segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Estamos prestes...

Estamos prestes a passar um recibo em branco para um político que se apresenta como a solução para o país. Um sujeito que dos 29 anos que está na política, 12 foi no interior do PP, o partido com o maior número de políticos "ficha suja" (partido do Paulo Maluf), e eu nunca ouvir o tal do Bolsonaro abrir a boca para dizer um "ai" sobre esse sujeito ou sobre a corrupção em que este partido esteve metido. Assim como nunca soube de um projeto de lei de sua autoria que objetivasse o combate a corrupção. Ou a melhoria de qualquer indicador social.

Estamos prestes a eleger um candidato que mudou de sigla nove vezes. Já foi do PSC, PP, PFL (atual DEM, partido também campeão do "ficha suja"... alguém ouviu um "ai"?), voltou para o PP, depois migrou para o PTB, PPB, PPR, PDC e atualmente no PSL. Em nenhum desses partidos, em nenhum, conseguiu ser algo além de deputado. Não coordenou nenhuma comissão, não presidiu coisa alguma, isso nos seus 29 anos de mandato. 

Estamos prestes a eleger um presidente que se nega a ir na TV realizar um debate franco e fraterno com o seu principal oponente. Algo nunca visto desde a reabertura democrática. 

Estamos prestes a colocar, pela via democrática, uma junta militar no poder central da república. Ou no que restar dela. 


Estamos prestes a eleger um sujeito que apresenta como principal símbolo da sua campanha uma arma apontada, direcionada para um alvo que pode ser você. Não se engane. Pastores aparecem em foto fazendo o sinal de armas apontadas. Pergunto: contra quem? Resposta previsível: contra os bandidos. Pergunto de novo: quem escolhe quem é o bandido? Ou melhor... quem são exatamente os bandidos? Resposta pelos dados da realidade que estamos vendo nos últimos dias: todos os que não pensam como ele. Todos os que parecem suspeitos ou estranhos. Ou pelos traços faciais, pelos gestos corporais, ou pela cor da camisa enfim, por destoarem do cenários que ele mesmo montou. 

Estamos prestes a eleger alguém que o mundo inteiro alerta sobre o risco da sua ascensão. New York Times, The Economist, Le Monde, El País, e tantas outras publicações. Muitas, inclusive, de cunho liberal, conservador. 

Mas, também, podemos estar prestes a fazer acontecer a maior virada que já se viu na história política do país. Uma virada não contra o Bolsonaro ou tudo o que ele representa. Mas uma virada contra as instituições que durante anos, colocaram a política e o debate político (sempre necessário) no lixo. Que apresentavam a política como algo sujo e os políticos, de uma forma geral, como corruptos, parasitas que não servem para nada.

Instituições e sujeitos (pois as instituições ganham vida pelas ações humanas) que naturalizam as relações sociais, como se as mesmas fossem produto de processos tais como a chuva que cai do céu ou a grama que brota da terra. 

O fenômeno Bolsonaro tem a ver com isso. Com a desistência da política, com a valorização da antipolítica, do "não debate", da ausência do contraditório, do "vamos ver o que acontece", do "se não for bom a gente tira". Do "cansei", lembram? E de muitas outras atitudes. 

Próximo domingo é o segundo turno do "Resto de Nossas Vidas". Diante das urnas iremos decidir quem governará o país nos próximos 4 anos. Sem ilusão alguma, sabemos que ganhe quem ganhar, temos muito o que fazer. Mas será muito melhor enfrentar "o desafio e o fardo do nosso tempo histórico" em pleno estado democrático de direito. Não é mesmo?

Que assim, seja!!!

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