domingo, 7 de fevereiro de 2010

A volta dos que foram

Início de temporada no mundo do esporte é sempre muito movimentado. Compra e venda de atletas, compra e venda de espaços publicitários, busca de patrocínios para as equipes, reordenamento ou, para ficar mais modernoso, reengenharia financeira, promoções para torcedores, briga por cotas televisivas entre muitas outras coisas. Todos esses elementos, em síntese, compõem o que se costuma chamar de mercado da bola.

Esse mercado, embora exista em todas as modalidades esportivas em maior ou menor ênfase, dependendo do desempenho histórico das equipes, é mais visível, em função da mídia de uma forma geral e, fundamentalmente, da televisão, no âmbito do futebol.

O jogador tal, que no início do ano de 2009 beijava efusivamente o símbolo do clube em que ele atuaria, beija, agora, em 2010, o símbolo de um outro clube, nada mais, nada menos do que o maior rival do anterior e acrescenta: desde criancinha eu sonhava em jogar por este clube.

Há inclusive àqueles que além de falarem e beijarem para agradar a torcida e os patrocinadores, não se fazem de rogado e até mudam a cor das tranças do cabelo. Se era verde e branco, sem nenhum constrangimento, pode muito bem passar a ser vermelho e preto, ora bolas, afinal de contas de quem é o cabelo? Do patrocinador, evidentemente.

Coisa de atleta que sabe fazer o marketing. Afinal de contas, esporte moderno é isso: apenas negócio. Não estamos de forma alguma, desenvolvendo uma reflexão saudosista, defendendo a volta de um tempo já muito distante em que o atleta, no caso aqui o jogador de futebol, se fazia em um clube e nele mesmo se aposentava. Como exemplo desses tipos temos atualmente no Brasil, coincidentemente, dois goleiros que jogam em times paulistas: Rogério Ceni (São Paulo) e Marcos (Palmeiras).

Eis que agora o mercado da bola apresenta um movimento bastante interessante: a volta dos que foram. Refiro-me ao retorno de jogadores brasileiros de futebol que foram vendidos para times europeus e que agora retornam. Ronaldo, Robinho, Fred, Adriano, Wagner Love, Roberto Carlos...



Saudades do feijão brasileiro? Dos gramados e estádios nacionais? Ávidos pelos gritos da torcida? Sei não. Segundo o que dá a entender a imprensa esportiva, existe nesses gestos um projeto sendo desenvolvido: o projeto copa da África.

Explico. Por não estarem indo muito bem nos seus respectivos times na Europa, alguns inclusive esquentando um outrora impensável banco de reservas, os empresários desses jogadores apostam tudo no retorno ao seu país de origem. Aqui, hipoteticamente, eles jogariam, teriam bons aproveitamentos nos jogos e chances reais em serem chamados para a seleção brasileira.

Na seleção brasileira, teriam, mais uma vez, o passaporte carimbado para jogar de novo na Europa, com contratos renovados e milionários. Seria o retorno dos que voltaram. Seria, também, mais uma temática para um novo texto. Aguardemos.

9 comentários:

Vicente disse...

Sei que a relação que eu vou fazer é estranha. Mas esta postagem me lembrou uma matéria que assistir uma vez na televisão sobre frutas e verduras. Nela as melhores frutas e as melhores verduras eram destacadas para exportação, ficando para o consumo dos brasileiros as nem tão ruim assim. Será que isso tá acontecendo com os jogadores também? E esta do baú, hem? Milhões por 15 medalhas. E faltam escolas, hospitais, casa, empregos, etc, etc...

PAULO KRAIDE PIEDADE (PAULOFILÉ) disse...

Prof. Wellington e Blogueiros...

Legal o tema...

Há um tempo atrás... se perguntado um garoto de 14 anos(com uma chuteirinha apertada, velha, precisando de outra, calção e camiseta únicos e descombinados, batendo bola na várzea) diria: "quando crescer vou ser jogador de futebol!". Esta situação, pós 70, quando os craques começaram a ficar ricos... Porém, hoje o garoto já fala o time da Europa que quer jogar... ouço isto diariamente de meus alunos. Tudo porque na década de 80começou a verdadeira "debandada" e com ela os problemas... dos mais simples (saudades do feijão da mamãe...)ao complexo conhecimento que se há de ter, para administrar os milhões de euros, porventura ganhos no esporte/futebol...Tudo isto gera no complexo comportamento humano alterações terríveis. No caso do feijão... às vezes levando a mamãe prá lá resolve, mas, a falta de estrutura para a fama é cruel...
Além disso, o Brasil, para se viver é o melhor país do mundo! Para quem tem dinheiro então, víííííííxe, como diriam vcs irmãos aí na terra boa. Portanto, na minha modesta opinião: Quem sai o faz só pelo dinheiro e os que voltam(com alguma base financeira) se dão bem, pois, já não dependem mais do quanto vão ganhar por aqui... às vezes nem se vão receber... aquela história, um finge que joga e o outro que paga!
Como saldo, fica em evidência e mais próximo do técnico da Seleção Brasileira... em ano de Copa isto é primordial ao atleta, porém, ganha também o torcedor que acaba resgatando seus ídolos!
Sei lá... é mais ou menos o que eu acho!!! A matéria é muito legal de debater... daria prá travar minha tendinite e não posso deixar isto acontecer...
Forte abraço!

PAULOFILÉ

Welington disse...

Vicente, a alusão que você faz é interessante. No entanto as frutas e as verduras que por lá chegam são consumidas sem risco de retorno. No caso do jogador, eles são consumidos, espremido todo o seu suco, para então, devolver o bagaço. Como o futebol brasileiro tá caindo das pernas, qualquer bagaço dá caldo. Veja o gol de letra do robinho. Estava assistindo o jogo na band e o comentarista neto disse: com este gol, o robinho já disse para que veio. Já valeu a contratação, o ingresso, e não precisa fazer mais nada. É mole? Até aquele gol o robinho tava jogando aquela bolinha. Mas como disse o Filé, disso tudo fica o lado bom que é ver os craques jogando nos gramados nacionais.

Welington disse...

Vejam o que pesquei no UOL esporte: a reestreia de robinho em números. Em síntese: se não tivesse feito o gol...huuummmm...o que estaria falando a imprensa esportiva?

A reestreia do camisa 7

Dribles: 0
Passes certos: 10
Passes errados: 1
Faltas recebidas: 1
Desarmes: 0
Finalizações certas: 2
Finalizações erradas: 1
Bolas perdidas: 3

Anônimo disse...

Pelé é o craque do século. Idolatrado nos quatro cantos da Terra. É o ídolo de ontem, hoje e amanhã ( a mídia tá aí para confirmar e reafirmar constantemente isso ). Pelé é o homem que não reconheceu uma filha durante toda a vida dela. É isso, o futebol tem a capacidade não somente de transformar pobres em milionários ( Ronaldinho, Ronaldinho Gaúcho, Robinho, Adriano, Roberto Carlos, etc ), mas também de santificá-los.
E para finalizar: tenho pena de Robinho, voltou para o Brasil para ganhar um salário tão mínimo hehehehehehe Pobre garoto.


Larissa

Welington disse...

Oi, Larissa. Quanto tempo, hem? Senti sua falta. Pois é. Entendi a sua veia irônica e aproveito para sinalizar o quanto de mistificação existe em relação a salário de jogador de futebol. Sabemos que a grande maioria ganha salário mínimo, quando ganha alguma coisa.

Vicente disse...

Acabei esquecendo de comentar sobre a montagem da foto do Vagner Love. Muito boa mesmo.

Vicente disse...

Acrescenta aí na lista o Cicinho. Depois de passar pelo Real Madri e Roma, o lateral direito tá de volta ao São Paulo.

Anônimo disse...

A maioria dos jogadores de futebol que ganha pouco deve se juntar aos professores, se bem que no futebol é possível ficar milionário, enquanto que na educação...


Larissa