domingo, 2 de agosto de 2009

Stock Car


No próximo final de semana, precisamente no dia 09 de agosto, teremos em Salvador uma das etapas da Stock Car brasileira, o Grande Prêmio Bahia de Stock Car. Será a segunda vez que a capital baiana sediará uma competição automobilística deste nível.

Em novembro de 2005, precisamente no dia 20, tivemos, na Cidade Baixa, ao lado da Baía de Todos os Santos, a Fórmula Renault conjuntamente com a Copa Clio. Naquela oportunidade Salvador se configurava como a primeira cidade do Nordeste a sediar estas provas automobilísticas, denominadas de Renault Speed Show by Tim.

Este ano, Salvador desponta também como primeiríssima, agora não apenas do Nordeste, mas nacionalmente, ao realizar a competição da Stock Car no formato de circuito de rua. Esta façanha só foi possível graças ao empenho da presidente da Federação de Automobilismo da Bahia, Selma Morais, que contou com o apoio tanto de Wagner (Governador) como, também, de João Henrique (Prefeito). E olha que isso se deu quando os dois ainda estavam (como ainda estão) no imbróglio em relação à candidatura para o próximo governo da Bahia.

Em 2005, o prefeito João Henrique assim se pronunciou no Site Oficial de Turismo da Bahia: “Nos próximos cinco anos teremos a Fórmula Renault em nossa cidade. É um evento que gera milhares de empregos e que ainda vai divulgar Salvador para o mundo, visto que a prova também será transmitida para Portugal e Espanha”.

Ledo engano. A prova ocorreu em 2005 e fim. Nada aconteceu em 2006, 2007 e 2008. Agora em 2009, teremos a Stock Car, que é uma outra competição, sem relação nenhuma com a Copa Renault que, aliás, era da Tim, e a do dia 09 de agosto é da Nextel.

As telefonias estão em alta!!!

Estão em alta também os valores dos ingressos. Mas uma vez, sobrarão para os “de baixo”, guardarem os carros dos “de cima”, que desembolsam R$ 80,00 (arquibancada inteira) a R$ 120,00 (setor da rotatória) para assistir ao evento que, também, assim como a Copa Renault, tem promessa para ocorrer durante cinco anos seguidos.

Todo esse empenho dos governos (estadual e municipal) visa atender a um projeto maior existente no setor de turismo e que objetiva criar eventos que transcendam o carnaval e que mantenham o fluxo turístico na capital fora do verão, o que consideramos extremamente positivo, muito embora continuemos considerando as ações extremamente seletivas e fora de um contexto mais abrangente de uma política pública de esporte e lazer mais “inclusiva”, socialmente referendada pois, até onde sabemos, a ideia de uma competição deste nível saiu das cabeças iluminadas de poucos que continuam achando que o dinheiro público deve servir para patrocinar eventos que beneficiem apenas uma ínfima parcela do público.

Aliás, falando em dinheiro público e de automobilismo lembrei-me, com auxílio do José Arbex Júnior, de que estamos financiando a General Motors (GM) que, em função da crise financeira, foi estatizada recentemente. 60% de suas ações passaram ao controle do Estado, tornando-se, portanto, propriedade dos Estados Unidos. Como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) "é um dos principais financiadores da GM do Brasil (...) nós, contribuintes, passamos a financiar, via bancos estatais, ninguém menos que o governo dos Estados Unidos. É mole? E os especialistas tampouco informam que a sobrevida da GM e de outras montadoras no Brasil deve-se à renúncia fiscal, que significa subtrair fundos para obras públicas, educação e saúde (...)".

E ainda tem gente que tem a cara de pau de dizer, em alto e bom som, como fez o senhor Pedro Paulo Diniz, da PPD Sports, empresa promotora e organizadora do evento de 2005, a Copa Renault, de que "Salvador, com certeza, vai ser nossa Mônaco (principado às margens do Mediterrâneo) brasileira”.

Resta saber se quando ele diz "nossa" ele está se referindo aos guardadores dos carros nos estacionamentos ou aos que assistirão da arquibancada a corrida da Stock Car. Alguém tem dúvida?

5 comentários:

Anônimo disse...

assombroso como ainda haja quem discuta a importância "para a população da cidade" de um evento tão elitista e seletivo como este.

Plínio Gentil disse...

Excelente o artigo sobre cobertura de jogos de futebol pela TV brasileira, do Bruno Padron, no www.vermelho.org.br
Abraços a todos os amantes do esporte, infelizmente presos à ditadura da comunicação.

Unknown disse...

Lamentavel! Não tenho nada contra aos eventos acontecerem aqui na nossa cidade. Acho maravilhoso inclusive. Seja para eleite ou para a população menos favorecida. O que sou contra é o governo desembolsar 5 milhões para este evento num momento em que o Estado deve até o ultimo fio de cabelo às empresas prestadoras de servoços, inclusive as que oferecem servidores para nossas escolas. As mesmas estão em ruinas, sujas, infiltradas, uma decadência. Faltam professores em toda a rede. A exemplo da Escola Raymundo Gouvêia, em Castelo Branco, onde o muro caiu, a infiltração tomou conta, a rede elétrica dando curtos e mais curtos, não tem papel suficiente para fazer as provas. varios focos de mosquito transmissor da Dengue foram encontrados,e uma aluna foi internada com dengue emorragica. Esse é meu lamento. Se nada disse tivesse acontecendo. Se tudo estivesse na mais perfeita ordem. Ou se esse evento tivesse uma arrecadação para angariar fundos para educação, etc.. Pode acotecer Stock Car sempre. Para elite ou não!
Abraços
Lu Moraes

Elson Moura disse...

Olá Welington, Lu Moraes e demais colegas!!
Talvez se tivermos o entendimento de que o dinheiro que vai para Stock Car, faz falta à escola Raymundo Gouvêia, teremos tudo contra o evento.
Para além disso, se tivermos o entendimento de que nossa luta é justamente contra um mundo, país, estado etc onde persista a existência de elite e população menos favorecida (ou seja, luta de classes antagônicas), teremos tudo contra este modelo.
Só para reflexão!
Forte abraço todas e todos!!
Continuamos na luta por que ela é para vencer!!

Welington Silva disse...

A proposta de reflexão de Elson é interessante e permite considerar que não se trata de "ser do contra", como muitas pessoas falam quando insistentes argumentos críticos são direcionados para um mesmo fenômeno, como é o caso do nosso Esporte em Rede.
O que se coloca de forma central é o direcionamento que se dá ao que é público. O dinheiro que está indo para o evento é sim, dinheiro público. Sem falar de toda a infraestrutura de pessoal e segurança, por exemplo, que com a situação específico em relação ao momento de estado de greve que vive a polícia pode tornar mais caro ainda o orçamento previsto anteriormente.
O fato concreto é que as questões básicas não estão sendo implementadas com a mesma celeridade e competência em relação a outros eventos sociais e nós, que subsidiamos o Estado através de um pesado imposto não estamos sendo consultados sobre a direção que está sendo dada ao nosso suado dinheiro. Sabemos, perfeitamente, que isso só será possível em um outro marco regulatório do modo de produzir a vida que não o capitalista, essencialmente destrutível e egoísta. Mas precisamos forçar a barra para que isso se materialize, em um nível aproximado a um outro projeto histórico de sociedade: o socialismo, fase de transição para a sociedade verdadeiramente humana, o comunismo!!!