terça-feira, 31 de maio de 2016

Esporte e política: uma relação simbiôntica

O ano de 2013 foi muito rico em manifestações que tomaram às ruas do Brasil. Muitos também foram os fatores que impulsionaram essas manifestações: transporte público sucateado, defesa do “passe livre”, democratização da mídia, melhoria do espaço urbano, a questão da moradia entre outros.

“O gigante acordou” foi uma palavra de ordem que se ouvia. Há muito não se assistia a essas expressões de contestação no país que não tardaria a ser chamada de “jornada de junho” por àqueles que tentavam explicar o que realmente estava acontecendo.

Sem dúvida alguma, a oportunidade para tanto foi dada pela proximidade de um dos mais importantes megaeventos mundial: a Copa do Mundo. Ela não só foi a “chave heurística” que abriu a porta das contestações como foi, também, alvo da mesma.

O esporte assumia na época, mesmo a contragosto de muitos cronistas e comentaristas esportivos, uma dimensão ideológica como nunca antes se viu desde o processo de redemocratização do país. Ele ajudou a canalizar interesses diversos das classes e frações de classes que disputavam idéias, valores, opiniões e representações no interior do bloco histórico capitalista.

Isso não é novo no Esporte. Exemplos do seu envolvimento em questões políticas são vastos na história da humanidade. É emblemático o uso dos Jogos Olímpicos de 1936, em Berlim, para consolidar o pensamento germânico de supremacia da raça ariana. O que não ocorreu graças ao Jesse Owens. Os diversos boicotes aos também Jogos Olímpicos entre os países dos então blocos capitalistas e socialistas reforçam o nosso argumento.

E se consideramos esses exemplos supracitados sufocados pela poeira do tempo, podemos oferecer ocorrências mais próximas: a Gaviões da Fiel, torcida organizada do Corinthians, recentemente, saiu às ruas para contestar o monopólio de uma grande rede de televisão nacional.

A torcida do Santa Cruz, no final do mês passado, estendeu uma grande faixa chamando a Rede Globo de Televisão de “Golpista” e, mais recentemente, “Os Imbatíveis”, torcida organizada do Vitória, aproveitando da audiência do maior clássico do estado da Bahia, mostrou uma enorme faixa onde se lia “Não vai ter golpe”.

Esses e muitos outros exemplos demonstram, factualmente, que a relação entre o esporte e a política é simbiôntica. Tudo indica que um não vive sem o outro e vice-versa.

(O presente texto foi publicado, originalmente, no site do jornal Bw News no dia 06 de maio)