terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A escola e o legado esportivo

No mês de dezembro último, a revista do Brasil publicou uma matéria que embora contenha o entendimento questionável, de situar a escola como espaço de formação dos futuros atletas brasileiros, demonstra o quanto ainda temos que caminhar para fazer com que o cidadão, principalmente àqueles em idade escolar, tenha acesso a prática da cultura corporal.

A repórter Cida de Oliveira destaca, logo no início da sua matéria, na página 26, um dado, no mínimo, contraditório para um país sede de dois importantes megaeventos. Nos alerta ela que “No país onde haverá Copa e Olimpíadas, 70% das escolas não possuem quadra, professores suam para conseguir equipamentos e a Educação Física não tem espaço na formação de crianças e adolescentes”.

Essas linhas, que soam como denúncia, traduzem o que há anos vários pesquisadores da educação física/ciências do esporte fazem ecoar em diferentes fóruns da área. O espaço para o ensino da Educação Física na escola é insuficiente para qualquer um dos seus propósitos, independente da abordagem pedagógica definida para o desenvolvimento das suas aulas.

Seja na direção tradicionalmente entendida do ensino da educação física, como momento de desenvolvimento da aptidão física, passando pelas abordagens pedagógicas mais contemporâneas, com influência das ciências humanas e sociais, onde se situam principalmente a crítica-emancipatória e a crítica-superadora, o professor que quiser levar à cabo suas pretensões formativas, terá que se esforçar muito mais do que demanda a sua função docente para vencer a falta de estrutura, espaços e material adequado para suas aulas.

Há casos em que os professores, mesmo com os seus parcos salários, tiram do seu próprio bolso o dinheiro para compra de material pedagógico. Quando não, fazem da sua criatividade, elemento de transformação de cabos de vassoura em bastões, meia e papel em bola de todo tipo e tamanho. “Em Pernambuco, professores e alunos reformam redes velhas, inclusive de pesca, para cestas de basquete, traves de futebol e jogos de vôlei”. (p. 27)

Dados do Censo Escolar, divulgados pelo Ministério da Educação em 2010 e publicado pela reportagem revela a gravidade dos fatos. “72% das escolas de 1ª a 4ª série e 44% das que atendem da 5ª em diante não tem local para aulas de Educação Física. O quadro, que inclui as particulares, é agravado pela carência de cobertura, piso adequado, marcações, bolas, redes, cordas, bastões, traves, colchonetes e demais equipamentos essenciais para as aulas”. (p. 26)

Esta situação é muito pior no norte e nordeste do país, mas os centros mais desenvolvidos economicamente também evidenciam as contradições do país que quer se tornar potência olímpica nos próximos dez anos. Se no “Acre, há quadras em 5% das escolas estaduais de 1ª a 4ª série e em 20% daquelas que atendem a partir da 5ª” (p.27), “Em São Paulo, 20% das unidades estaduais que atendem as quatro séries iniciais não têm infraestrutura adequada”.

Se já não bastassem os problemas infraestruturais elencados, os docentes esbarram em concepções, no mínimo, obtusas de organização do trabalho pedagógico do professor de educação física. O entendimento do governo paulista, por exemplo, traduz bem isso. Para ele, “Os professores não precisam necessariamente estar no ambiente de uma quadra poliesportiva para que o conteúdo de Educação Física seja contemplado. Além das aulas teóricas ministradas em sala de aula, o professor pode levar o aluno a praticar diversas atividades físicas e perceptivas ao redor da escola”. (p. 28 e 29)

As atividades docentes fora da escola são tão fundamentais quanto no seu interior. No entanto, isso não deve ser fator justificador da carência de quadra poliesportiva nas escolas, que é tão necessária para a organização do trabalho pedagógico do professor de educação física, quanto insuficiente, dado o grau de desenvolvimento da disciplina nos últimos anos, que ultrapassa, sobremaneira, os aspectos da “atividade física e perceptivas” dos educandos. Nesse sentido, o “exterior da escola” não deve se resumir ao seu entorno.

Essas situações acabam refletindo na prática dos professores, limitando-a, não permitindo que o processo de democratização, apreensão e ampliação do universo da cultura corporal produzida pela humanidade, traduzida nos jogos, nas danças, nos esportes, na capoeira, nos malabares entre outros, chegue com todas as suas possibilidades e riquezas pedagógicas aos nossos educandos e educandas.

Fico aqui, fazendo minhas, as palavras do professor Roberto Simões, citado na matéria. “Para ele, pouco adianta o propalado legado de infraestrutura que os grandes eventos prometem. O que importa é a construção de um legado socioeducativo, do qual toda a sociedade se aproprie, e não apenas os atletas”. (p. 29).

2 comentários:

Anônimo disse...

Me chamo Clemente, e sou professor de educação física recém formado e com muito orgulho, gosto do que faço pois o aprendizado esta na prática onde realmente vivenciamos a os sintomas das diferenças socioculturais e em um verdadeiro laboratório fisiológico,no qual as praticas educacionais tendem em ser adaptadas por falta de área física pode e prejudicado o aprendizado do alunado e formando grupos sócias sem senso critico e cultural.

Anônimo disse...

BOM COMO MUITA PRIORIDADE QUE VOS DIGO QUE ALEM DE OS POLITICOS NAO ESTAR NEM AI PARA AS ATIVIDADES FISICAS. OS FORMANDOS EM ED. FISICA TANBEM TEM UMA GRANDE PARCELA DE CULPA POIS É DELES A INICIATIVA PARA QUE AS ESCOLAS SE DER MAS VALOR E ENTREM DE CABAÇA NA VONTADE DE FORMAR ATLETAS. AI PERDEMOS PRA CURSOS DE TUDO E NAO FAZEMOS NADA POR ISSO. TEMOS QUE POR PRA FUCIONAR TODAS AS MODALIDADES NA ESCOLA SE TIVERMOS QUADRAS PRA ISSO O NAO DEVOMOS FAZER COMO OS GAROTOS E GAROTAS TOMEM GOSTO PELO ESPORTES POIS SAO DELES A NOSSA VONTADE DE VER UM TIME JOGANDO BEM. NAO ADIANTA SÓ FICARMOS DISCUTIDO ISSO O AQUILO SE NAO FAZEMSO NADA PELOS ALUNOS. VAMSO TENTAR FAZER UMA REUNIAO COM TODOS DA AREA DA EDUCAÇAO FISICA PRA VER O QUE PODEMOS REEVIDICAR EM PRO DAS MODALIDADES DE QUADRA. EU SOU DO VOLEY. NAO TENHO ED FISICA MAS JA DOU AULA DE VOLEY A MUITO TEMPO E VEJO NAS ESCOLAS COMO É QUE FUCIONA A COISA DA-SE A BOLA E DEIXA O BABA ROLA POR ISSO NAO FAZEMSO ATLETAS. DIFERENTE EM CUBA QUE LA AULAS DE ED. FISICA TEM POR OBRIGAÇAO SAI ATLETAS PRA PARTICIPAR BEM DO CAMPIONATO ESCOLAR DE SUA CIDADE..ABRAÇOS E BOA SORTE AI NESTA LUTA.