sexta-feira, 10 de setembro de 2010

CBF, Ricardo Teixeira e Fonte Nova

O jornalismo esportivo na semana da independência divulgou com empenho a polêmica declaração do presidente do clube de futebol atletico mineiro. No dia 06 do corrente mês, o senhor Alexandre Kalil disse em alto e bom som em entrevista a uma rádio que “os jogadores têm que se cuidar, sim. O Atlético não é brinquedo. E, se eles tomarem um cacete na madrugada, não vai fazer mal nenhum”. Em função disso, o mesmo será indiciado pelo Ministério Público mineiro e caso se comprove incitação a violência, o mesmo pode perder o seu cargo no clube.

O mesmo empenho não demonstrou a mesma imprensa esportiva e principalmente alguns canais de televisão sobre um outro acontecimento tão grave quanto o primeiro: a sonegação de impostos por parte da CBF. Poucos foram os órgão de imprensa que relataram o fato. A Folha de São Paulo informou que "A entidade foi acusada de usar verbas para bancar jornalistas, juízes e advogados e abater essas despesas no pagamento do imposto. A dívida se arrastou de 2002 a 2009, quando a CBF pagou a multa para não ser inscrita na Dívida Ativa da União e levar o caso a público."

E isso não é tudo, pois o rombo nos cofres públicos pode ser ainda maior, já que existem mais de 100 processos abertos contra a CBF pelo Ministério da Fazenda desde 2003. Mas a entidade não deve tá muito preocupada com a multa de três milhões de reais, pois somente neste ano, dos patrocinadores, a mesma vai faturar mais de duzentos milhões de reais.

Não custa nada lembrar que a CBF é presidida pelo senhor Ricardo Teixeira que também é presidente do Comitê Local da Copa de 2014 e que ironicamente receberá isenções fiscais na ordem da bagatela de R$ 900 milhões para beneficiar os seus parceiros junto à FIFA e seu comitê organizador do mundial de futebol.

Falando em mundial de futebol, um fato extremamente relevante, inclusive como jogada de marketing, foi a desnecessária implosão da fonte nova, aqui em Salvador. Os governantes e a própria imprensa esportiva se fizeram de cegos, surdos e mudos e não deram nenhuma visibilidade as ideias de quase vinte entidades da sociedade civil sobre a viabilidade da revitalização da fonte nova. Preferiram demolir a mesma e a inchar a grade de programação das suas redes com sentimentalismo baratos. "Foi ali que fiz o meu primeiro gol", "lembro quando o meu pai me levou na fonte nova...", "vai ficar saudades, pois guardo na memória os melhores Ba-Vi que assisti", e outras baboseiras.

O essêncial? Bota embaixo do tapete junto com a poeira da implosão, pois o ideal é despolitizar o acontecimento e sentimentalizá-lo. É a bola da vez do irracionalismo atuando no imaginário do telespectador. Mas duro mesmo foi ler uma fala do Bobô, afirmando que o acontecimento era "o renascimento do futebol baiano. A história não será apagada. Vi meus gols no telão agora e me emocionei. Estou muito feliz - disse Bobô".

Esperamos mesmo que a história não se apague e se lembre sempre que junto aos escombros da implosão segue um acontecimento que foi fundamental para o debate entre reforma ou implosão da fonte nova e sobre o qual a imprensa também silenciou nos últimos dias: a tragédia do dia 25 de novembro de 2007. Um bom momento, penso, para perguntar as autoridades: como andam as famílias vitimadas? E as vítimas? Terão elas os nomes lembrados no tal museu do futebol que vão construir? A idenização tá sendo paga ou ela sobrecarrega os cofres públicos?

5 comentários:

Adriana disse...

Professor. Suas postagens tem me ajudado muito. Obrigado pelo espaço. Estávamos precisando de um destes. Obrigado mais uma vez.

Unknown disse...

Caro professor. Não sei se o termo indignado cabe no meu comentário, todavia, o termo "confuso", este é prpriedade minha e não abro mão.
Concordo com relação às vítimas mencinadas; discordo quando critica a manifestação de sentimentalismo das pessopas com relação à demolição da Fonte Nova. Cadê o conservacionismo cultural que caracteriza as pessoas dotadas de sentimento histórico, próprio do ser pensante, onde está ai a bobagem?
É a favor do remendo? remendar o ultrapassado e o ineficiente não seria uma prática nostálgica burra?
Que tal o novo e moderno numa era de tecnologia avançada e modernidade na arquitetura contemporânea. Estamos num estado que procura sair do buraco negro da incompetência política dos nossos antepassados e ainda pensa em remendo!...Ariba muchacho!!!!!!!!!!

Anônimo disse...

"Que tal o novo e moderno numa era de tecnologia avançada e modernidade na arquitetura contemporânea(sic) (...) Ariba muchacho!!!!!!!!"


kkkkkkkkkkkkkkk...(risos)

Desculpem...mas...não me contive!!!

Amplexos...ou melhor, "hasta la vista, baby"


hahahahahahahaaaaaaa =)

Welington disse...

José. Obrigado pela sua participação. Veja bem. Modernizar não implica implodir. Você pode fazê-lo dentro das estrutura existente. Foram mais de 17 entidades organizadas, que tem relação direta com essa questão que se posicionaram contra a demolição. Outros estádio no país serão modernizados tomando como ponto de partida suas próprias estruturas. Por que aqui na Bahia, tinha que ser diferente?

Anônimo disse...

Parabéns Profº Welington pelas postagens. Acredito que a sociedade baiana necessita de grandes informações, como estas que estão em seu blog. Parabéns!!!!