A postagem desta semana é do professor de educação física da Universidade Federal da Paraíba(UFPB), Jeimison de Araújo Macieira. Mestrando em Serviço Social pela mesma universidade, Jeimison também é graduando em Filosofia e membro do grupo Lepel da Paraíba e do grupo de estudos marxistas ligado ao programa de pós-graduação em serviço social desde 2007, ano que iniciou também sua gestão na Executiva Nacional dos Estudantes de Educação Física, coordenando a regional 3 até 2008. Além do mestrado, onde o mesmo vem estudando a precarização do trabalho dos professores de educação física do Município da Cidade de João Pessoa - PB, o mesmo vem elaborando junto a uma equipe de professores, o primeiro livro didático público de Educação Física de João Pessoa, na linha critico-superadora. Vamos ao seu texto.
O treinador da seleção brasileira “Dunga”, durante entrevista coletiva realizada no dia 11 de maio de 2010 no Rio de Janeiro, encenou uma das mais trágicas peças dos últimos anos. Durante a peleja o técnico se dirigia ao povo brasileiro dizendo: estou falando com você torcedor! Que ama a pátria! Mas que pátria? Quem são esses guerreiros que se dizem capazes de lutar por nossa honra? Que guerra é essa que iremos travar além mar? Será que ainda temos brasileiros convictos de que ainda somos a pátria de chuteiras, apregoada em momentos da nossa história que merecemos esquecer?
Dizer que quem não esteve no Brasil em tempos de ditadura, não pode opinar e nem dar um parecer a respeito me faz pensar no seguinte: sou torcedor da seleção brasileira desde 90, quando daquela trágica eliminação contra a Argentina, mas gostaria de dizer que adoro ver os jogos “gravados” da seleção de 1970, 1982 e 1986. Será que não posso mesmo dizer que o Falcão era demais com sua elegância e refinamento no passe, que o Zico me maravilhava com sua maestria, e ainda que o Sócrates e seus toques quase que inimagináveis me fazia pensar que futebol se assemelhara a arte? Bem, não tenho dúvidas que posso e, por isso, não farei o menor esforço para não dizer!
O velho barbudo certa vez nos disse, parafraseando Hegel que “todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes, a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa! Espero que a farsa anunciada pela coerência da volúpia impetuosa do nosso treinador não se torne uma tragédia anunciada! Alias a tragédia anunciada da renegação do lúdico, da arte, do brincar, do divertir-se através desse “jogo” transformado em espetáculo, já sucumbiu ao pragmatismo dos resultados do modelo capitalista de dominar nosso imaginário. Só não sei se essa convocação é uma farsa ou a anunciação de uma tragédia.
Sou torcedor da seleção brasileira, mas meu esporte não é torcer pelo Brasil! Meu esporte é acreditar que este jogo “um dia” pode reencenar tempos de arte, de criatividade, de imaginação, de sonho! Meu esporte é lutar incessantemente pelo significado histórico do esporte, do jogo, da arte e das manifestações da cultura corporal, ressaltando seu caráter de classe, onde os verdadeiros guerreiros são aqueles que constroem a história da nossa cultura diariamente nos terrenos de terra batida.
6 comentários:
Olá, Jeimison. Gostei do seu texto. MAs gostaria de dizer que não devemos confundir a seleção brasileira, dunga com o Brasil. Torço sim pelo Brasil, embora tenha as mesmas críticas que vc coloca sobre a postura do dunga. Parabéns também ao professor Welington por oportunizar outras pessoas exporem suas ideias sem perder de vista o caráter crítico.
Dunga é um sisudo que em função do fiasco da seleção no último campeonato assumiu a direção da mesma para camuflar o simbolismo da acomodação e desinteresse presente simbolicamente no levantar da meia de roberto carlos. Devido aos processos causais presentes nos atos humanos, eis que a seleção chega ao mundial da áfrica e assume o mesmo caráter do seu comandante: sisuda, previsível, retranqueira, etc, etc. Nós ficaremos aqui torcendo para que chutes com bola parada, como o de Daniel Alves, nos salvem do vexame.
Vocês não acham que estão dando muito espaço para Dunga????????
E se dependermos apenas de bolas paradas e do chute de um jogador,então, como leiga que sou, prefiro o vexame total e absoluto, pois não concebo que uma Seleção esteja em tal situação. É uma Seleção ou um Fiasco?
Larissa
Espaço ao dunga quem deu foi a rede globo. O fez sentar na mesma cadeira ocupada por lula, quando eleito pela primeira vez a oito anos atrás.
Ontem, assisti a coletiva de imprensa de dois jogadores da seleção: Michel Bastos e Daniel Alvez. Assistindo, lembrei-me de um amistoso da seleção, lá penas tantas da década de 90 do século passado, em que a seleção entrou em campo com a camisa amarela oficial e um "COCA COLA" enorme estampado nas costas da camisa. Foi crítica constante. Ontem: Vivo, Tam, Guaraná Antarctica, Nike e mais umas três logos atrás (painel) e no agasalhos destes atletas... VAmos torcer por quem mesmo na copa????
Vida Longa ao Esporte em Rede!
Marcelo Russo
Esporte em Rede – O seu blog sobre esporte
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