quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Formação unificada em Educação Física

Diante das últimas e recorrentes ofensivas do sistema CONFEF/CREF, esse primeiro de setembro reveste-se de importância ímpar para todos os que defendem uma formação unificada em Educação Física.

Não podemos ter receio de politizar o debate nem, tampouco, baixar a bandeira desta formação unificada, contra a fragmentação do conhecimento historicamente desenvolvido na área.

Então, os professores que já estão há mais de dez anos no mundo do trabalho, não estão aptos ao exercício da profissão simplesmente porque um agente externo à Universidade diz que não? E a prática concreta desse profissional durante todos esses anos, não diz nada? Não informa nada? Que história é essa?. Iremos ficar a reboque do CONFEF/CREF? Até quando? É ele que vai pautar o conhecimento necessário de ser conhecido pelos professores da Educação Física? É sério isso?

Nós, professores e estudantes, precisamos de organização, estudos sistemáticos, recuperar o debate que foi silenciado por uma conjuntura imposta pelo fenômeno do "recuo da teoria" e dos "jogos de linguagens" próprios ao contexto de "esvaziamento e desvalorização do professor".

Precisamos, inclusive, incluir no debate a precarização da formação atual. "(...) nem os estudantes da Licenciatura e nem os do Bacharelado possuem uma formação que realmente traga elementos que contribuam para sua prática pedagógica". E pedagógico aqui não se resume ao âmbito da escola. Que fique bem entendido."Antes de sermos técnicos, instrutoras, treinadores, somos fundamentalmente professoras e professores. Reconhecer esse fato significa entender que onde estivermos atuando, estaremos (...) trabalhando com a formação humana, através e com as especificidades de nossa área, tratando pedagogicamente os temas da cultura corporal, seja no clube, nas escola, na academia, no hospital, no hotel, na praça, etc".

Lutar pela unificação da formação não significa negar conhecimento de nenhum campo de atuação. Queremos unificar não para privilegiarmos o conhecimento do campo "a", "b", ou "c". Mas para proporcionar uma compreensão ampla sobre os conhecimentos da fisiologia, pedagogia, biologia, filosofia, anatomia, sociologia, história, saúde coletiva, primeiro socorros, biomecânica, etc, etc, etc.

E não quero nem falar sobre o fato deste debate dividirem, também, os próprios professores e estudantes. Na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), por exemplo, esse fenômeno da divisão da formação já criou até adjetivações do tipo "pedagogentos" e "fisiologentos". O feudo dos que defendem a escola e dos que defendem a academia. Nada podia expressar maior reducionismo e esvaziamento do debate científico do que essas expressões, o que é preocupante no contexto da universidade que se baseia, entre outros, no desenvolvimento da ciência. 

Imbuído de argumentos científicos, devemos enfrentar o debate da formação do professor de educação física, contra as ingerências do sistema CONFEF/CREF. A luta é diversa. A prática social tem demonstrado isso e não podemos fechar os olhos para os fatos.

Portanto, as frentes de luta são mediadas pelo contexto do imediato (estratégia de filiação ao sistema para garantir a atuação e o direito ao trabalho - o que é um absurdo, pagar para trabalhar. Tem lógica isso?); mediato (o debate acadêmico, pautado pelo conhecimento científico, papel da universidade) e o histórico (expressão de um projeto de sociedade em que a fragmentação do conhecimento seja uma lembrança distante).

Esses momentos não devem ser compreendidos como etapismo. Elas se relacionam. O imediato, mediato e histórico têm determinações específicas mas, também, características que se interpenetram. Elas dialogam entre si.

Em um mundo do trabalho cada vez mais complexo, a fragmentação da formação é uma temeridade, além de significar o caminho mais curto para o desemprego ou o emprego precarizado.

Em síntese: a divisão é uma armadilha que nós não podemos aceitar. É um equívoco.

Por isso que, reiterando, esse primeiro de setembro que se aproxima é uma data ímpar para todos os que defendem a formação unificada. Lutemos, então!!!


(As citações presentes no texto fazem parte da cartilha de subsídios aos debates da Campanha Nacional pela revogação das atuais Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação em Educação Física (páginas 09 e 10), produzido pela Executiva Nacional de Estudantes de Educação Física - Gestão 2009-2010)

O que determinou o tempo de 24 segundos para o arremessos no basquete?

Eram 7.021 pessoas presentes no Minneapolis Auditorium, ginásio do Minneapolis Lakers, em 22 de novembro de 1950. O time era o atual bicampeão da NBA, a liga de basquete norte-americana, e enfrentava o Fort Wayne Pistons, que havia sido o vice-campeão da Conferência Oeste na temporada anterior. Os Pistons abriram um ponto de vantagem e o treinador Murray Mendenhall não teve dúvidas: mandou o seu defensor Ralph Johnson enrolar e segurar a bola pelo máximo de tempo possível.

As regras do basquete eram diferentes e não havia limite no tempo de posse de bola. Então, os Pistons ficaram praticamente o jogo inteiro tocando a bola de um lado para o outro da quadra. A torcida ficou impaciente e até mesmo os árbitros e os jogadores dos Lakers imploraram para que os visitantes tentassem anotar mais pontos. No fim das contas, a estratégia não deu certo. Os Lakers conseguiram fazer 3 x 1 no último quarto e viraram o jogo para 19 x 18, vencendo aquela que foi a partida com menor pontuação na história da NBA. Apesar da derrota, a tática foi considerada revolucionária para uns e terrível para outros: “Jogar dessa forma vai matar a beleza do basquete”, profetizou Johny Kundla, então técnico da equipe de Minneapolis.

Quatro anos mais tarde, a profecia de Kundla estava cada vez mais perto da realidade. O número de times da NBA havia caído de 17 para nove. Os jogos estavam cada vez mais monótonos e os times mais ofensivos estavam com dificuldades para dar velocidade ao jogo graças ao tempo em que os adversários passavam na defesa. Em uma reunião informal, envolvendo três apaixonados por basquete, surgiu a fórmula que salvaria a NBA do fracasso completo, como conta uma reportagem publicada pela Sports Illustrated, a principal publicação esportiva dos Estados Unidos.

Danny Biasone, dono do Syracuse Nationals (vice-campeão da temporada 1953-1954), Emil Baroni, responsável do Nationals pela análise das estatísticas, e Leo Ferris, o treinador, se reuniram em um boliche que também era de propriedade de Biasone para discutir o assunto. De posse de uma avalanche de dados sobre jogos, eles chegaram a um número mágico. Ao analisar as estatísticas, o trio concluiu que os jogos mais interessantes tinham em média 60 arremessos de cada time – ou seja, 120 arremessos ao longo de 48 minutos de partida. Aí ficou fácil: foi só fazer em um guardanapo a conta de quanto dava 120 dividido por 48 para descobrir que essas partidas tinham uma média de 2,5 arremessos por minuto. Ou um arremesso a cada 24 segundos.

A conclusão óbvia foi a de que, limitando o tempo de posse de bola a 24 segundos por ataque, os times fatalmente arremessariam uma bola a cada 24 segundos e todos os jogos teriam um índice próximo ao que o trio considerava ideal. O número não foi tão bem aceito de cara, pois uma corrente acreditava que os jogadores, sem ter consciência sobre o tempo de que ainda dispunham para concluir as jogadas, poderiam arremessar desesperadamente todas as bolas logo nos primeiros segundos. Foi isso o que aconteceu no primeiro teste da nova regra, em um amistoso promovido por Biasone reunindo jogadores universitários e jogadores do Syracuse Nationals.

A solução foi desenvolver um relógio para ser colocado no topo da cesta, o que ajudou os jogadores a se adaptarem à novidade e fez com que a regra fosse adotada. Mas outras falhas apareceram no caminho: em um jogo do próprio Syracuse Nationals, quando o tempo expirou, uma bola foi arremessada, acertou a tabela e voltou nas mãos de outro jogador do próprio time. A arbitragem não sabia dizer se o lance contava como um arremesso ou se a posse de bola da jogada anterior ainda não havia se encerrado, o que inviabilizaria a continuidade do lance. Uma reunião foi convocada para decidir a questão e concluiu-se que permitir que a bola fosse atirada deliberadamente na tabela para configurar uma nova jogada faria com que alguns times passassem toda a partida fazendo isso.

Consolidada, a regra logo foi aclamada pelo mundo do basquete. Quando foi adotada, na temporada 1954-1955, o recorde histórico de pontuação média por jogo havia sido registrado na temporada 1951-1952 e era de 83,7. Logo no primeiro ano com o shot clock a média foi de 93,1 e subiu progressivamente até chegar aos 118,8 na temporada 1961-1962 – até hoje este é o recorde histórico da NBA. A Federação Internacional de Basquete adotou a regra dois anos depois, em 1956, mas permitindo 30 segundos de posse de bola – apenas em 2000 a regra foi adaptada e se igualou à NBA.

O mesmo aconteceu com a WNBA, a liga feminina norte-americana, que surgiu em 1996 e adotou inicialmente os 30 segundos, reduzindo para 24 em 2006. No basquete universitário, o tempo limite só foi adotado em 1985 e era de 45 segundos, passando para 35 em 1993 e para 30 em 2015. O shot clock é tão importante para a história do basquete que em Syracuse existe um monumento dedicado a ele: trata-se de uma réplica do primeiro relógio usado na NBA.

(Matéria retirada do site Guia dos Curiosos)

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Venda de anabolizantes

Uma coisa é ser contra a maneira como uma determinada temática é abordada por um programa televiso como, por exemplo, novela. Outra coisa bem diferente é desconhecer os fatos.

Infelizmente, professores de educação física que trabalham em academia vendem drogas anabolizantes para quem quiser consumir no interior do seu local de trabalho e fora dele.

Óbvio que não são todos.

Nenhuma profissão está isenta de mal profissionais. Mas a maneira de enfrentar isso não é simplesmente repudiar o que foi retratado por uma peça da dramaturgia brasileira (em tese é obra de ficção) desconsiderando a realidade.

Sem nenhum critério científico, mas movido apenas por uma curiosidade momentânea, fiz uma "pesquisa" relacionada ao tema "venda de anabolizantes por professores de educação física" no Google e das 11 matérias que apareceram na primeira página, 08 retratavam o fato de professores comercializarem (para dizer o mínimo) drogas anabolizantes.

Essa polêmica que se criou em torno da trama global deve servir para reflexão profunda do nosso papel, ético e estético, frente aos desafios da nossa ação profissional.

Uma sugestão: que tal aproveitar a polêmica e tomando ela como ponto de partida, desenvolver uma pesquisa para investigar mais profundamente esse fato?