sábado, 4 de setembro de 2010

Referências Curriculares para a Educação Física

Do dia 30 de agosto a 03 de setembro, na Faculdade de Educação (FACED) da Universidade Federal da Bahia, realizou-se o Simpósio Internacional sobre Formação de Professores e Referências Curriculares Básicas para a Educação Física Escolar e o II Seminário do Pólo de Referência de Formação e Pesquisa em Educação do Campo. A responsabilidade pela realização coube ao Grupo Lepel/UFBa, coordenado pelo professor Cláudio Lira e pela professora e diretora da FACED, Celi Taffarel.

Ao contrário do que muitos defendem em relação a escola, entendendo-a como um espaço de detecção e formação de atletas, neste evento a escola foi pensada como um espaço de contradição, onde se materializam determinadas maneiras de direcionar o conhecimento. Nesse sentido, durante a semana, foram apresentadas as principais abordagens, com a presença dos principais articuladores das mesmas, que vem se preocupando em sistematizar o conhecimento possível e necessário de ser trabalhado pela Educação Física no chão da escola.



Estiveram presentes no evento os professores Reiner Hildebrandt Stramann, a professora Heike Beckmann, ambos da Alemanha; os professores Lucio Martinez e Nicolas Borres, da Espanha, os professores Antonio Faustino, de Portugal. Todos com a incubência de socializarem suas experiências no campo da investigação do currículo e da formação do professor de Educação Física.

As experiências brasileiras ficaram a cargo dos professores Alex Branco Fraga (RS), Ana Rita Lorenzini (PE) e Felipe Gonçalves (PR), estados onde já se materializam algumas diretrizes no campo didático-pedagógico da Educação Física. Tivemos também a exposição das experiências de outros estados, como a própria Bahia, junto com Sergipe, Alagoas e Paraíba.

O professor Elenor Kunz, da Universidade Federal de Santa Catarina também se fez presente, fazendo uma abordagem histórica da educação física e situando, em linhas gerais, a abordagem crítico-emancipatória. Tomando como mote a questão Educação Física para quê?, problematizou o papel das pesquisas que hoje são feitas nos programas de pós-graduação de diferentes estados brasileiros, evidenciando que pouca contribuição trazem aos professores e professoras que estão na escola.



Vários coordenadores e coordenadoras das diversas Diretorias Regionais de Educação (DIRECS) do Estado da Bahia, juntamente com a Coordenação de Educação Física e Esporte Escolar, estiveram presentes e participaram de forma efetiva das reflexões e debates sobre as diretrizes curriculares da Educação Física, expondo suas visões de mundo e pontos de vistas, sempre buscando compreender as relações de aproximação e distanciamento das diferentes abordagens que foram apresentadas.

Com a intenção de aprofundar o debate, foram distribuídos alguns livros (Dicionário Crítico da Educação Física, Metodologia do Ensino da Educação Física, Transformação Didático-pedagógica do Esporte) aos representantes das DIRECS, e os mesmos chegarão aos professores e professoras para uma maior e melhor aproximação e aprofundamento sobre o que vem sendo desenvolvido no que diz respeito a organização didática-pedagógica da educação física escolar, para poderem discutir com propriedade, as questões que foram fomentadas neste encontro nos seminário regionais, próximo passo a ser realizado pelo coletivo de professores e professoras.



Um evento riquíssimo, que certamente repercutirá na Educação Física baiana, não entendida como uma disciplina que no interior da escola fomenta atletas mas, sim, uma disciplina que deve está a serviço da formação humana emancipada, com clareza do seu projeto histórico, da sua teoria pedagógica e das matrizes filosóficas que as sustentam.

8 comentários:

Marcelo "Russo" Ferreira disse...

Caríssimo, Wellginton...
QUe massa, poder sintetizar este evento que foi aplaudido, quando o soubemos, aqui pelas bandas do Norte e, mais ainda, nos inspirou a continuar lutando pela formação de nossos jovens, com afinco e vontade de transformação.
Na SBPC, pode presenciar, dentre outros, o Professor Elenor Kunz, abordando um pouco a questão da contemporaneidade do esporte. Em suas reflexões, o professor uso das imagens que circularam o mundo da internet durante os Jogos de Pequin, aquelas imagens de crianças chorando e sofrendo com os duros treinamentos para se transformarem em atletas. Fiz uma reflexão simples, sem categorizar ontologicamente (pois nem era a minha intensão, naquele momento) de que na verdade o que acontecia ali, também, era a exploração do trabalho infantil e que a formação de atletas lá na infância se caracterizava exatamente por isso e fiz uma comparação aos rostos das crianças que trabalhavam (ver Saramago, por exemplo) e a expressão no/do rostos destas não era tão diferente, apesar da ausência do choro... Lamentável a resposta do professor Elenor, desqualificando até mesmo quem perguntava.
Espero que desta vez tenha se comportado mais educadamente nos seus debates...
Vida Longa ao Esporte em Rede!
Vida Longa!

Anônimo disse...

Olá a todos e todas!

Blogueiros...

Não soube do evento, infelizmente e fico imensamente contente quanto a realização do mesmo e espero que o representante da Direc-02 aqui de Feira de Santana tenha ido!

Existe um grupo aqui em Feira de Santana que tenta a elaboração de uma proposta pedagógica em torno da educação física, grupo esse do qual faço parte, não sei por quanto tempo! Quando no mesmo concordei em fazer parte foi no sentido de estabelecer a contraposição. Por quê? Porque é publico e notório que muitos dos seus elementos, colegas nossos não defendem a abordagem da educação física ESCOLAR na perspectiva critico/superadôra e/ou crítico/emancipatória e eis-me tentando stabelecer relações, na medida do possível, com o respeito a "alteridade".

Eu que este ano entrei com denúncias e processos inóquos junto a secretaria da educação, direc e ouvidoria, apelo agora para o ministério público como ultima instãncia afim de ser ouvido ao delatar absurdos na unidade de ensino onde sou lotado no estado como ver entre outras coisas uma professora de história de forma bem ética dizer que eu, nas minhas aulas, sõ faço "enrolar". Esta, que teve seu filho como ex-aluno e que literalmente não assistia minhas aulas por estar sempre "batendo o baba" na quadra deve achar que aula de educação física "boa" é aquela desenvolvida unicamente "dentro de uma quadra" ou fazendo pesquisas sobre "anabolizantes", "atividade física e saúde" etc. Até um palhaço contratado pela Direc para abrir um curso de formação da SEC-BA remonta um estereótipo na perspectiva da aptidão física ou o discurso ufano da concepção da educação física ESCOLAR na perspectiva da saúde.

Eu que saí do Conbrace preocupado com a afirmação do Prof. Walter Bracht que no final de sua fala deu um "Viva" as "novas educações físicas(!)" lamentando imensamente naquele momento a ausência da mestre Cely fico imensamente contente de que eventos como esses ainda persistam em nos revitalizar os ideais difundidos pelo Coletivo de Autores,pelo Kunz (que conheci no Conbrace) e pela Prof. Michelle Ortega e a própria Cely.

Temo muito pelas distorções ainda existentes dentro de uma concepção da educação física na abordagem da cultura corporal crítico superadora e também da crítico emancipatória feitas pela chamada "sociedade do conhecimento" pós-moderna. Neste sentido chamei a atenção do prof. Luis Carlos Rocha (consultor do curso de formação da SEC-BA) quanto a importãncia da delimitação de um objeto (de estudo) de forma clara dentro das propostas para o currículo da educação fisica escolar da rede pública do estado, ao que o mesmo me respondeu que neste momento se coseguirmos sistematizar algo de forma sólida, planejada, já representaria um avanço, ao que eu aquiesci, pus meu rabinho entre as pernas e dei tchau a possibilidade de delimitação por parte da SEC-BA de um objeto de estudo dentro da rede de ensino publica estadual e, ao que parece, ainda vão dizer, como a colega de história na escola onde leciono, que esse negócio de cultura corporal (que eu duvido que ela saiba) é coisa de professor que só quer enrolar.

Parabéns ao evento!

Amplexos!

Anônimo disse...

Trabalho em uma escola do estado da Bahia e não soube do evento. Não quero culpar ninguém pela minha desinformação, eu é que deveria tá mais por dentro de tais acontecimentos, mas fico feliz em saber da realização do Simpósio. Parabenizo todos e todas que participaram.

Anônimo disse...

Ao anônimo acima!

Também não soube do evento mas nem por isso acho que a culpa tenha sido minha! Não acho que agente tenha a obrigação de estar mais por dentro dos acontecimentos não!

Deveria haver,isso sim, uma socialização maior das informações!

É o que eu penso!

Amplexos!

Anônimo disse...

rsrssrsrsrs foi irônia da minha parte. Também acho que o evento deveria ter sido mais divulgado.

Anônimo disse...

Desculpe o erro de ortografia: ironia.

Anônimo disse...

Beleza cara! Entendi agora!

Bom! De qualquer forma ainda acho que existe no ideário das instituições de ensino da rede pública e privada uma distorção imensa no que se refere as referências curriculares na Educação Física ESCOLAR. Prefiro colocar ESCOLAR em maiúscula pra garantir o entendimento que a Educação Física é uma área de conhecimento (e não uma ciência) que abarca outras áreas fóra do âmbito escolar.
Já ouví e vi colocações extremamente capciosas daqueles que têm preconceito ou um entendimento distorcido quanto ao entendimento da educação física numa perspectiva pedagógica tais como: "Dizem que em universidade tal o aluno tava se afogando e disseram: Jóga um texto!"

E falo sério!

Outras colocações como;" Ah,eu prefiro mil vezes uma boa aula numa perspectiva tradicional, empírica desportitivizante do que uma na perspectiva crítico-superadora mal feita" Ora, pelo amor de Deus! Existem boas e más aulas como existem bons e maus profissionais. Eu mesmo devo ser uma porcaria de professor pq nãopáro de questionar a minha prática afim de melhorar. Mas, minha opinião pessoal é que uma aula na perspectiva pedagógica tradicional empírico desportivizante (na minha opinião) NUNCA vai ser uma boa aula, por "melhor" que seja, em função dos seus pressupostos! Dos elementos que a edificam e que as "mantêem em pé" enquanto argumento didático-metodológico.

Uma outra coisa interessante também é discutirmos os currículos de formação nas perspectivas de bacharelado e de licenciatura que escondem, no seio deles, fundamentos ideológicos de projetos de homem e sociedade difusos, incongruentes...mas isso é uma outra história!

Mas, o evento houve e isso é que é importante! Tais eventos são interessantes demais, afim de confrontarmos uma série de conceitos! Valeu mesmo! Parabéns mais uma vez aos seus idealizadores e organizadores!

Abraços a todos novamente ou...amplexos!

Anônimo disse...

Boa tarde Professor Dr Welingto é um prazer estar recebendo suas comunicações, gostaria de ter participado com os Senhores nas discussões das diretrizes curriculares da Educação Física na Bahia. Se possível no próximo encontro ficaria feliz em estar, abraços professora Vânia Lurdes Cenci Tsukuda