sábado, 27 de fevereiro de 2010

Violência das torcidas organizadas

Esta semana mais uma vez fomos informados pelas diferentes mídias sobre atos de violência protagonizados pelas torcidas organizadas dos clubes de futebol do Palmeiras e do São Paulo. Um fenômeno recorrente.

No início deste ano, no mês de janeiro, repercutiu também, embora muito menos do que o evento desta semana em função do mesmo ter ocasionado a morte de pelo menos um torcedor, o confronto entre componentes das torcidas do Guarani e do São Paulo, na cidade de Jaguariúna, Campinas, pelas oitavas de final da Copa São Paulo de Futebol Júnior.

Entra ano e sai ano, basta começarem os campeonatos regionais para que mais uma vez e novamente, ocorram atos de vandalismos e barbárie entre torcidas rivais, expressos também, nas próprias letras dos cantos entoados pelos respectivos representantes.

Em um estudo publicado por Luiz Henrique de Toledo no ano de 1996, pela editora autores associados junto com a ANPOCS (Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Ciências Sociais), intitulado Torcida Organizada de Futebol, ler-se na página 66 que "Nos cantos de protestos e intimidação os palavrões são opostos e exprimem, de maneira jocosa, a passividade sexual e, em decorrência deste estereótipo, a subordinação e fraqueza tanto dos jogadores, dirigentes, árbitros, polícia, quanto dos torcedores adversários".

Ou seja, não sobra ninguém, nem tampouco limites para provocar, bater, maltratar e até matar quem quer que seja. Se você pertence a uma torcida rival ou mesmo está apenas usando a camisa do seu time de coração você é um inimigo em potencial e deve ser interceptado, molestado e eliminado.

Segundo Maurício Murad, sociólogo, professor da Universidade Salgado Filho em uma entrevista no ano de 1995, em um periódico que me foge a memória no momento, a causa dessas violências é mais de fundo estrutural, pois o Brasil é um país violento e chega ser ilusão achar que é uma nação cordial. Por ter sido o último país a abolir a escravidão, tornou o quadro social perverso. Portanto a situação histórica e social facilita a violência que ocorre tanto dentro como fora do estádio. Desde quando o campeonato nacional foi criado na década de 70, essa violência vem sendo recrudescida a cada ano.

Se concordarmos o professor Apolônio Abadio do Carmo que nos ensina que a violência no mundo capitalista, não é uma excrescência, um defeito, uma anomalia devido a falta de controle. Não é um acidente, é fruto natural e concomitante da opção filosófico-política que se fez, teremos que concordar que todas as medidas, tais como: legislação específica para crimes que ocorrem em praças esportivas, proibição do consumo de bebidas alcóolicas no estádio e arredores, proibição do funcionamento das torcidas organizadas, perdas de pontos da equipe cuja torcida provocar confusão, encarceramento de torcedores problemáticos durantes jogos dos seus times entre outras, são de cunho paliativos, já que não mexem, nem de longe, com a estrutura social perversa na qual nos encontramos.

São medidas repressivas, apesar de necessárias.

Outros fatores também são citados por Murad, estes de cunho organizacional: impunidade, falha nos ingressos dos torcedores ao estádio, sistema de transporte coletivo precário entre outros são motivos que também geram insatisfação e revolta dos torcedores, potencializando possíveis atos de violência canalizados para os rivais.

Diante do exposto, entendemos que a violência das torcidas organizadas é um fenômeno complexo, de difícil solução a curto e médio prazo. Potencializadas por mediações diversas, tem base organizacional como, também, na forma metabólica como a sociedade vem se organizando.

Como nos diz o jornalista José Geraldo Couto, na Folha de São Paulo de hoje, "Não há soluções mágicas para a violência entre as torcidas, mas "civilizar" as organizadas pode ajudar". Se pudermos ampliar o civilizar, sem aspas, não apenas as organizadas mas, sobretudo, as relações de produção da nossa existência, talvez o êxito tenha um maior alcance, já que a violência das torcidas organizadas é também uma expressão da violência que campeia os diferentes espaços das nossas instituições políticas, econômicas e sociais.

30 comentários:

Elson disse...

Ótima postagem Wellington!
As soluções paliativas, tanto no futebol, quanto em outros âmbitos, são as únicas permitidas pelo Capital. Mas vai inventar de discutir as raízes do problema (sociedade desigual → situação de violência → homem e mulher violentos → violência no futebol) para ver a reação contrária.
Mas para quem não se satisfaz com as aparências não deve limitar-se a aceitar estas "soluções".

Welington disse...

Pois é, Elson. E se você acrescentar outros elementos que só aparentemente não tem relação com os atos de violência em geral, como a impunidade aos torturadores dos idos de 64 e a "pizza" que se transformou o Plano Nacional de Direitos Humanos, entre outros elementos, entenderemos o quanto estamos longe de "solucionar" o problema. O Brasil é o único país da américa latina que ainda não abriu os seus arquivos relativos à época da ditadura militar.

Miralva disse...

Concordo com Elson. Ótima postagem e acrescento: super atual. Discordo de uma coisa. Embora Welington diga que não tem solução a médio e curto prazo eu tenho minhas dúvidas se tem solução também a longo prazo. Enquanto o esporte continuar sendo essa válvula de escape das nossas relações alienadas, ñ haverá solução alguma.

PAULO KRAIDE PIEDADE (PAULOFILÉ) disse...

Prof. Wellington & Blogueiros

O assunto é muito polêmico e complexo, porém, é uma "ferida" que tem que ser constantemente tocada, para que tenhamos uma pequena esperança de solução.
Participei de um trabalho nacional acerca do comportamento dos espectadores de futebol em 2006, na época vinculado à UNICAMP, pesquisamos "in loco" a estrutura dos estádios, a segurança requerida e principalmente, o comportamento das organizadas.
Não tenho formado o conceito que o fim das organizadas poderia extinguir a violência nos estádios. Entendo que o problema vai muito além, analisando-se a sociedade como um todo. A violência está no trânsito, nos lares, nas escolas, na favela ou nos "castelos", enfim, em todos os lugares motivada por um enorme desequilibrio social. Enquanto não tivermos maior justiça na "divisão das coisas", menos crianças morrendo de fome, mais espaços esportivos e menos penitenciárias, continuaremos expostos a toda essa gama de violência indiscriminada.
No futebol, pela exposição midiática, as manifestações violentas ficam em maior evidência...
Infelizmente também não vejo solução para o problema na academia... ou seja, enquanto não houver o envolvimento político, com ações eficazes para um maior equilíbrio social, não vejo possibilidade de solução à violência.
Como pode um cidadão que ganha um ou dois salários mínimos, aceitar ir ao estádio e ver o "cara" que ganha centenas(ou até milhares) de vezes o seu salário não "estar nem aí" com o resultado de um jogo que é a "vida" para alguns...
De quem é a culpa?
Uma bela "composição de forças" lideradas pela mídia, que, expõe a situação quando divulga ganhos de atletas, técnicos, etc... como se o sigilo da individualidade financeira de cada indivíduo não fosse importante. Quanto eu ganho? Quanto ganha o Prof. Wellington? Não interessa à ninguém, muito menos pode ser divulgado. Mas, as pessoas que trabalham com esporte tem suas vidas financeiras escancaradas à sociedade, que, "quebrada" revolta-se e transfere essa ira para o esporte, especificamente ao futebol que é a modalidade mais popular no Brasil.
Assim, quando tivermos maior justiça social, certamente teremos maiores condições de esperanças no bom comportamento dos espectadores de futebol.
Ainda por aí não teremos 100% de certeza no êxito dessa empreitada, pois, na Europa depois de muito esforço conseguiram acalmar os "hooligans", mas, vez por outra acontece uma catástrofe em campos de futebol. Aí já fica por conta da violência natural do ser humano, que, inicia a vida competitiva na corrida de espermatozóides, no ato da concepção e encerra na procura de uma vaga em um cemitério ou crematório, colocando um "apito final" no jogo da vida.
Resolver é muito difícil, mas, espero ter colaborado com os amigos emitindo minha opinião... que, serve de sugestão aos políticos também, embora meio incrédulo com a classe que, administra muito mais o "seu" do que o "dos outros"...

Forte abraço e boa semana...

PAULOFILÉ

Del Machado disse...

Caro Bam bam, concordo que esta violência tem sim estreita ligação com o modo de produção capitalista. Porém, acho quemedidas repressoras poderiam reduzir os ato de violência nos estádios. Tenho dito sempre na minha resenha(Toque de Bola - Rádio Maré FM 87.9, Paripe, www.marefm.com.br, Tel: 3408-5024), que enquanto o Ministério Público não tomar uma providência, isso vai continuar acontecendo. O problema é que a impunidade fortalece este contexto, e esses que cometem os atos de vandalismo e violência sabem disso. Aguardo a sua ligação para batermos um papo legal sobre este e outros assuntos, a nossa resenha vai ao ar de segunda à sexta do meio-dia à 01h da tarde. Gostaria de sugerir para o Esporte em Rede uma matéria sobre os out doors ambulantes(Uniformes) das equipes, não só de Futebol, como de outros esportes também, coisa que aliás, não ouço ninguém falar e sou veementemente contra o torcedora ou a torcedora ter que comprar o uniforme com a marca do patrocinador da equipe.
Um forte abraço.
Atenciosamente,
Delsuc Machado.

Welington disse...

Filé e demais.

Também não tenho respostas para o problema e nem foi isso que me motivou a escrever o texto. Reconheço, junto com você, que o problema é complexo, mas nem por isso impossível de entendimento. Buscar as determinações do fenômeno da violência é o nosso papel se queremos entender para transformar. Para tanto, torna-se imprescindível compreender o movimento do real em suas dimensões singulares e universais buscando desconstruir determinadas percepções que são frutos das relações alienadas do modo de produção em que pautamos nossa existência. Você consegue perceber isso ao dizer que “Enquanto não tivermos maior justiça na "divisão das coisas", menos crianças morrendo de fome, mais espaços esportivos e menos penitenciárias, continuaremos expostos a toda essa gama de violência indiscriminada”. Mas veja você, que contradição. E contradição aqui não é nenhum xingamento, nem tampouco, desmerecimento da sua reflexão, mas elemento revelador do processo que vivemos (eu, você, nós todos) enquanto ser que se relaciona no interior de uma sociedade capitalista, com presença de todos os seus complexos e mediações. Ao mesmo tempo em que você tem essa compreensão, você admite a violência natural do homem. O ser humano então se transforma, passa de sujeito do processo à objeto da natureza. Um impulso natural desenvolvido pela competitividade o leva a ser violento, impulso esse já presente nos espermatozóides e materializados na sua corrida frenética ao óvulo para ser fecundado. Além de confundir violência com competição, você naturaliza um fato socialmente desenvolvido. Veja a mudança que sofreu a sua explicação. Passou de sócio-histórica à naturalização dos fatos sociais, elemento tão caro ao positivismo. Com isso, não estou chamando você de positivista, nem desmerecendo sua reflexão, longe de mim. Tenho o maior respeito pelas suas considerações e se assim não fosse, me seria indiferente o seu raciocínio. Mas o mesmo nos dá condições de extrapolar o texto ao mesmo tempo em que não fugimos dele. Ampliamos assim os nossos horizontes, ou pelo menos, tentamos ampliar. Meus respeitos a você e obrigado pela oportunidade do diálogo. Estamos abertos.

Elson Moura disse...

Wellington e demais!!!
De fato "a solução" não se encontra de forma fácil. Achei legal o "leque de possíveis causas" que Filé coloca. Eu só queria acrescentar dois elementos:
1- Esqueci de colocar no meu comentário que violência, hoje, vende. Ou seja, existe toda uma indústria que ganha dinheiro com a violência. Em certos limites, portanto, ela é lucrativa. Para se ter uma idéia, Eduardo Galeano em seu livro "De pernas para o ar: a escola do mundo ao avesso", cita uma pesquisa Argentina e uma Brasileira (Cap. Curso Intensivo de Incomunicação). Na primeira uma criança Argentina assiste 1 cena de violência a cada 3 minutos. Na segunda (Rio) é uma cena a cada 2 minutos. Portanto, mais um elemento para debatermos.
2- Não posso deixar de concordar com Wellington sobre a naturalização da violência (competição, injustiça etc). Assim como Wellington respeito as opiniões mas penso que esta naturalização no impede de pensar a mudança. A história/antropologia/arqueologia nos vem dando lições de como vivemos ao longo da história: foram 290.000 anos em sociedade sem classe (coletores, asiáticas e comunismo primitivo); de sociedade de classes são 10.000 anos. Ou seja, a maior parte da nossa existência foi em sociedades sem opressor oprimido (economicamente falando). Por fim, hoje, a ciência já mostrar que não houve uma competição entre os espermatozóides; os que vinham atrás empurraram o da frente, OU SEJA., COOPERAÇÃO.
Abraços a todas e todos

Carlos Almeida disse...

Blogueiros...

Excelente postagem! Não tenho sombra de dúvidas que tais desdobramentos se dão em função do fato de que "a violência das torcidas organizadas é também uma expressão da violência que campeia os diferentes espaços das nossas instituições políticas, econômicas e sociais." Isso resume!

Aproveitando...aqui vou "catatônico" ainda com os valores\custos divulgados e a serem gastos na reforma da "nova" Fonte Nova cansada de guerra.

Estabelecendo ou tentando estabelecer um nexo crítico com este texto e com outros que trataram do assunto de desvio de prioridaes eu diria: Por quê cargas d´água a maioria dos sujeitos não percebem que há um tremendo desvio de prioridades por parte dos dirigentes detentores do poder ao passo que estes mesmos detentores do poder, por sua vez, fomentam um modo de produção onde as pessoas em sua maioria, alguns dos frequentadores dos estádios pertencentes a estas torcidas, cultuem\cultivem as "expressões de violência que campeam as diversas instituições" supra-citadas? É uma retroalimentação da barbárie, "né não?". Com fins óbvios!

O Ministério Público não resolve assim como as leis criadas neste sentido. Repressão por sí só não resolve!

O que resolverá então? Uma causa multifatotial requer uma solução também multifatorial que, como já fio dito, não se resolverá a curto prazo.

Forte abraço a todos...

Welington disse...

Delsuc Machado. Que grata surpresa você por aqui. Depois do que me falou na sexta-feira passada, pensei que nunca iria ter o prazer de ler um comentário seu. Que bom que repensou e deu sua importantíssima contribuição. Aliás, uma contribuição híbrida, rádio e blog juntos. Obrigado, obrigado e obrigado. Quantoa sugestão de postagem, muito boa e atualíssima, por sinal, já estou burilando. Inclusive, tem uns quinze dias que assistir uma matéria antiga com Zico e Maria Alcina. Na camisa do Galinho só tinha o número e o escudo do flamengo. Mais nada. Quanto a participar da resenha no rádio, terei o maior prazer. No mais, obrigado de novo pela alegria. Volte sempre.

Welington disse...

Elson e demais. Sem falar que em muitos casos, o espermatozóide que "chega em primeiro lugar", embora não tenha consciência disso, nem tampouco da propalada competição justificadora do ato de competir aqui fora pelos defensores do esporte de rendimento e/ou competição (nem todos pensam essa aberração, é bom notar), não tem força suficiente para romper a barreira do óvulo. Existe sim uma seleção natural no processo geral de fecundação, já que muito dos espermatozoides doentes e fracos não alcançam o óvulo, diminuindo o risco de má formação dos fetos.

Welington disse...

Carlos Almeida e demais. Uma possível resposta para a sua pergunta sobre "Por quê cargas d´água a maioria dos sujeitos não percebem que há um tremendo desvio de prioridades por parte dos dirigentes detentores do poder...?" diz respeito aos processos de alienação que todos nós, indistintamente, sofremos por viver em uma sociedade que precisa disso para poder se reproduzir. São esses processos presentes nos diferentes sistemas de complexos (escola,igreja, mídia, família, etc) e que atuam por diferentes mediações que potencializam as ações que favorecem o capital. Evidente que isso não se dá sem resistências e nem tampouco é um processo mecânico, mas na correlação de forças, quem rema contra a maré e tem menos remos e gente para remar, acaba indo em direção a cachoeira junto com a canoa. Mas aí vem o vento, alçamos as velas, e continuamos a remar...

Welington disse...

Delsuc, esqueci de dizer que o Paulo Filé também é comentarista de futebol pela Rádio Difusora de Piracicaba - AM 650 Khz. Vocês podem trocar umas idéias. Que tal, Filé?

PAULO KRAIDE PIEDADE (PAULOFILÉ) disse...

Prof. Welington & Blogueios.

Obrigado pela atenção à minha linha de raciocínio...
Que satisfação poder estar paraticipando de um debate de tão alto nível, com ponderações sobre minhas opiniões por pessoas de uma cultura diferenciada.
Quem sabe a influência de nossos diálogos possa extrapolar nossa dimensão e sirva para evoluir o comportamento humano... este é um dos meus propósitos de vida, acredito que o bem sempre terá uma chance de vencer o mal, pois, se assim não o fosse, não teria sentido viver...
Fico muito grato pela sua atenção professor e ela me leva à uma reflexão mais profunda ao emitir minha opinião.
Quanto ao trocar experiências com o Delsuc, excelente idéia e uma honra para mim, essa relação cultural com um "irmão da Terra Boa" (que, ainda não conheço, mas, pretendo, para poder cantar: "Ai mas que saudades tenho da Bahia..." do grande Dorival).
Meu e-mail: paulokpiedade@yahoo.com.br, o BLOG : paulofile55@blogspot.com e o site da Difusora (www.rdifusora.com.br - nos dias de jogos do XV), também são "pontos de encontro" que podem nos aproximar. Vamos nessa...

Forte abraço

PAULOFILÉ

Carlos Almeida disse...

Coma licença dos blogueiros...


Meu caro Filé [Não que a carne de Filé seja tão cara, sendo que ela o é(risos)]

Ora, ora, Filé, por muito pouco, mas muito pouco não estou trabalhando aí em Piracicaba, na Prefeitura, este ano. Meu irmão de Americana (Cléo Almeida) me encaminhou o convite!Vc deve conhecer meu irmão que é ex-atleta e Técnico do Time Feminino e Masculino de Basquetebol de Santa Barbara D`Oeste (SBO).

Bom saber que vc está por Piracicaba.

Tenho diálogo com a Natália Gonçalves, colega da área de conhecimento da Educação Física e que fez especialização pela Unicamp e faz parte do Grupo de Estudos do Marcos Neira na linha dos Estudos Culturais e comentei ao seu respeito. Estamos tentando escrever algo juntos.

Conheço bem Piracicaba nos meus idos de atleta be basquetebol quando então atleta do Time Juvenil Masculino da Minercal de Sorocaba. Joguei Abertos por aí tb.

Essa teia virtual nos aproxima! Bom tê-lo por aqui! Gosto sempre das suas intervenções.

Forte abraço!

Carlos Almeida disse...

Professor Welington e demais...

Um dia, ao passo que me apresentava uma série de demônios daqueles dos bons, em uma de suas aulas, um certo professor falava efusivamente a sua turma ilustrando com o desenho animado "Tundercats" a respeito da necessidade de, como preconizara uma certa "espada de Tundera", do então protagonista do desenho "Lion" a respeito da necessidade de "termos a visão além do alcançe", nos dando nítida e clara ilustração relacionada a necessidade de despertarmos para a o amadurecimento\entendimento superador\emancipatório e estabelecermos os nexos críticos com a realidade, ante a um discurso\modelo\estereótipo de Educação, Educação Física e de mundo. Não é em tom nostalgico mas sabemos, eu e o professor, que daquele momento até hoje muito se passou. Sou-te grato como um aprendiz deve ser ao seu mestre.

Suas falas não de deram somente velas! Elas me deram asas. Muito embora hajam as circuntãncias assim como as marés que nos impulsionam rumo a cachoeira ou como um pássaro aprisionado, engaiolado, porém, com asas... um dia haveremos de alçar vôos, lancemos as velas...

Vamos em frente!

Anônimo disse...

rsrsrsrsrsrsrsrsrsr gente, eu fico bege com vocês, os comentaristas do blog, pois vocês têm uma capacidade de começar no campo de futebol e de terminar no útero sem perderem a coerência em momento algum. É incrível como vocês conseguem cobrir todos os lances do assunto sem opção de gol contra. Isso que eu chamo de jogar em equipe: quando alguém não tá bem, sempre tem outro alguém para ajudar e assim ganha-se um campeonato. Eu, como leitora assídua e comentarista medrosa ( morro de medo de fazer um gol contra, mesmo jogando em equipe), presto bastante atenção no contéudo dos artigos e dos comentários, mas também presto atenção na forma como vcs desenvolvem o assunto: de maneira singular, criativa e com fundamento. Eu até já consigo perceber a autoria de alguns comentários sem precisar ler o nome da pessoa. Enfim, tô fugindo do assunto só para dizer que todos estão de parabéns pelas excelentes participações. Eu sempre dou uma "acessada", mesmo sacrificando um pouco o meu sono rsrsrsrsrsrsr

Glória

Obs: Tá vendo Wel? Tomei coragem e tô saindo do anonimato. Espero não ter uma recaída rsrsrsrsrsr

Welington disse...

Filé, estamos na mesma trincheira. Talvez com fuzís diferentes ou até sem fuzil algum, mas entrincheirados lado a lado procurando melhorar as coisas, tornar esse mundo humanamente habitável, possível de competir sem encarar o próximo como um inimigo, coisas que acontecem até nos nossos momentos de lazer, onde reproduzimos, compulsoriamente, o esporte de rendimento. Como me relembrou o Carlos Almeida, sobre o exemplo que dava do desenho Tundercats, é necessário desenvolver uma visão além do alcance, para que não percamos a coerência teórica e prática que, como disse minha professora e amiga itabunense Glória, exercitamos aqui com uma certa maestria. Só ressalto que a luta é mais ampla e deve transcender esse espaço, pois concretamente ela se processa no chão da escola, nos partidos, nos sindicatos, nos movimentos sociais enfim, nas nossas capacidades de mobilizações na luta concreta do dia a dia. Obrigado à todos por fazerem desse espaço um lugar de debate, reflexões, críticas e de exercício das nossas leituras e práticas de vida. Sigamos.

PAULO KRAIDE PIEDADE (PAULOFILÉ) disse...

Pessoal

Estou surpreso!

Muito legal o "ambiente" criado pelo BLOG... sinceramente, me emocionam depoimentos como os da Glória, muito sutil ela se insere na galera de forma a ser mais uma "engrenagem", com o charme da "pitada" feminina, indispensável em todos os momentos.
Além disso, meu caro Carlos, não só conheço seu irmão "grande" Cléo (em todos os sentidos), bem como, ele já foi professor do meu filho e minhas duas filhas no Colégio Politec em Americana (onde resido há 30 anos). Paralelamente, minha escola de futebol já fez uma mini pré-temporada no Recanto Sal(conhece?) na década de 90, foram momentos muito legais, estávamos indo para uma competição e o local nos deu as condições que precisávamos para unir nosso grupo e aprimorarmos os treinamentos... enfim, estamos mais do que ligados, "êta mundo véio sem porteira"(como dizemos aqui no interior paulista) pequeno como a palma da mão... nada difícil na sequência dos diálogos surgirem outros "links" de ligação pessoal, tal qual Carlos-Paulofilé-Cléo, fantástico!
Vou me comunicar com o Cléo ainda hoje, passar o indicativo do BLOG à ele (para não ter que contar toda a história) e quem sabe, colocá-lo em nosso "papo de bola"...

Fico muito feliz com essas grandes coincidências da vida!!!

Forte abraço à todos e vamos em frente!

PAULOFILÉ

Elson Moura disse...

Grande Wellington!!!
Bem lembrado a citação sobre e seleção natural no período de fecundação. Grande problema é quando estendemos esta seleção para todos os espaços, a partir do momento em que o ser humano torna-se um ser social.
Certa vez, em uma aula de Met. do Ensino do esporte I, um bom aluno me disse que podemos basear a competição natural entre os homens, pelos animais. Ele deu um exemplo de leões brigando por conta de apenas um cervo.
Duas foram as respostas: 1- uma mais lúdica quando disse que se era para naturalizar os seres humanos (ou animalizá-los) então propus que todos tirássemos a roupa e começássemos a cruzar ali mesmo na sala (ora, um cachorro faria isso numa boa). 2- a outra foi colocar que o ser humano tem a capacidade de desenvolver as forças produtivas a um certo padrão que não há a necessidade de disputa por comida (como faz o leão do exemplo). É sempre bom restaurar o que Tarcisio Vago nos disse uma vez em sala, na Pós da UNEB: temos a possibilidade de hoje, produzir comida para alimentar 9 bilhões de pessoas; somos apenas 6 bilhões. Ou seja, temos um problema de distribuição.
Aquele abraço e ratifico os parabéns que está recebendo pela postagem e pelo blog.
FORÇA NA LUTA CAMARADAS...ELA É DURA, MAS É PARA VENCER!!!

Carlos Almeida disse...

Caro Filé (sem trocadilhos desta vez, rsrsrs)

Com a licença dos demais blogueiros quero te dizer que não só conheço o Rercanto Sal como já organizei Acampamentos lá junto com os demais (Rogério, Fernando Camargo, Bira etc) com as equipes norte-americanas de basquete masculino, feminino, luta-livre etc, viajando por todo estado de São Paulo muito antes do Cléo pensar ou sonhar em morar em Americana, na época em que passei na FEFISA e na primeira fase do vestibular da Fuvest pra Ed. Física. Anos atrás!

Que mundo pequeno heim?

Abração

PAULO KRAIDE PIEDADE (PAULOFILÉ) disse...

Carlos & amigos do BLOG

É muito legal quando acontece essas coincidências na vida da gente e eu tenho certeza que não são por mero acaso... nem foi por acaso que surgiram as tecnologias,a energia elétrica, o telefone, a internet, etc... aí a gente consegue este tipo de contato...
Quem sabe um dia, a galera do BLOG se reune aqui no Recanto Sal, vamos "armar" meu caro Carlos... vale a pena conferir, concorda?

Já mandei um e-mail prô Cléo contando o fato... estou aguardando retorno.

Forte abraço e vamos nos ver qq hora, ou rever sei lá... aqui ou aí, tudo uma questão de combinar...

PAULOFILÉ

Welington disse...

Que tal exercitarmos um pouco mais nossas capacidades analíticas? Tenho uma pergunta. Lembrei-me que na época em que as torcidas organizdas foram criadas, vivíamos em um período de ditadura militar explícita. O espaço das organizadas era uns dos poucos em que os jovens podiam extravasar, expressar suas ansiedades, angústias, esperanças, etc, etc no interior de um sistema cada vez mais opressor. A ditadura "acabou" e a violência das organizadas continua. Por que? Tá aberta a discussão.

Elson disse...

Opa!!! O negócio apertou!!
Não sei se tem relação, mas vamos aos fatos. Também o Comando Vermelho teve origem no período de Ditadura Militar. Naquele momento, a fim de sucumbir os movimentos contra hegemônicos, os militares colocavam na mesma cela, presos políticos e presos comuns. O que aconteceu, ao contrário do que pretendiam os militares, foi que os presos políticos organizaram os presos comuns para reivindicar melhores condições dos presídios. Acontece que, ao fim do período de ditadura clara, o CV passa a se organizar como uma facção criminosa deixando de lado (pelo menos prioritariamente) as questões sociais em pró de um coletivo.
Não seria este o mesmo movimento que aconteceu com as torcidas organizadas?
Mesmo hoje, tendo aparecido pela violência, algo de subversão (no sentido positivo da palavra) ainda existe entre as organizadas. Sei de torcidas como a do Inter e do Corinthians que ainda se organizam para discutir e reivindicar sobre assuntos do coletivo.
Boa questão.
Abraços a todas e todos

Anônimo disse...

Filé, gostei da sua ideia de reunir a galera do blog. A comunicação através do mundo virtual é muito legal, mas nada substitui o cara a cara. Então, vou lançar uma torcida organizada ( achei interessante a questão levantada por Elson em relação às torcidas que se organizam para reivindicar assuntos da coletividade - é necessário colocar tais torcidas na mídia também ) do Esporte em Rede para concretizar tal encontro rsrsrsrsrsrsrsrsr

Anônimo disse...

Esqueci de colocar meu nome: Glória

Welington disse...

Elson e demais. Emblemáica a associação quanse imediata que você faz com o comando vermelho (CV) quando procura responder a questão que levanto sobre o por que continua a violência entre torcidas em suposto momento democrático. Hoje pela manhã, entrevistei uma ex-participante da BAMOR. Atualmente lutadora de Jiu-jitsu, ela integrou a BAMOR do sexto distrito. Segundo ela, as torcidas organizadas atualmente estão cheias de assaltantes, traficantes etc e as mesmas transcendem a idéia de torcer para o time. Vou tentar transcrever a entrevista para postar a mesma ainda nesta semana.

Carlos Almeida disse...

Blogueiros!

Ao analisar as colocações do professor Welington afim de aprofundarmos as discussões creio ser fundamental entendermos "o metabolismo" e o contexto em que se dá a existência das torcidas organizadas no período ditatorial da história da sociedade brasileira assim como a forma que a mesma se configura nos nossos dias atuais. Longe de deter a competência do entendimento amplo de como se davam estas manifestações bem como esta se dá nos dias de hoje o que eu posso dizer vem em direção ao fato de que no perído da ditadura militar era do interesse dos militares promoverem espetáculos "saudáveis" que enaltecessem a condição atlética como veia de disseminação ideológica do regime ou do "men sana in copore sano" cartesiano (Não podemos nos esquecer que a Educação Física associada diretamente ao esporte surgiu com os militares), conjugados ao sentimento de patriotismo e de torcida com fevor, famílias iam aos estádios pelos escudos do clube, assim como haviam as que iam as ruas ou domingos de lazer etc, que, desviando a atenção da população para os problemas radicais de nossa sociedade e a ditadura de então, a restrição a liberdade e aos direitos civis (entre eles, o direito de expressar-se de forma democrática) passavam um cenário\paisagem de tenra tranquilidade, harmonia e ordem (Ordem e Progresso), dentro de um Controle Social exercido de cima (militares) para baixo (população civil).

Passados os anos e com o fim da ditadura militar as torcidas organzadas continuaram associadas a paixão pelo escudo do clube mas perdeu a contenção dos que neles estão incutidos e a ideologia a ser disseminada, tomando estas torcidas rédias próprias, compostas em sua grande maioria pessoas de classes consideradas não tão nobres que teriam tempo e disponibilidade (muitos inclusive fazendo disso fonte de renda) não mais por prazer ou forma de disseminação ideológica político partidária ou instrumento de controle social, mas associadas a extravasão ou extravasagem das mazelas contidas no sub-mundo de uma faixa social oprimida, abandonada, deixada a seu léu. A violência por elas emanadas eclodem de um epicentro muito complexo que resie no interior da propria sociedade violenta, desassistida, abandonada, oprimida. Um grito de clamor, de amor pelo clube e de revolta ou e dor, quando esse mesmo clube nao corresponde. Aqui já não há mais o "controle social" ditatorial e a pseudo-liberdade é que impera. Pseudo-liberdade essa que não mede limites e que é capaz, inclusive, de matar o torcedor do time oponente, como que tal absurdo pudesse, de alguma forma, devolver-lhe ou amenizar a derrota adquirida e a que fôra exposta, submetida!

Corrigam-me por favor, pois fui comentando a partir do lastro adquirido em alguns textos, obras as quais não me recordo a fonte exatamente neste momento. O livro Esporte e Mídia é um deles.

Forte abraço!

Carlos Almeida disse...

Prof. Glória!

Concordo com a possibilidade de nos encontrarmos, pra comer akele churrasco na casa do Filé (risos) ou então o Filé vir comer um acarajé aqui conosco!

Como disse anteriormente, decepcionado como estou com a Educação Pública e com os baixos salários na Educação aqui da Bahia, por muito pouco não migrei pra o Estado de São Paulo, mais uma vez, por sinal. Espero ainda estar por aqui se esse encontro se concretizar!

Se rolar esse encontro eu tou dentro!

Quero socializar também que estou no grupo de estudos\lista de discussão vinculada ao Grupo de Estudos em Educação Física Escolar da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, onde o objetivo central dessa lista é dar continuidade as discussões e aos debates iniciados no decorrer dos encontros do referido grupo.

Forte abraços a todos!

Welington disse...

Um dos poucos espaços onde se podia expressar seus sentimentos, as torcidas organizadas tal como as conhecemos hj, surgem juntamente com o nascimento do campeonato nacional. Naquele momento, 1970, a paixão por determinada agremiação ainda não estava tão desenvolvida. Com o passar do tempo, vitórias e derrotas ocorrendo, o sentimento de indentidade entre o indivíduo e seu clube do coração se amplia. Com o passar do tempo, juntamente com o processo de redemocratização do país (há controvérsias, evidentemente), as promessas do poder público não atendidas passam a gerar uma frustação e revolta, elementos que são canalizados em direção ao oponente mais próximo, seja o árbitro, seja os torcedor rival. Com a complexificação da sociedade e ampliação das desigualdades, injustiças e falta de oportunidade, as torcidas organizadas se hibridiza, tendo como componente agora não apenas o torcedor devotado ao seu time do coração mas, também, sujeitos que estão à margem da sociedade e tem no seu interior, oportunidade de reconhecimento pelo que tem de melhor: a violência. Quanto mais violento, mais apaixonado pelo time, mais respeitado pelos seus pares. No anonimato característico das ações de massa, o sujeito torcedor ou não, ou os dois (torcedor e marginalizado) exacerba suas ações, extravasando todo o ódio nutrido pela falta de oportunidade e pelo sentimento de derrota na vida e no campo, reverberando inclusive para os próprios jogadores do time do peito, quando os mesmos são alvo das críticas violentas, com até promessa de morte por parte de membros graúdos da torcida organizada, com invasões dos treinamentos, etc, etc. Eis a minha "teoria".

PAULO KRAIDE PIEDADE (PAULOFILÉ) disse...

Pessoal,

Dei uma "sumida" por conta de alguns compromissos e impossibilidade de tempo em postar comentários... mas, sou favorável ao nosso possível encontro, seja onde for... vamos amadurecer a idéia...

Forte abraço

PAULOFILÉ