internacional de Jogadores de Futebol. Isso sem falar do movimento da Democracia Corintiana, com jogadores como Biro-biro, Casagrande, Vladimir e o cabeça, doutor Sócrates.

Não poderia faltar nesta postagem os dirigentes esportivos. Esses, quase sempre procuram conquistar uma cadeira nas assembléias dos seus estados ou no congresso nacional pela via e pela veia do futebol, modalidade esportiva que tem o maior número de representante na chamada bancada da bola, talvez a expressão maior da relação entre esporte e política.

3 comentários:

Anônimo disse...

Pois bem! Eu estou convencido de que nunca antes na história desse país o esporte foi tão usado para sedimentar uma política de governo, o que nos faz duvidar mais ainda do mesmo enquanto um governo capaz de realmente se preocupar com a efetiva melhoria das condiões de vida população brasileira. Os discursos em torno da Copa do Mundo e das Olimpíadas chegam a nos causar ogeriza. Até pra justificar e defender sua candidata ás proximas eleições,de forma absolutamente incondizente com a postura de um presidente da república, o Sr. Lula utilizou-se de um factóide ocorrido nas eliminatórias da Copa de Mundo por um goleiro de uma seleçao adversária a nossa que simulou um corte no rosto por ter sido atingido por projétil que teria sido arremessado pela torcida naquela época.Os planos e a politica esportiva de revelação de talentos e de utilização do esporte como redutor das mazelas da sociedade sem discutir o modelo e a própria sociedade é refeito constantemente. A utilização midiática de personalidades esportivas afim de disseminarem projetos politicos ideológicos do governo também é evidente. Soa a populismo. Lamentávelmente,como no incidente da implosão da Fonte Nova a grande massa não simule reações e aceite de bom grado a forma cruel e mordaz como esse governo Petista, parafraseando o poeta... "No 1º dia eles vem e tomam uma rosa de nosso jardim. E não fazemos nada. No 2º dia eles entram e destroem nosso jardim. E não fazemos nada. No 3º dia eles tomam nossa casa e não fazemos nada porque já não podemos fazer nada”. ...

Amplexos

Carlão

Anônimo disse...

Bem, escrevendo de forma mais clara e com menos erros aqui no teclar. Tenho ouvido no programa de rádio da candidata do PT o velho discurso de colocar as criancinhas para praticarem esportes por que assim elas estariam afastadas das drogas. Isso é verdade? Hum? Claro que não. Muitas vezes o indivíduo se droga pra jogar ou para aumentar sua performance mas mesmo que durante aquela atividade não use de drogas, o meio em que o mesmo esta inserido ante um modelo social não se apaga. Persiste. Que tal discutirmos o fim desse modelo para que não hajam as drogas naquele ambiente do que colocar o esporte como um tapa buraco?

Chega de ufanismo torpe!

Amplexos e "hasta la vista"

Anônimo disse...

Em tempo ainda...tinha esquecido de comentar entre outras coisas que...

Nunca uma instituição como a Fazenda do Menor (FAMFS) trouxe mais vezes um presidente em uma mesma cidade (Feira de Santana) em um só ano. Ele chegou a marca de 03 vezes em um semestre! Pra resolver o problema de falta de bolas na escola onde eu leciono é que não foi!

Amplexos e... vamos indo "guerrilheiros", hehehe =)

O Brasil pode muito mais!!!!