
Quando o próximo domingo chegar, já estaremos no segundo dia do novo ano. Já teremos recebido e enviado inúmeras mensagens de esperança, de felicitações e de desejos sinceros de um ano novo de muito sucesso, de muitas realizações, e de "muito dinheiro no bolso, saúde para dar e vender" para os nossos amigos, familiares e entes queridos.
Na segunda-feira novos problemas se apresentarão e os velhos te despertarão para a realidade nua e crua que nos ensina o poeta Mário Quintana, de que "(...) o bom da segunda-feira, do dia 1º do mês e de cada ano novo é que nos dão a impressão de que a vida não continua, mas apenas recomeça...". Impressão, compreendeu?
Na verdade, continua a vida. Com o tempo fracionado ou não, dividido em segundos, minutos, horas, dias, meses e anos ou não, sendo medido pela natureza, pelos sinos das igrejas, pelos relógios, cronômetros ou não, a vida segue seu curso de maneira inexorável, em sintonia com suas particularidades imanentes e paradoxais.
Acabei de assistir a uma matéria na televisão de que nesta época do ano o nível de estresse da população aumenta em 75%. Em 1988, num congresso em Munique, um médico canadense Hans Selye assim definiu o estresse: "o estresse é o resultado do homem criar uma civilização, que, ele, o próprio homem não mais consegue suportar". Vejam que loucura. Em plena época em que mais se deseja um feliz ano novo, paz e saúde, desenvolvemos sintomas da chamada "doença do século" ou ainda "doença do terceiro milênio". E, paradoxalmente, em função de um modelo civilizatório que nós criamos.
Impossível não lembrar do Drummond a nos ensinar poeticamente que "Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente".
E é com esta crença no peito, com toda a ternura guevariana e a esperança pandoriana de que tudo seja realmente diferente, que desejo a todos vocês, estresses renovados, cada vez mais felizes e sinceros.

5 comentários:
Traduziu em palavras tudo que sinto e não sei dizer. Um velho mundo é o que nos espera em 2011, mas no Brasil será diferente: pela primeira vez uma mulher no poder. Esperança e fé marcarão 2011.
Kuat
Pura verdade, na reportagem mostrava como o estress era marcado pelo impulso da compra generalizada e pelos transportes públicos lotados, realmente a civilização tem seu preço... ótima postagem!!
Como já é da natureza subversiva do revolucionários, usamos as construções capitalistas contra o próprio sistema.
Portanto, os votos de esperança etc do lado do capital representam a espertança individualista de quem quer sucesso pessoal (leia-se dinheiro) para si ou, no máximo, para os seus próximos (isso em um mundo onde 1 bilhão passa fome). De nosso lado, traduzimos a esperança para mais um ano de luta.
Luta que tem objetivo: por fim à sociedade da mercadoria e da propriedade privada, "carinhosamente" chamada de capitalismo.
Ninguém aqui é Nostradamus para prever se este fim se dará em 2011 ou 2111... o que sabemos é que ou acaba o capital ou acabamos nós.
Portanto CAMARADAS...força na luta que a luta, seja em 2011 ou 2111, é para vencer!!!
Que o blog continue a ser esta ferramenta específica que se insere no processo de emancipação.
Parabéns Welington,
Que em 2011 continue abrindo portas sobre um novo repensar do esporte, a partir de contradições do mesmo.
Professor. Parabéns pela postagem. Que em 2011 que se inicia, vc continue nos iluminando com suas reflexões.
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