O maior problema do mundo é a fome. Esta se encontra presente em menor ou maior grau tanto em nações desenvolvidas quanto em nações subdesenvolvidas.
Um dos maiores mercados do mundo é o esporte. Ou melhor: o futebol. Este se encontra presente em maior ou menor intensidade em diferentes partes do planeta. Joga-se o futebol tanto em países desenvolvidos quanto em subdesenvolvidos. Um verdadeiro fenômeno social, tal como a fome, guardadas as suas devidas proporções.
Existe o basquete, o hugby, o beisebol, o boxe e outros que também são fenômenos sociais importantes e que são praticados em vários lugares do mundo, mas nada comparável ao futebol.
No Brasil, nada mais, nada menos de 10% da população, um montante de 18 milhões de brasileiros, são de famintos. No mundo, a cifra é maior, muito maior. Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Agricultura e a Alimentação (FAO), superaremos a barreira de um bilhão de famintos ainda este ano.
Um bilhão de famintos!!!
Ainda segundo a ONU, "O número supera em quase 100 milhões o do ano passado e equivale a uma sexta parte aproximadamente da população mundial".
Nesta semana, esses dois fenômenos sociais aparentemente distintos ganharam visibilidade em diferentes mídias, um com mais intensidade (futebol) que o outro (a fome). Um, em função da transação comercial de dois jogadores que, somados, alcançaram a cifra de 160 milhões de euros e o outro, devido ao relatório supra-citado da ONU sobre o recrudescimento da fome no mundo, apesar de produzirmos o suficiente para nutrir os 6 bilhões de seres humanos do planeta, o equivalente a dois quilos de grãos e meio quilo de carnes, ovos, frutas e vegetais por dia.
Apenas a compra do jogador Cristiano Ronaldo, que custou a “bagatela” de 96 milhões de euros, daria para alimentar mais de 8 milhões de etíopes e ainda sobraria dinheiro para outras ações.
Se somarmos 96 milhões aos 64 milhões de euros da transação relacionada à compra de Kaká, obteremos a fabulosa cifra de 160 milhões de euros.
Diante deste impasse – futebol ou fome –, a justificativa da escolha se dar pela lógica do mercado. Para alguns, esta transação é perfeitamente plausível, e embora consideremos que seja muito dinheiro, o mercado explica.
Esse é o pensamento expresso pelo presidente da FIFA, Jopseph Blatter. Diz ele: “sejamos generosos: é muito dinheiro, mas é o mercado. Há uma sensível crise econômica mundial, mas o futebol continua a ser um bom mercado”.
Eu não sei de onde vem esta sensibilidade da crise, mas o Blatter tem razão ao mencionar que o futebol é um grande mercado. Diante deste imperativo, deste argumento autojustificador, pouco importa se pessoas morrem de fome. Infelizmente, existem pessoas que não tiveram a sorte de nascer em um berço esplêndido, já tem o seu destino traçado e que, portanto, não podemos fazer nada.
O futebol realmente é um grande negócio, extremamente rentável não apenas para os clubes e para os jogadores mas, também, diria até que principalmente, fundamentalmente, para empresários e investidores.
Entre futebol e fome, futebol. Entre jogador e pessoas famintas, jogadores.
Esta é a lógica insana deste sistema insano. Privilegiar as coisas e coisificar as pessoas.
6 comentários:
Welington, se ampliarmos a comparaçao entre os famintos globalizados e os capitalistas voláteis, teríamos ainda mais motivos para exigirmos posturas de governo que privilegiassem as´pessoas e não as coisas. A voz da fome se expressa pela e na barbárie que con-vivemos na contemporaneiadade. Parabens ao Esporte em Rede
Grande Welington, seria tão simples todos tivessem igualdade de condições sociais e "humanas". Infelizmentes vivemos num mundo capitalista, onde a prioridade não é acabar com a miseria! Fico pasmo com essas transações do futebol e me pergunto : onde está a crise mundial? A crise só existe no prato do brasileiro pobre e do analfabeto?
O salário minimo de uma empregada doméstica R$465,00. Quanto será que recebe de salário a empregada domestica de nosso presidente?
Parabéns por essa louvavel iniciativa de criar esse espaço para todos expressarem suas opiniões e sendo sempre respeitadas.
Um grande abraço,
Carlos Ribeiro
Olá, Carlos.
Muito importante as suas ponderações. E fazendo coro com a sua pergunta final, fico a imaginar quanto ganha o(a)s empregado(a)s dos nossos jogadores de "ouro".
Obrigado pela participação.
Caro MESTRE Wellington, os valores pagos pelos atletas são altos, mas o que conta para quem paga é o quanto irá render para os donos dos clubes, e esses "cidadãos" não sabem o que é fome pois viajam em primeira classe e se hospedam em hotéis cinco estrelas. Enquanto a mídia vende a ilusão a nossas cianças de que um dia estarão em lugar de seus astros.
Forte abraço.
Paulo Oliveira (UEFS-EDFISICA2002)
Olá, Paulo.
Obrigado pela visita e pelo comentário. Continue participando do blog e divulgando o mesmo.
abraços
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